Parte 1

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Deve ser por volta das onze da noite quando escuto a porta sendo aberta. Não me dou o trabalho de ir correndo até lá, então ele chama meu nome pelo apartamento alugado e me encontra na cozinha, equilibrando nas pontas dos pés para alcançar um pacote de macarrão instantâneo que estava na parte de cima do armário.

— Você demorou muito. — ralho sem olhá-lo, ainda concentrado na minha missão.

— Não comeu nada, não foi? — pergunta encostando seu corpo atrás de mim para tirar o macarrão do armário. Seu cheiro invade minhas narinas até preencher meus pulmões.

Por que sua presença sempre me desestabiliza? Sou um fraco por me deixar abalar por tão pouco. Culpa dele por ser um provocador nato... ou sou apenas um idiota afetado demais que vê conotação sexual em tudo que o moreno faz?

— Aish... O que está fazendo? — engulo em seco quando a pelves dele sem querer encosta na minha bunda.

— Esquece isso, Minnie. O que você quer para o jantar, hum? Posso pedir pelo aplicativo. — pergunta com a voz entediada, jogando o pacote em cima do balcão de mármore. Abro a boca indignado para protestar, minha barriga roncou horrores de tanto beber água preso aqui. — E não se preocupe, ninguém vai nos ver. Peço para o meu motorista pagar o entregador e vir deixar a comida aqui na cobertura. — emenda, se encostando na ilha que divide a cozinha da sala. —Pode ser qualquer coisa. É  uma forma de me redimir com você, lindo.

— "Lindo". — bufo, revirando os olhos e cruzando os braços na frente do peito.

Estou mesmo puto de raiva.

Se tem uma coisa que me deixa de mal humor é ficar com fome e Jungkook sabe bem disso.

— Vamos lá, me desculpe, neném. Jurava que meu agente tinha abastecido a geladeira. Desculpinha?  — me bajula com a voz manhosa, depois suspira. — A reunião com a nova equipe demorou mais do que previa. Aigoo... — entorta a cabeça, massageado o pescoço. Sei que ele está cansado depois de um dia cheio, mas não consigo desfazer a cara emburrada. — Hum, não faça esse biquinho. É ilegal, você fica mais fofo assim. — chega mais perto para tocar minha cintura, porém desvio arisco. — Gostei dessa cor vermelha no cabelo. Te deixou mais sexy. Um sexy fofo... Se é que isso seja possível. — devaga.

— Quer mesmo saber o que quero comer, Jungkook? — ele assente esperando eu concluir. — Esse pacote aí. — respondo, mordendo meus lábios ao apontar para o volume adormecido em suas pernas.

Ele estreita os olhos analisando meu comportamento, entretanto não diz nada.

E isso me irrita mais.

— Mas posso trocar sua "linguiça" por um hambúrguer com batatas fritas. — vou até o sala para pegar o celular que deixei na mesinha, sendo seguido por ele. — E refrigerante também.

— Sabe que essas merdas não são nada saudáveis, Minnie. Sua operação ainda é bem recente. Precisa tomar cuidado, foi o que o médico disse. — me repreende e quase sucumbo a vontade de revirar os olhos novamente. Jungkook sabe ser chato quando se empenha. — Mas só por hoje eu deixo.

— Nossa, quanta consideração, obrigado, senhor. — debocho, me jogando no sofá.

Senhor? Ah, sim, entendi. Então era isso... — ri soprado se aproximando como um leopardo prestes a dar o bote. Então segura meu rosto com força moderada, pressionando minhas bochechas. — Sei do que precisa. — os dedos longos queimam minha derme com o simples toque.

Até o ar se torna mais denso.

— Sabe mesmo?

— Sei. — responde categórico.

De repente Jungkook fica diferente. Seus lumes antes doces, se tornam sombrios. As pupilas dilatadas passeam pelo meu rosto, até pousar na minha boca e por um segundo pensei que me beijaria, mas ele desvia.

— Um beijo na testa, Jungkook?

— É só o que você merece.

— Aish, isso é tão brochante! — o empurro para longe, mas seu peitoral firme é como uma rocha de músculos, não faz efeito algum.

— Olha como fala comigo, garotinho! E me chame de senhor! — engrossa o tom de voz, arqueando a sobrancelha. — Não vou admitir qualquer tipo de desrespeito enquanto estiver embaixo do meu teto, ouviu? Minha casa, minhas regras.

— Mimimi. Não passa de um covarde. — resmungo.

Jungkook trava o maxilar e me olha sério.

Ele se afasta, voltando para a cozinha aberta, tira a parte de cima do terno e coloca sobre a bancada alta, antes de sentar com uma das pernas dobradas em uma parte do banco e perna esquerda no chão para dar apoio.

Ainda sem dizer nada, vejo ele tirando o cinto de couro preto e enrolar em sua mão.

Isso tudo sem deixar de me encarar.

— Venha aqui, seu mal criado. — diz com a voz dura. Sinto um leve tremor percorrer minha coluna.  Jungkook fica dez vezes mais sexy quando usa esse tom superior. Eu obedeço sem questionar, curioso para saber o que vem a seguir. — Quando insistiu para vir comigo, pensei que fosse grandinho o suficiente para se comportar na minha ausência.

— Aqui é chato. Você não trouxe meus "brinquedos", como iria me distrair?

— Me atrasei apenas uma hora.

— Foda-se.

Jungkook respirou profundamente, antes de continuar com a voz de veludo:

— São apenas sete dias em Paris, mas pode virar uma eternidade quente e muito, muito dolorosa se você não cooperar, Minnie.

— Mesmo? E por quê continuo duvidando? — desprezo seu aviso, cruzando os braços.

Infantil para caralho, eu sei. Mas só assim, me comportamento feito um filho da puta mimado, faço o moreno deixar escapar um pequeno sorriso de incrédulo.

Estou botando sua paciência à prova, ficou claro isso.

— Sabe, anjo... Sempre tive uma educação muito rigorosa. — vai falando enquanto ajeita o cinto em sua destra, como quem premedita algo. — Nunca levantei a voz para meus pais ou desrespeitei suas regras, mas meu irmãozinho mais novo sim... E sabe o que meu pai fazia?

— Não. — respondo no automático, porque estou tão fodidamente hipnotizado com ele acariciando o couro que sequer consigo formular alguma frase coerente.

— Ele apanhava na frente de todos, até dos empregados... e eu gostava de ver.

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Teorias sobre o que está rolando? 👀

Só digo uma coisa: nem tudo o que parece é. Então antes de criticar leiam até o final, ok? Por isso botei tantas aspas na sinopse. As jikook vão adorar o desfecho 🥰

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