14° Capítulo

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Engoliu em seco, o músculo do lado esquerdo de seu peito batia com tanta agressividade que irradiava dor por todo seu corpo, sentia a corrente elétrica percorrer seus nervos.

Porém, aquela dor agonizante era insignificante assim como o encontro que tinha, nada mais importava, nada além do acastanhado choroso espremido em seus braços.

— Que merda! — Fungou enxugando o nariz entupido e avermelhado pelo choro.

— O que está acontecendo? — Perguntou em um sussurro lhe acariciando os fios de cabelo.

— Estou com inveja! — Foi sincero e respirou fundo se aconchegando mais no corpo maior.

— Inveja do quê? — Pendeu a cabeça para o lado para enxergar o rosto inchado e avermelhado.

— Da sua namorada! — Murmurou baixinho puxando as mangas da blusa prendendo-as na palma da mão, brincando com seus indicadores sem coragem para encará-lo.

— Por causa do encontro? — Perguntou e o menor assentiu — Não sinta inveja dela, acredite em mim quando digo isso!

— Por que? — Ergueu o rosto encarando-o com os olhinhos brilhantes e inchados.

Suspirou.

— Porque eu sou um babaca, os sentimentos dela não são recíprocos, não a pedi em namoro e ela também não me pediu, e mesmo assim, agimos como namorados, nos beijamos, transamos e agora, eu deveria estar jantando com a família dela! — Respondeu deixando de encará-lo, ele era um covarde.

— E você está aqui comigo! — Culpou-se abaixando a cabeça e tentando se afastar.

— Sim! — Reafirmou o que foi dito e o impediu de ir para longe — Mas, não se culpe! Estou aqui com você porquê quero estar aqui com você, é completamente diferente! — Segurou o queixo delicadamente entre o indicador e o polegar e ergueu o rosto bonito para si — Se alguém deveria sentir inveja aqui, então, seria ela, ela deveria sentir inveja de você! — Sorriu pequeno e lhe acariciou o queixo.

— Não me sinto invejado, me sinto culpado! — Disse com a voz embargada ainda pelo nó preso em sua garganta.

— Me perdoe por isso! — Pediu e abaixou um pouco o rosto para encostar as testas, seus olhos prestes a transbordar.

Queria tanto fazê-lo parar de chorar, arrancar aquela dor de seu corpo e a tristeza de seu coração. O culpado em busca de remissão.

— Você também não tem culpa, quer dizer, poderia não ter nascido, ia facilitar pra mim! — Brincou e as risadas beijaram-se nos poucos centímetros que lhes separavam.

Seokjin não podia estar mais coberto de razão, eles não eram amigos, mas eram cúmplices, cúmplices dos sentimentos e palavras que eram omitidos naquela conversa, naqueles toques e naqueles olhares.

— Posso beijar você? — Segredou e o menor tocou a mão que ainda lhe segurava o queixo apertando seus dedos e gemeu baixinho angustiado.

— Você sabe que não! — Ciciou em um fio de voz, completamente sem forças.

E desobedecendo-o, descolou as testas e com a outra mão afastou os fios que caiam ali e beijou-o.

— Eu não disse onde! — Brincou ainda com os lábios sobre a pele alva e sorriu ao se afastar — Prometo, não te beijar até o nosso encontro!

Os olhos de café o encaravam, não sabendo se agradeciam ou se choramingavam.

— Nosso encontro? — Repetiu confuso e sem que percebesse um pequeno sorriso iluminou o rosto entristecido.

CATHARSIS Where stories live. Discover now