590 32 0
                                    

Suspirei e procurei uma roupa de exercícios. Vesti uma legging, uma camiseta regata e calcei um par de tênis que coube perfeitamente em mim.

Quando saí do quarto, às cinco e quarenta, a casa estava silenciosa, e lá embaixo Gabriel conversava em voz baixa com um peão. O homem saiu, e ele me olhou de maneira sorridente.

- Muito bem. - Passou os olhos pelo meu corpo, aprovando. Ele estava um gato. Muito gostoso, com uma bermuda e camiseta regata. Foi impossível não olhar seus bíceps e o peitoral largo debaixo da camiseta.

- Tome um rápido café, porque pode ser perigoso para você se exercitar em jejum. Tereza te espera na cozinha. Seja rápida. - Ele deu as costas e foi para o escritório.

Eu deveria apreciar a preocupação dele, mas revirei os olhos e caminhei obedientemente para onde devia ser a cozinha. Eu tinha que obedecer, se quisesse ter os tais créditos para falar com minha mãe. Na cozinha, a mulher estava misturando algo em uma tigela grande. Era uma cozinha de primeira linha, toda equipada, mas a mulher preferia fazer do modo antigo, sem usar batedeira.

- Oi - cumprimentei, um pouco sem graça. - Sou Carol. Você deve ser a Tereza. - Ela sorriu amistosamente, parecendo mais jovem do que eu supus da primeira vez que a vi.

- Oi, sou eu mesma. Sente-se, por favor, Carol. Gabriel me contou que você tem algumas privações alimentícias. Estou preparando um café especial.

Fiquei surpresa de saber que ele tentou mudar a rotina da casa por minha causa.
- Ah, não precisa. Basta um café sem açúcar...

- De maneira nenhuma. Quando vocês voltarem, terá um café com sustância. Agora coma esse biscoito de sal. - Colocou uma cesta com biscoitos à minha frente - É perigoso para diabéticos ficarem em jejum.

Tomei um pouco de café puro e mastiguei dois biscoitos em silêncio, assistindo-a despejar a massa em uma assadeira.

- Eu... sempre tentei fazer doces e bolos para diabéticos - falei e desejei não ter puxado assunto com ela. Não queria intimidade com ninguém, queria ser inimiga de todos ali, todos que fossem aliados de Gabriel

Tereza limpou as mãos no avental e me olhou, interessada. - E nunca deu certo?

- Não. Eu sou péssima na cozinha. Sempre ficam duros ou amargam demais.

- Infelizmente ainda não tenho produtos para fazer um bolo diet para você. Mas assim que os tiver, venha até minha cozinha para a gente tentar criar algo juntas. O que acha?
- Eu adoraria.... mas nem sei se ficarei aqui por muito tempo.
- Gabriel me contou que ficará pelo menos por um mês. Então não se preocupe. Um mês. - Ela disse.

Então quer dizer que ele impusera um limite para minha permanência. O que faria ao fim desse tempo? Ele me entregaria para a polícia? Será que ele pretendia me tomar sua amante e depois me jogar na cadeia? O medo me fez estremecer. Eu tinha que arrumar uma maneira de fugir dentro desse mês que viria. Terminei rapidamente o café, me despedi de Tereza e saí correndo. Mas mantive a cara amuada, para não dar ousadia para aquele cão dos infernos. Ele me esperava na soleira da porta, se alongando. Passei direto e andei rumo à escadaria. O dia clareava, era uma vista maravilhosa, o sol começando a despontar lá longe, pintando a grama e árvores de dourado.

- Está fugindo de mim? - me acompanhou.
- Vá se danar.- Acabei de falar, e ele me puxou ferozmente. Eu fiquei colada ao seu corpo grande echeiroso.

Abaixou o rosto diante do meu e ameaçou:
- Estou perdendo a paciência com essa sua boca porca. Não me provoque. Agora mexa essas pernas e me acompanhe. - E correu sem nem olhar para trás para ver se eu o seguia.

- Você deve saber que não aceitarei tudo numa boa - falei quando o acompanhei. - Eu vou infernizar sua vida.
- Eu supus que você pensaria que poderia fazer algo assim.
- Eu vou fazer.

- Será trabalhoso te amansar, mas quando eu conseguir, se tornará um obediente abacaxi.
- Como é que é? - Parei de correr, e ele parou um pouco na frente, o odioso sorriso deixando-o ainda mais belo.
- Problema difícil de resolver, que ninguém quer mexer por ser muito difícil de lidar. Sobrou pra mim a tarefa de descascar o abacaxi, no caso, você.
- Canalha - resmunguei, odiando o som dá risadairônica dele.

Apesar de sempre me exercitar, eu não tinha o mesmo preparo de um fazendeiro que mantinha uma rotina de trabalho pesado. Gabriel nem estava perto de se cansar quando eu tive que parar na sombra de uma árvore e me curvar para frente, quase sem fôlego. Ele parou perto de mim e riu. Furiosa, empurrei-o para longe.

- Está vendo como eu estava certo em te forçar a correr? Imagina precisar parar durante o sexo porque se cansou rápido demais?

- Você não vai tocar em mim, ouviu? - berrei, apontando um dedo na cara dele. - Você me sequestrou, e eu não sou nenhuma tola com síndrome de Estocolmo.
- Na síndrome de Estocolmo, geralmente, o sequestrado começa a gostar e sentir empatia pelo sequestrador, você não precisa sentir nada disso comigo. - Gabriel se aproximou e tirou alguns fios de cabelo da minha testa suada - Basta me obedecer. Eu sou seu mestre aqui, e agradeça por eu não meter uma coleira nesse pescocinho e te obrigar a me chamar de senhor.
- Você é louco. Eu já tô injuriada, me deixe de mão.
- Vamos até aquela fronteira ali e voltaremos correndo. Caladinha, Caroline Fernandes. Antes que eu me zangue. - Ele correu, e eu nem me mexi.

Ao contrário, me sentei embaixo da árvore. Ele poderia ir sonhando que eu seria a ovelhinha dócil. Aquele desgraçado ia ver com quem estava mexendo. Gabriel olhou para trás quando percebeu que eu não o seguia, mas continuou sua corrida. Franzi o cenho, imaginando que ele poderia estar de muito bom humor. Fechei os olhos e esperei, esperei até que o ouvi bem perto de mim:

- Vamos. - Abri os olhos, e ele estava parado, com a camiseta suada, mas sem ofegar muito

Fiquei de pé e o segui de volta para casa, caminhando, no meu tempo. Quando entrei na casa, fiquei feliz por ele já ter subido.
Respirei aliviada e fui para o quarto tomar uma ducha.
Abri a porta e, quando entrei, quase voltei correndo. Ele estava sentado em uma poltrona, vestindo apenas o short de corrida e segurando um chicote de montaria.

- Tire a roupa e deite na cama. - A voz dele era um brado seco.
- Saia do quarto, agora - falei baixinho, morta de medo. A expressão dele não era leve e irônica como mais cedo.

O cenho estava baixo e havia um brilho estranho em seus olhos. Meu corpo se arrepiou, e dei um passo para trás quando ele ficou de pé.

- Se você não tirar a roupa, eu farei, e será pior. Tire a roupa, Carol.
- Por que está fazendo isso...? O que quer...?

- Ou isso, ou cadeia. Você decide. Você é a ladra aqui e precisa do meu perdão. Então, tire a roupa e deite na cama.

- Você vai me bater com isso?

- Não bato em mulheres. Eu as ensino a se comportar.Tire. A. Roupa.

Com as mãos trêmulas, tirei minha camiseta, sem desviar os olhos dos dele, que pareceram inflamados quando viram meus seios. Minha respiração estava suspensa, e o sangue fervia. Nervosismo, medo misturado comfúria. Eu não era uma submissa, e ele iria pagar se me machucasse. Apesar do meu descontrole emocional, consegui retirar toda a roupa e caminhei para acama.

- Barriga para baixo - ele ordenou, e eu me deitei com o rosto no travesseiro, a bunda pra cima, e fechei os olhos.

Eu sabia o que ele faria, eu não era uma burra.Aos vinte e sete anos, eu já tinha escutado muita história.

- Segure firme na grade da cama, Abacaxizinho. Não solte - ordenou com voz dócil. Eu tive vontade de me levantar e bater nele,pela fúria que me tomou ao ouvir o miserável apelido.



XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

ESTÃO GOSTANDO DA HISTORIA?

TEM UM PEQUENO HOT NO PROXIMO CAPITULO

MINHA REFÉMWhere stories live. Discover now