ʚ capítulo 4 ɞ

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─── O espírito A-Miao ♡༉ ───

Sang Yu desligou o telefone ainda com um sorriso em seu rosto.

— A-Miao, vamos.

Um homem que estava parado ao lado dela esperando por alguém, olhou para Sang Yu de um jeito estranho. Com quem essa garota está falando?

— Ah~ Nordeste, meu querido Nordeste. Eu estou de volta!

A jovem que flutuava ao lado de Sang Yu esticou os braços e gritou alto, mas o grito alto da garota não atraiu a atenção de ninguém na estação de trem lotada.

Essa garota se chama "A-Miao" e, atualmente, apenas Sang Yu conseguia vê-la.

A-Miao não era seu nome verdadeiro. Entre todos os fantasmas, havia esse tipo especial que, por vários fatores complicados, não podiam ser levados para o submundo pelos Ceifadores e só podiam ficar vagando pelo mundo dos vivos. Com o passar do tempo, eles iriam lentamente perder suas memórias do passado, incluindo seus próprios nomes.

Depois que todas as memórias desaparecessem, essas almas se dissipariam completamente.

A-Miao era esse tipo de alma.

Quando A-Miao conheceu Sang Yu, ela já havia esquecido seu próprio nome. "A-Miao" era um nome que Sang Yu havia dado a ela, já que a voz de A-Miao era muito gentil, e ao contrário dos outros espíritos, A-Miao gostava do sol, assim como um gato preguiçoso¹. {¹tln: 喵 (miao) é uma onomatopeia para miau em chinês.}

A-Miao já não se lembrava de como havia morrido, muitos menos se lembrava onde era sua terra natal. Foi pelo sotaque de A-Miao que Sang Yu deduziu que ela deveria ser do Nordeste.

— A-Miao, tem uma grande chance de que você era de Shanyang antes. A mulher que atendeu o telefone tinha um sotaque quase idêntico ao seu.

— Besteira, nordestinos não tem sotaque, nós falamos putonghua²! {²tln: 普通话 (Pǔtōnghuà), literalmente 'conversa comum'. O atual e sociopoliticamente aceito putonghua é mais parecido com o dialeto de Pequim, ainda que não seja idêntico.}

Sang Yu riu levemente, seus olhos se curvando.

Embora ela já tivesse esquecido boa parte de seu passado, A-Miao ainda continuava com aquela confiança inabalável que todos os nordestinos tinham em seu dialeto.

— A-Miao, nós vamos ficar na casa de outra pessoa. Eu não sei como está a saúde dela, então apenas fique em meu quarto e não perturbe o qi da senhorita Mu.

— Aiyah, não se preocupe! Eu já sei.

A-Miao seguiu atrás de Sang Yu, olhando ao redor. Às vezes, uma sensação de déjà vu corria por dentro dela, mas era substituída de volta por confusão.

A-Miao se sentiu um pouco triste. Ela estava morta há tanto tempo, tanto que já havia esquecido o número exato de anos, três dos quais ela havia passado apenas seguindo Sang Yu.

Recentemente, A-Miao estava sentindo sua alma ficando cada vez mais e mais instável. Seu corpo estava começando a ficar transparente e às vezes ela sentia tanto frio que nem mesmo deitar no sol ajudava.

Sang Yu se sentiu mal por ela, então sugeriu acompanhá-la de volta para sua cidade natal. Talvez se elas conseguissem recuperar até mesmo a mais ínfima memória, elas poderiam evitar que a alma de A-Miao fosse destruída.

Sang Yu, nascida e criada em Sichuan, tem vinte e dois anos e se graduou recentemente em um conhecido Instituto de Belas Artes.

Por fora, ela não parecia muito diferente da maioria das outras garotas, mas ela tinha um par especial de olhos que poderiam ver coisas que as pessoas normais não podiam. Eles eram comumente chamados de olhos yin-yang.

Minha Colega de Quarto é uma Deusa da MorteWhere stories live. Discover now