- ̗̀ Capítulo 50ˎ'-

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- ̗̀ 𖥸 ˎ'-

Negan

Ok.

Atualmente passei a considerar seriamente a possibilidade da existência de vidas passadas, Karma e toda essa caralhada espiritual, e tenho quase certeza de que eu fui um dos arrombados que jogaram pedras na cruz, era um nazista desgraçado ou um ditadorzinho da América latina.

De qualquer modo, eu estou pagando.

Veja bem, eu sou um filho da puta e sei disso, não vou entrar nessa de autocompaixão agora, nem em merdas do gênero. Nada disso. Mas convenhamos, quando tento dar uma de "cara legal" eu só me fodo. Belle não quer me ouvir e está puta comigo, quando tudo que fiz foi tentar protegê-la. Não sei se conseguiria descrever com exatidão o quão puto eu estou. Então, para evitar que eu morra engasgado com o meu próprio ódio, decido fazer um exercício proposto por Frankie, muito utilizado em terapia: associação livre.

Então segure-se.

Ódio, raiva, rancor, frustração, insensibilidade, devastação, puto, alívio, desejo de vingança, surpresa, ansiedade, falta de apetite, dor, sofrimento, surpresa, vontade de gritar, silêncio, insônia, choque, negação, sede, compaixão, desamor, ilusão, um pouco emocionado, patético, puto, cansado, exausto, necessidades específicas a respeito de uma pessoa específica em circunstâncias mais específicas ainda, ciúme, infelicidade, tesão, já disse puto?

Hoje era o maldito dia de comemorar as metas alcançadas. O dia da vitória, como Simon apelidou. Ele estava visivelmente animado com tudo, organizou tudo do chão ao teto. Desde as luzes até as bebidas. Praticamente o novo dia de ação de graças.

Mas eu não estava nem um pouco entusiasmado. Não era uma vitória se eu não tinha o que eu queria.

Alguns salvadores decidiram que seria uma ideia genial montar uma banda naquela noite. Eu não iria ser o estraga prazeres, apesar de que, quando vi Daniel afinar seu violão eu percebi que aquela seria uma noite muito, muito, mas muito longa mesmo.

Não há um homem chato o suficiente que um violão não possa piorar.

Foi quando eu vi Belle descer as escadas até o átrio do complexo, onde a comemoração aconteceria. Percebi que ela usava o vestido que eu a tinha dado, sem sombra de dúvidas. Apesar de notar algumas mudanças cruciais em sua estrutura.

Ela me deixou sem folego, literalmente, eu parei de respirar por alguns segundos quando a vi.

Com o vestido longo, Belle parecia mais alta. Seus lábios estavam bem delimitados com um batom vermelho bordô. Os cabelos estavam soltos e com ondas volumosas. Estonteante, em todos os sentidos da palavra.

A única coisa que a prejudicava era o homem que estava com ela. Heath. O maldito doutorzinho.

Pensei que levaria numa boa as provocações dela depois da briga de hoje. Depois dela ter dito de todas as formas possíveis o quanto eu era inadequado. Que ela poderia fazer o que quisesse, com quem quisesse, que eu não iria ligar. Mas na prática, me enlouqueceu ver ela dançando agarrada com aquele doutorzinho metido a intelectual, mexendo a cintura e os quadris com as mãos dele em volta de si. Os sorrisos dela, o movimento dos cabelos rodopiando no ar, o modo como ele olhava para ela... Tudo me encheu de ódio. Ela parecia estar se divertindo de verdade enquanto bebia e dançava, sequer olhava pra mim.

Quem não estava se divertindo nem um pouco era eu. Sentia-me enfadado enquanto entediava uma dúzia de mulheres falando sobre Belle.

Eu estava rodeado de mulheres mais bonitas e mais dispostas a me satisfazer, mas nenhum beijo era bom o suficiente, os toques não geravam reação alguma, eu estava insensível a qualquer coisa que não fosse ela. A comida já não tinha graça, a bebida não me alegrava nem um pouco. E conforme o tempo passava eu me sentia mais irritado e aborrecido. Parecia que eu nem existia ali. Tudo que eu queria era acabar com aquele showzinho de exibicionismo dela. Mas seria uma injustiça enorme com as outras pessoas se eu iniciasse uma briga no meio de todos, que só estavam ali para se divertir após uma longa e intensa rotina de trabalhos árduos. Sem contar que seria ridículo para alguém na minha posição fazer algo do tipo.

Decidi que o meu problema com Belle seria resolvido, não ali, mas entre quatro paredes. Mas no momento, eu estava de mãos atadas, e ela sabia, por isso me provocava.

Eu estava ali pra ficar com ódio e beber, tinha comprado ingresso para ver o showzinho dela, e eu não era o único.

𝐕𝐚𝐝𝐢𝐚 𝐚𝐟𝐞𝐭𝐢𝐯𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora