Capítulo 16

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Amália

Acordo sentindo-me renovada, não posso permitir que uma situação como essa me faça refém, tenho que aprender a virar-me sozinha e enfrentar minha própria dor, sem a piedade de ninguém.

Levanto-me e vou direto para o banheiro, acredito que banhar-me é a melhor maneira de começar o dia e faço isso com gosto já que a água está deliciosa e consegue relaxar o meu corpo perfeitamente.

Saio do banheiro com a toalha em volta de meu corpo e vou abrir o guarda roupa, pela primeira vez decido verificar o que realmente tenho ali dentro já que algumas coisas eu ganhei.

Espanto-me com as peças de roupas que vejo e sorrio quando coloco minhas mãos em uma calça. Pego-a de dentro do guarda-roupa e a analiso, caso esteja se perguntando irei recordar-lhe.

Nós mulheres devemos obedecer ao marido e calça não é algo comum para nós, geralmente só os homens usam, contudo surpreendo-me com o homem que me comprou, afinal está parecendo muito melhor do que tudo o que imaginei.

Escolho a calça preta e uma blusa social, visto-as e me impressiono quando percebo que serve perfeitamente em mim. Pego uma bota de cano baixo e salto e a calço, no momento em que termino de arrumar-me encaro-me no espelho, sentindo-me completamente feliz com o resultado.

Saio do quarto apressada e vou em direção à cozinha, quando Iara me avista sorri com o meu visual.

— Amália tu estás maravilhosa – comenta impressionada.

— Muito obrigada, o que temos para o café da manhã? – indago.

— Os ovos estão prontos e tem torta de maçã na geladeira – informa deixando-me confusa.

— Por que tem torta de maçã? – investigo.

— Francis pediu para fazer, pensei que fossem comer ontem à noite – comenta.

Não respondo de imediato, perco-me no momento do nosso beijo desejando que ele se repita, mesmo sabendo que isso não vai acontecer, no entanto acredito que minha mente ainda vai me torturar por conta da maneira que nos conectamos.

— Nós perdemos o apetite – minto mexendo na geladeira.

Pego a torta e coloco em cima do balcão, em seguido pego o prato e os talheres. Iara se ocupa em pegar algo para beber.

— Conta, como foi conhecê-lo? Fiquei muito curiosa – diz e nós rimos.

Sirvo um pedaço de torta para ela e faço com que sente-se ao meu lado, tento apagar sua lembrança de minha mente, por mais difícil que seja.

— Não foi muito importante – murmuro.

— Conta mais, não consigo ficar satisfeita apenas com isso – confessa e eu controlo-me para não rir demais.

— Compreendo tua curiosidade, mas não tenho muito que contar, ele disse que só vou vê-lo uma vez na semana para jantar – conto e o seu olhar para mim demonstra sua confusão.

— Tem algo errado – sussurra.

— Não entendi – digo e ela me encara.

— Ele não é assim, sempre tratou todas muito bem, a amizade que possuem é tão nítido. Amália, ele é um cara muito bom – afirma deixando-me equivocada.

— Não duvido disso, contudo acredito que eu não sou a pessoa certa dessa vez – assumo.

Iara encara-me em silêncio, seus olhos tão grandes e curiosos demonstram uma penalização que eu jamais desejei que estivesse direcionada a mim, sinto que devo fazer algo para que não se preocupe e o que puder fazer eu farei.

VendidaWhere stories live. Discover now