Efta

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"I'm drunk in the back of the car
And I cried like a baby coming home from the bar
Said 'I'm fine' but it wasn't true"

Cruel Summer, Taylor Swift


Birmingham, Inglaterra, 1924

Não houve como ignorar a surpresa de Polly e o sorriso enviesado de Michael quando Marie apareceu com a torta de maçã. Ana Vera se retirou para a cozinha com as outras empregadas e prometeu que daria o maior pedaço à "Lorde Gray", por saber que ele adorava o doce.

-Ana o mima desde quando? – Polly questionou, risonha.

-Não sei, mas sempre fica falando o quanto gosta de "Lorde Gray".

-Sou muito simpático, mamãe, é difícil não conquistar alguma pessoa. – ele encolheu os ombros em falsa inocência. – e creio que estou amolecendo o coração de milady aos poucos.

O rubor no rosto da brasileira indicava que sua suposição era real. Michael segurou o impulso de sorrir diante aquela demonstração tão natural de vergonha.

Bem, mal sabia que a cativara desde o princípio.

-Não custa nada sonhar, filho. – Polly encarou Maria Clara. – ficará para o jantar, não é querida? Tommy disse que viria com Charlie.

-Oh, eu não... – Marie se surpreendeu. – bem, não tinha nada planejado para a noite, mas não seria incômodo? E se Tommy quiser privacidade para assuntos de família?

-Deixe de ser boba, Marie, somos sua família na Inglaterra! Você é uma Shelby também!

-Ora, Polly, não é para tanto! – o rubor aumentou. – porém me sinto honrada que me considerem assim. Já disse que sou muito grata pela vida que me proporcionam, certo?

-Muitas vezes, mas é sempre bom ouvir. – Polly sorriu. – então ficará?

-Ficarei. – concordou.

Pouco depois, uma criada entrou com o carrinho do chá. Conforme o favorito de Maria Clara, havia English Breakfast (chá preto) e leite gelado para acompanhar, o scone de manteiga que ela adorava, juntamente com a geleia de pêssego. Três pedaços de torta e outros mini-sanduíches também compunham o menu, além de uma dose de whisky.


Michael estava fumando no quintal quando Ana Vera se aproximou. Ela carregava um envelope em mãos e parecia levemente incomodada.

-Lorde Gray? – tossiu.

-Senhorita Ana?

-Lorde Gray, eu estava esperando um momento para falar com o senhor em particular.

Ele franziu o cenho, curioso.

-Aconteceu algo?

-Sim, infelizmente. – Ana lhe entregou o papel. – Lady Tumblewood convidou milady para o aniversário de Lorde Tumblewood; milady disse que a amiga tinha uma fofoca para contar, então depois de o senhor partir, ela leu a outra carta. Veja, milorde, eu não o incomodaria se não me importasse com Lady Marie. E bem, não tenho a quem recorrer; não conheço Mr. Shelby o suficiente para tanto. – o fato de Michael ter aparecido bêbado na residência da patroa e os sentimentos que a mesma nutria por ele eram suficientes para que Ana Vera o considerasse alguém "próximo". – temo ter lido errado a mensagem, mas... Lorde Barbosa sempre se preocupou com a educação de seus empregados, porque somos uma família importante, entende? Entretanto, não tenho certeza se compreendi Lady Tumblewood bem.

-Dê-me um segundo, Ana. – Michael encarou a folha.

Queridíssima Marie,

Você se lembra que na festa de Robert conversamos sobre meu cunhado? Pois então, Louis me contou que ele virá para Londres definitivamente, e chega logo na semana de seu aniversário. Ainda não acredito que nestes três anos de amizade nunca conseguiu conhecê-lo! Mas, desta vez o destino resolveu sorrir para mim e orquestrar este encontro.

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