Okta

464 40 31
                                    

"And I scream for whatever its worth
'I love you', ain't that the worst thing you ever heard?
He looks up, grinning like a devil"

Cruel Summer, Taylor Swift


Londres, Inglaterra, 1924

Isaiah subiu com Maria Clara para o quarto. Ana Vera e Ada já estavam lá, aflitas pelo estado da menina. Michael chegou depois, ainda inconformado com os acontecimentos da noite.

-O que ela tem? Por que está chorando? – Ana perguntou agoniada.

-Não sabemos. – foi Isaiah quem respondeu. – acho melhor a deixarmos sozinha com você, já que a conhece faz mais tempo. Pela manhã viremos visitá-la.

-Qualquer problema pode me chamar. – Ada sugeriu.

-Tudo bem, obrigada Mrs. Thorne, Mr. Jesus. – virando-se para a patroa, Ana soltou uma exclamação em português. – o que aconteceu, sinhazinha? Por que está assim?

-Eu bebi demais. – Marie constatou o óbvio, fungando. – tem um copo d'água por aí?

-Aqui. – ela entregou uma taça com água e mel. – por que bebeu muito? Sabe que não é de bom tom e ainda o fez na frente de Lorde Tumblewood?!

-Nick não estava comigo. – a brasileira suspirou, esvaziando o copo em goladas longas. – ele é muito simpático, Ana. Daria um bom marido e parece ser aberto à novas ideias.

-Então milady vai se casar com ele? – Ana começou a desabotoar o vestido da patroa.

-Eu deveria. – Marie assentiu. – mas seria injusto. Nick merece mais.

O coração da aia suavizou, aliviado.

-Então por que bebeu desse tanto?

Saindo da peça, Maria Clara esticou os braços para entrar dentro da camisola. As palavras formavam um bolo em sua garganta, como se tivesse engolido cacos de vidro.

-Michael vai ser pai, Charlotte está grávida.

-Jesus, Maria, José!

Ana nem esperou que ela dissesse outra coisa, apenas a colocou na cama e ofereceu uma xícara de chá de gengibre, porque ajudava na dor de cabeça. Nas poucas vezes que Marie ficava triste, o necessário era deixá-la sozinha por um tempo para que recarregasse as energias... Mas, aquela situação era diferente. Ana não tinha coragem de largá-la ébria e com o coração completamente despedaçado, porque tinha medo do que poderia acontecer. Então, ela só pediu licença para ir ao quarto buscar seu pijama e planejava voltar logo.

Para sua surpresa, ao passar pela porta deu de cara com Michael.

-Milorde?!

-Oi, Ana. – ele estava inquieto. – como Marie está?

-Ah... Ela vai melhorar amanhã, não precisa se preocupar.

-E-eu posso ficar aqui pela noite. – mesmo sabendo que soava absurdo, Michael não freou a boca. – não tenho sono e seria uma maneira de pagar pela ajuda que me deram aquela sexta.

-Minha Nossa Senhora D'Aparecida. – passando as mãos pelo rosto, Ana Vera encarou seu dilema: ou negava a ajuda e colocava um fim naquilo tudo, ou aceitava, porque talvez fosse a última chance de Marie.

Só... Só que Michael teria um filho. A criança não merecia sofrer pelos erros dos pais; e sua patroa não merecia viver esperando por um romance que não aconteceria.

-Ana, por favor.

-Por quê?

-Por que o quê?

LoverOnde histórias criam vida. Descubra agora