Capítulo 17

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 Aquele lugar sempre seria o mesmo para si não importava quantas vezes colocasse seus pé ali nada nunca mudaria, as paredes brancas passavam uma sensação de vazio e frieza, o silêncio que era quebrado apenas pelos barulhos de algumas máquinas não era nem um pouco reconfortante, todas aquelas pessoas zanzando apressadamente pelos corredores algumas mais rápidas do que as outras enquanto ele apenas esperava sentado que alguém lhe chamasse e lhe dissesse algo. Xichen admitia, tinha uma certa fobia de hospitais desde que havia perdido o único homem que amou verdadeiramente ou pelo menos acreditou que ele tinha se ido, tentava evitar lugares como aquele de todas as formas até quando ficava doente, mas ali estava ele mais uma vez sentado esperando por noticias do homem com quem se casaria dentro de alguns meses por conveniência própria, porque o homem que realmente amava não poderia ser mais seu.

Era pesaroso imaginar que quando recebeu aquela ligação cogitou a ideia de que Meng Yao tivesse morto ou que talvez não sobreviveria, e que de certa forma aquela notícia não o abalava da forma que deveria, ele definitivamente estava ficando louco e confuso com a volta de Jiang Cheng. Meng Yao era seu noivo e logo seria seu marido e isso era o único que deveria realmente importar, assim como sua segurança.

— Senhor Lan Xichen? — o médico se aproximou segurando uma prancheta em suas mãos — Seu noivo está bem, ele passou por uma cirurgia e está se recuperando.

— Isso...é ótimo — sorriu minimamente — Fiquei assustado com a notícia quando a recebi, mas agora que está tudo bem posso respirar novamente.

— Seu noivo é um homem de sorte, um pouco mais para cima e o corpo dele estaria sobre aquela maca — disse de maneira franca — Pode ir vê-lo, se desejar.

O médico se retirou depois de um breve aceno, Xichen caminhou até o quarto onde o mais novo se encontrava respirando profundamente antes de entrar e ser recebido por um sorriso cansado, se aproximou da maca sorrindo mesmo que seus pensamentos continuassem a lhe trair desejando e implorando por algo completamente errado. Tocou o rosto de Meng Yao olhando brevemente para o ombro enfaixado notando que o médico tinha razão, alguns centímetros a mais e o outro estaria morto.

— Como se sente? — perguntou carinhosamente — Você realmente me assustou, querido.

— Estou um pouco dolorido e cansado também — resmungou — Eu fiquei com medo, quando o tiro me acertou, eu pensei que...

— Está tudo bem agora — segurou a mão de Meng Yao depositando um beijo na mesma — Descanse e logo poderá voltar para casa.

— Xichen — segurou a mão do mais velho em um aperto firme — Eu sei que talvez não vai acreditar em mim, mas foi ele, Jiang Cheng fez isso.

Xichen se limitou a suspirar resignado, não era um bom momento para se iniciar uma discussão.

— Meng Yao, por favor, ele ficou o tempo todo no quarto de Jinyi junto de Wei — o encarou — Não há como ele ter feito isso ou ter mandado alguém fazer, Cheng não é assim.

— Eu não estou louco Xichen, acredite em mim, foi ele — fechou seus olhos brevemente — Cheng me odeia, ele ainda vai me matar não deixe que ele faça isso, Xichen.

Nenhuma palavra saiu de seus lábios apenas acariciou a face do mais velho, não conseguia acreditar que Cheng faria algo como aquilo, era impossível. Beijou a testa de Meng Yao desejando esquecer tudo, até mesmo o pequeno desejo que rondou a sua mente enquanto esperava por uma notícia sua. Ele não deveria pensar que seria melhor se o mais novo estivesse morto, agora.

[....]

Apesar de considerar aquele lugar onde cresceu e morou desde que se entendia como alguém, era estranho o alívio que sempre preenchia seu peito ao pensar que não precisaria colocar mais seus pés naquele lugar, sua vida não era consideravelmente ruim mas também não foi relativamente boa já que não tinha liberdade para viver como um adolescente normal, crescer não mudou muito nunca foi o mais forte da sua família ou alguém que fosse bom em algo específico, sempre foi mais delicado passando seu tempo lendo ou pintando quadros até mesmo cuidando dos jardins. Seu irmão era alguém bom consigo diferente de seu pai que não evitava de lhe dizer o quanto ele era uma vergonha e um completo fracasso, Huaisang sabia que não deveria se importar e que seu pai realmente era alguém frio e que nunca se importaria com seus pequenos esforços inúteis, mas palavras podiam mesmo machucar ainda mais vindo de alguém que ama.

Mesmo que agora tudo tivesse acabado e vivesse bem ao lado dos irmãos Jiang, um pouco de culpa por seu irmão estar morto o consumia algumas vezes, mas ele não poderia fazer nada e não soava como se ele realmente quisesse fazer no final estava cansado de tudo aquilo, a mortes, os contrabando de armas, o malditos velhos que o cercavam pelos cantos da casa, Meng Yao e seus maus tratos, da falta amor algo que nunca poderia ser suprido por seu irmão, ele nunca tinha tempo para si. Amor? Era um sentimento que apenas tinha perdido sua importância.

— Posso ver as pequenas nuvens de fumaça voando sobre a cabeça — a voz suave e levemente rouca disse — O que lhe faz pensar tanto, pequeno grão?

— Pequeno grão? — se virou para encarar a face sorridente de Mo Xuanyu, seu suposto guarda costa — Isso é algum tipo de apelido ofensivo ou está apenas criticando meu tamanho?

— Oh, é uma consideração a você — se sentou ao lado do mais novo — Não pense nisso como algo ruim.

— Tanto faz — se virou para rosas a sua frente — Wei brigou muito com você?

— Não muito — apenas o tinha feito correr 60 vezes ao redor da mansão durante a madrugada — E você está bem, era o que realmente importava.

— Você poderia ter se machucado — disse enquanto cortava alguns galhos mortos — Não seja tão imprudente da próxima vez, não quero que aconteça nada de ruim a você.

Mo encarou as costas de Huaisang, fazia um bom tempo que alguém além de Wei se preocupava consigo, não teve uma vida realmente honrada e muito menos cercada por pessoas que se importavam com sua saúde, segurança e muito menos sua vida. Amor não é um sentimento dado calorosamente a ele e sim com frieza e desprezo, então aquele pequeno calorzinho que acariciou seu estômago enquanto o menor simplesmente se preocupava consigo o fez sorrir.

— Preocupado comigo, pequeno grão? — o abraçou por trás assustando-o — Você aquece meu coração assim.

— M-me solte, eu juro que direi a Wei — se virou nos braços do outro que o olhava como um caõzinho feliz — Vo-você é um idiota.

O mais velho apenas riu segurando Huaisang firmemente pela cintura se afastando apenas para segurar sua mão e puxá-lo em direção a casa.

— Venha, vou preparar algo para você — falou animado.

— O que quer? — estreitou seus olhos — Não vai me comprar com comida.

— Eu não quero nada, pequeno grão — parou e olhou para o menor — Apenas estou cuidando de voce.

E Huaisang decidiu naquele momento que aquele sorriso na face de Mo, definitivamente era seu preferido e o motivo de seu coração acelerado assim como as borboletas que ouviu falar em seus livros.

Você Vai Se Arrepender De Ter Me Conhecido - Xicheng. (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora