𖤐 TWO: THE BEAUTIFULL COUPLE ˖ ࣪ .

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Londres, 20:15 p.m

— Você não enjoa de comer isso aí não? — Questionei vendo George dar uma mordida na pizza de cogumelos. — Tipo, essa pizza parece vencida e é nojenta.

— Não ofenda minha pizza assim. — Ele replicou com a boca cheia. — O que você tem contra pizzas de cogumelos, Kate?

— Você deveria ser preso por isso, George.

O Muniz era uma espelunca, que se julgava como restaurantes, no final da nossa rua. Um espaço grande mas com paredes descascadas e canos aparecendo que o senhor Muniz dizia ser a chamada "Arquitetura Industrial Britânica", um eufemismo para "Estou sem dinheiro para reforma". Mas isso não importava, o que importava era que aquele espanhol larápio sabia fazer a melhor pizza que um ser humano poderia saber. Pessoas vinham do outro lado da cidade só para provar a lendária pizza quatro queijos.
Esse era meu lugar favorito na cidade, adorava comer quilos e quilos das comidas gordurosas que serviam ali e eu gostava quando George me acompanhava. Inclusive foi nessa espelunca de meia tigela que vi George pela primeira vez.

Eu tinha acabado de chegar na cidade, tipo, literalmente, não havia nem meia hora que havia saído do aeroporto e estava faminta. Estava com tanta fome que poderia facilmente comer minhas próprias roupas. Estava andando pela rua, onde futuramente viria ser a minha rua, quando senti o melhor cheiro da minha vida. Meu estômago roncou tão alto que um cara que estava andando ao meu lado me olhou com uma cara estranha. Eu dei um sorriso envergonhado e corri procurando de onde vinha aquele cheiro.

Vinha de um restaurante espanhol, com um grande letreiro neon na porta escrito "Muniz's Place" mas a parte neon do "Place" estava desligado. Tinham também uns hippies vendendo colares na porta.  Não pensei duas vezes antes de abrir a porta.

Eu estava sendo guiada única e exclusivamente pelo cheiro, me permiti fechar os olhos por um momento para senti-lo com maestria, logo meu corpo colidiu com alguma coisa e em seguida senti minhas roupas molhadas.

— Mil perdões, moça! — Disse o cara que estava na minha frente. Olhei para minhas roupas e elas estavam encharcadas de suco de uva. Minha camisa, antes branca, agora estava roxa na parte da barriga.

Por algum motivo eu ri daquilo.

Talvez fosse pelo sotaque que ele tinha, talvez porque falou tudo muito rápido que eu quase não o entendi ou porque eu estava com muita fome para ficar brava com alguém naquele horário da manhã.

— Tudo bem, foi minha culpa, eu estava distraída. — Falei rindo e continuei seguindo o cheiro delicioso que me levou até o balcão.

Me sentei em uma das cadeiras do balcão e esperei alguém vir me atender mas do nada um enorme prato de batatas fritas saiu de dentro de uma porta do outro lado do balcão, que eu supus  ser a cozinha, direto para mim.

— Senhor, eu acho que isso foi um engano, eu não fiz meu pedido ainda. — Falei.

— Vai negar meu pedido de desculpas assim mesmo? — O rapaz do suco de uva disse parando ao meu lado. — Eu arruinei  sua camisa para sempre.

No instante que eu iria recusar e dizer estar tudo bem meu estômago rouncou alto suficiente para me deixar constrangida de novo. Abri e fechei os lábios algumas vezes pensando em uma resposta para aquilo mas eu não tinha uma, estava faminta, com vergonha e cansada. Suspirei  e sorri antes de pegar um punhado de batatas e levar a boca.

— Quem vai ser preso? — Indagou o senhor Muniz, aparecendo do nada ao nosso lado.

— Kate mais uma vez reclamando dessa beldade humana chamada pizza de cogumelos.

— George isso parece estar vencido. — Falei. — Sem ofensas senhor Muniz.

O velho riu alto entanto tirava o caderno de pedido de um dos bolsos de seu avental de chef.

— O que meu casal favorito de Londres vai querer para beber?

Casal.

Esse era um problema do senhor Muniz. Apesar de nos termos dito milhões de vezes que não somos um casal ele insiste em dizer o contrário. George diz que pela idade o senhor Muniz deve ter algum tipo de problema de memória mas eu discordo, acredito que ele só goste de me ver dando aquela risada constrangedora e dizer "Ele é meu melhor amigo, não somos um casal".

— Senhor Muniz... — Eu disse.

— Oh! Desculpe, mas não dá pra evitar. Já disse que vocês dariam um belo casal?

— Acho que o senhor já disse isso umas cem vezes, senhor Muniz. — George disse rindo.

Ele deu um gargalhada alta e gasta enquanto escrevia algo no caderno.

— Que tal um vinho rosé pelo transtorno? Cortesia da casa, Katherine.

— Não precisa, senhor Muniz. — Eu sorri.

— Eu insisto!

O velhinho saiu andando em direção à cozinha antes que pudesse recusar mais uma vez. Ele voltou tão depressa quando saiu, deixou a garrafa na messa junto com as taças e correu para atender os novos clientes que haviam chegado.

— Eu não posso beber hoje.  — Falei vendo George despejar o vinho na minha taça. Ele me olhou arqueando uma das sobrancelhas. — Tenho que trabalhar amanhã, o concerto das crianças é na semana que vem, esqueceu?

— É só uma taça, Katherine, senhora certinha.

Eu gostava da maneira que ele dizia meu nome. Gostava do jeito que seu sotaque mudava completamente a forma comum que eu ouvia meu próprio nome.

— Tudo bem, mas só uma. — Eu suspirei.

Mas é claro que nós não pararíamos em apenas uma taça.

Mas é claro que nós não pararíamos em apenas uma taça

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𝐋𝐎𝐍𝐃𝐎𝐍 𝐁𝐎𝐘 ✦ 𝐆𝐄𝐎𝐑𝐆𝐄𝐍𝐎𝐓𝐅𝐎𝐔𝐍𝐃 Where stories live. Discover now