19- Assuntos

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Point Of View Toni Topaz.

Confesso que, depois que Cheryl e eu terminamos o que fazemos de melhor, ficamos largadas na cama seminuas com os nossos cigarros e uma garrafa de tequila enquanto passava algum documentário sobre animais criados em cativeiro sem nenhum cuidado sequer. Isso me fez lembrar quando Cheryl ficou em cárcere privado por causa da mãe. Quando ela me contou aquilo, me subiu uma raiva desconhecida e um nojo incomum sobre a mãe dela que eu nem fazia ideia da existência até o momento.

Como que uma pessoa consegue tratar a outra como lixo e a prender por conta de uma paranoia irreal? Sinceramente, nunca conseguirei entender a cabeça de pessoas que, por gostar tanto de outras pessoas, tem a capacidade de prendê-las pelo tornozelo se forem capazes, e pensar em muitas mais atrocidades como essa, ou até mais pesada.

— Cher — A chamei baixo depois de ficar um tempo em outra dimensão. Ela soltou um som nasal enquanto tinha uma de suas mãos apoiada sobre o meu pau só que por cima da cueca— Vai querer transar de novo?— Perguntei, ela levantou o olhar pra mim.

— Merecemos descanso, não acha? Horas de viagem e só dormimos um pouco no avião— Falou, olhei pra sua mão e depois pro seu rosto— Ah! Está se referindo a minha mão. Relaxa, não é nada, eu gosto de ficar com a mão aqui, é macio— Sorriu sem mostrar os dentes o que me fez rir.

— Ok, já que não quer transar de novo, eu quero te fazer algumas perguntas— Comecei— Na época em que você morava com a sua mãe, como era a rotina?— Perguntei.

— Bom, eu saí de casa com 18 anos, de três anos pra lá a rotina foi ficando cada vez pesada porque, como meu pai tinha levado meus irmãos por conta da separação, minha mãe criou uma obsessão por mim, me tendo apenas como sua herdeira. Nós morávamos sozinhas desde quando papai foi embora, isso quando eu tinha Oito anos, daí quando completei Quinze anos minha mãe contratou um senhora chamada Angelina, ela sempre cuidou de mim, com o maior cuidado, e tratava dos meus ferimentos também, que as correntes faziam, sabe?— Apontou seus pulsos e levantou a perna pra mostrar as cicatrizes também.

— Ela te mantinha presa mesmo?— Perguntei curiosa.

— Sim, porque uma vez que eu tentei fugir, ela achou que eu ira contar pra alguém e mandou um dos seguranças da empresa dela prender meus pulsos com correntes e os tornozelos também— Contou— Eu só tinha chance de sair do meu quarto quando ela ia viajar, ou quando ela estava em casa e queria fazer um programa mãe e filha— Falou.

— Como que você fazia pra esconder as marcas? Digo, quando ia pra rua— Expliquei.

— Usava pulseiras e calça comprida. Teve uma vez que ela me fez usar um gargantilha com um anel pendurado, um anel grosso. Era uma coleira disfarçada— Explicou mostrando em seu corpo.

— E quando você fugiu, como foi?— Perguntei. Eu tinha que transparecer meu interesse sobre o assunto.

— Era dia daquelas viagens a trabalho que minha mãe fazia, mas daquela vez ela ficaria um ano fora, então essa foi minha deixa. Uma hora depois que ela saiu, gritei pela Angelina e expliquei meu plano pra ela, que super me apoiou. Dei dinheiro suficiente pra que Angelina se sustentasse depois que fosse demitida, pedi pra que ela ligasse pra uma amigo meu, Bradley. Ele foi até lá em casa, me ajudou a fazer as malas, a arrumar o dinheiro direitinho e me levou até a rodoviária. Depois desse dia, minha liberdade cantou e estou aqui até hoje sem contato com a minha mãe, já mudei de telefone três vezes por causa dela— Contou.

— Sobre os ferimentos e o lugar onde você vivia. Tem alguma prova em foto, vídeo...?— Perguntei.

— Na verdade tem sim, está tudo no meu notebook. Bradley tirou fotos do meu corpo inteiro mostrando os hematomas que eu tinha porque ela me batia quando eu não fazia o que ela queria, e os ferimentos das correntes. Ele fez um vídeo mostrando meu quarto também, os pingos de sangue no carpete. E tem também um depoimento de Angelina, depois que eu dei o dinheiro pra ela que conseguiu fugir também— Explicou.

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