The Waitress - Jenlisa

023

Jennie Kim

Após Lisa me deixar na lanchonete, ela sentou-se em uma das mesas à espera de Rosé, essa que chegou eufórica e quase comendo tudo o que o cardápio disponibilizava. Jisoo fez questão de atende-las, e eu fiquei preparando os pedidos atrás do balcão, de vez em quando trocando olhares e sorrisos bobos com Lisa, que evoluiu para alguns beijos quando as meninas estavam distraídas.

Mais tarde um pouco, cerca de uma hora depois de Lisa e Rosé deixarem a lanchonete, ainda tivemos um pequeno movimento até tudo parar por completo. Agora, Jisoo está brincando com um rolo de fita adesiva colando pedaços por seu rosto como uma idiota, e eu terminando de limpar algumas mesas sujas de café ou farelos.

- Eu vi os beijos. - Falou Jisoo, sem mais nem menos.

- Ah, viu? Pensei que estivesse muito ocupada olhando para os peitos de Rosé. - Falo, com ironia.

- Tenho dois olhos, posso me concentrar em duas coisas ao mesmo tempo. - Disse, tentando tirar um pedaço de fita que se prendeu em seus cabelos.

- Estão só ficando ou o quê? - Pergunto, jogando o pano sujo em seu rosto para provocá-la.

- Aish, sua desgraçada! - Ela xingou-me, jogando com raiva o pano no balcão.

- Pare de estruir fita e responda minha pergunta. - Digo, me sentando em um dos bancos que havia ao redor do extenso balcão de madeira.

- Eu não sei, tá legal?! Gostamos da presença um da outra e do sexo também, mas não sei se ela enxerga algo mais além disso. - Suspira profundamente.

- E quanto à você? O que enxerga além de sexo casual?

- Gosto dela, gosto bastante. Mas tenho medo de estar insistindo em algo inexistente, não sei quais as intenções de Rosé quanto à mim e isso me mata.

- Se não perguntar, sua resposta sempre será um não. - Falo, deitando minha cabeça em seu ombro direito.

- Antes uma insegurança do que uma rejeição, Jendeukie. Eu e Rosé estamos bem assim, prefiro deixar o tempo decidir os próximos passos.

- Você realmente está ficando velha, está até falando como uma senhora de 80 anos. - Brinco, recebendo um forte tapa no braço como resposta.

- Vai se foder. - Resmunga.

- Estamos em outubro. - Eu disse, grunindo.

Fomos interrompidas de nossa pequena brincadeira quando um grupo de amigas adentrou o estabelecimento. Pedi que Jisoo fosse atende-las, dando a desculpa de que precisava ir ao banheiro urgentemente, e mesmo que reclamando, ela foi.

Ao entrar na dispensa escura, liguei os interruptores e logo se tornou tudo claro e visível. Passei por essa área rapidamente, temendo demorar muito, e caminhei direto para o banheiro.

Antes de adentrar uma das cabines, me certifiquei de que ninguém estava vindo e ajoelhei-me próximo ao vaso sanitário enquanto suspirava profudamente.

Esses momentos são os piores para mim. Por mais que pareça uma simples ação onde você enfia um dedo em sua garganta e se força a pôr o pouco de comida que resta em seu estômago para fora, é o momento em que todos os seus problemas passam por sua cabeça, servindo como combustível para tal ação. E então você tem vontade de chorar até não aguentar mais.

Tomando fôlego, empurrei meu dedo indicador até o fundo da minha garganta e não precisou de mais para um líquido amargo subir e logo eu estar pondo tudo para fora.

Para quê eu me submetia à esse sofrimento, afinal?

Quais benefícios aquilo traria para mim?

Me sinto melhor quando abuso de mim mesma, forçando meu corpo à algo como isso?