Capítulo 2

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O gelo batia no vidro do copo e o barulho reproduzido por ele e pelas pequenas ondas da bebida marrom reverberavam por todo o ambiente silencioso e fazia com que os pelos dos meus braços se arrepiassem

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O gelo batia no vidro do copo e o barulho reproduzido por ele e pelas pequenas ondas da bebida marrom reverberavam por todo o ambiente silencioso e fazia com que os pelos dos meus braços se arrepiassem. Aquilo tudo era vontade de provar apenas uma gotinha do álcool, mas eu prometi a mim mesmo que não me deixaria mais cair naquela tentação, assim como tinha prometido a ele.

Eu sabia que merecia sofrer por tudo o que tinha feito as pessoas ao meu redor sofrerem, mas não voltaria para aquela clínica de reabilitação. Não para aquele inferno.

Ao olhar para frente, meu olhar caiu sobre um porta retrato que tinha sido posicionado estrategicamente em cima do mini bar que tinha em minha sala e eu podia sentir que ele estava me desafiando com o sorriso zombeteiro que foi capturado pela câmera no dia em que a fotografia foi tirada. Assim como eu, Leonardo sempre foi viciado em desafios e apostas e nem depois de morto ele parecia ter me deixado em paz.

— Eu não vou cair no seu joguinho, D'amico. — falei para o rapaz na foto e inconscientemente senti vontade de ouvir a voz dele me respondendo de uma forma bem feia, do jeito que ninguém mais entenderia, só nós dois.

Todo dia acontecia exatamente a mesma coisa: eu passava o dia todo tentando me distrair para não me lembrar do que tinha acontecido com o Leo. Porém, quando anoitecia e se aproximava da hora em que tudo aconteceu, eu me afogava em lembranças e não conseguia não me lembrar do momento em que entreguei o meu melhor amigo de mão beijada para a morte.

Tudo sempre com um copo de whisky na mão, mas eu nunca o bebia. Pelo menos não mais. Minha vida estava uma merda, eu estava nadando na merda e havia merda por todo canto, então eu não daria ao diabo o gostinho de me ver sendo internado naquela maldita clínica de reabilitação pela terceira vez em seis meses.

Minha mãe desistiu de mim quando tive a primeira recaída – não que fosse muito difícil de desistir, já que ela sempre se importou mais com qual era a última moda em Paris do que com o próprio filho –, meu pai sequer se importou da primeira vez – o trabalho vinha em primeiro, segundo e terceiro lugar para ele –, Matthew me ajudou antes da primeira internação e depois ficou ocupado demais sendo feliz – não que eu estivesse o culpando, eu também não olharia na cara de alguém que me dopou e ferrou com a minha vida –, Leo estava a sete palmos abaixo do chão e eu nunca tinha irmãos.

E eu sabia que tudo aquilo era culpa minha, já que por toda a vida afastei e fui um babaca com quem se aproximasse de mim.

Mais uma vez olhei para o copo que segurava e percebi que o gelo, que antes tilintava, havia derretido, o que era o sinal de que eu havia passado tempo demais sentindo pena de mim. A minha atenção foi desviada novamente para o porta retrato que emoldurava a minha foto com Leo e em seguida para o relógio de parede, que marcava 19:33, a hora exata em que tudo aconteceu.

 A minha atenção foi desviada novamente para o porta retrato que emoldurava a minha foto com Leo e em seguida para o relógio de parede, que marcava 19:33, a hora exata em que tudo aconteceu

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Um Novo Natal para Aaron - Spin-off de Sem Rodinhas [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora