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Os últimos dias foram arriscados para Taeyeon. Nem mesmo negava que estava correndo de tudo e todos dentro daquele casarão, não queria ver a sogra falando de planos para um futuro que não poderia nem sonhar em atender, muito menos a ver maltratando as pessoas que trabalhavam para ela, mas acima de tudo, estava correndo de Minhyuk.

Não queria nem ouvir a voz dele, sibilando por aí como uma cobra e dizendo o que deve e não deve fazer. Estava cansada de ter cautela, principalmente com aquele que deveria ser seu maior apoio ali. Andava percebendo como ele mordia e assoprava constantemente e aquilo apenas a irritava mais ainda, não tinha vontade de ouvir qualquer sermão dele ou receber o mínimo contato ou carinho vindo dele quando parecia que ele estava fazendo um favor a ela por se importar. Aquele não parecia ser o homem que se arriscou sem pensar duas vezes e a tratou com tanto carinho quando a conheceu.

Se sentia ridícula e inútil quando ainda só poderia ver os dias passarem vagarosamente pela janela de seu quarto.

Queria sair correndo daquele lugar de loucura e caos, mas para onde iria?

Não tem contato com praticamente ninguém de sua vida antiga. Nem mesmo teve um vislumbre da caligrafia de qualquer pessoa de sua família e a última carta que recebeu de Soo Yun era de semanas atrás, nem mesmo teve resposta das duas últimas que mandou.

Só tinha Seungkwan ao seu lado e contava as horas para poder vê-lo novamente. A madrugada logo chegaria e todas as luzes estariam apagadas.

Era só esperar.

Batidas soam na porta antes mesmo que possa sequer pensar em se levantar da cama e pegar algo para fazer o tempo passar mais rápido. Nem mesmo precisava de muito para adivinhar quem estava querendo a ver tarde da noite.

— Boa noite, meu amor — Segurou a careta de desgosto ao ouvir o apelido, dizer que pegara horror pelo jeito como a chama é pouco.

— O que veio fazer a aqui a essa hora? — Também não se importou em esconder a falta de animação em receber aquela visita. Já não tinha mais paciência para ficar perto dele, como se cada mísera palavra fosse difícil de engolir.

— Desde quando eu preciso de um motivo para vir ver minha noiva? — Minhyuk deu dois passos para frente e Taeyeon dois para trás involuntariamente, reagindo ao recuo ele enrugou as sobrancelhas. — Tem estado distante de mim, Taeyeon.

— Os dias tem sido muito corridos — Não conseguia nem olhar nos olhos dele, sem saber de onde veio nem quando começou todo esse repudio que sentia, só não o queria perto.

— Não, não tem a ver com a sua agenda — O tom de voz era calmo, como se nem ousasse o aumentar. — E você sabe disso. Está colocando uma barreira entre nós dois, por quê?

Não ouve resposta e ele chegou um pouco mais perto, a deixando encurralada entre ele e o móvel.

— Faz dias que não me olha nos olhos — Taeyeon nem mesmo faz questão de olhar para ele, pensando em como sairia daquela situação e que não suportava mais o ter tão perto. — Nem me lembro da última vez que me deu um beijo.

Minhyuk tentou roubar um selar, mas o reflexo dela foi virar o rosto o que o fez deixar um breve beijo sobre a bochecha. A decepção no rosto dele foi pior que qualquer xingamento que ele pudesse dizer e mesmo assim não disse nada, ele sorriu e aquele sorriso fez a espinha de Taeyeon gelar no mesmo segundo.

— Você me deixa louco, sabia? — Segurou o rosto dela entre os dedos para que olhasse para ele finalmente. Ela tentou se soltar, mas isso só o fez segurar com mais força, tanta que poderia marcar e viu uma lágrima solitária escorrer pela bochecha dela, por toda raiva que sentia. Aquele não era um choro de tristeza, ia bem além disso. — Não tenha medo de mim, meu amor. Eu jamais faria algum mal a você.

Taeyeon segurou o impulso de cuspir no rosto dele. Não sabia onde estava pisando exatamente e preferia não arriscar.

— Não vejo a hora que se tornará minha e minha apenas, Taeyeon — A forma como pronunciou seu nome fez seu estomago embrulhar, mais ainda quando sentiu o rápido selar sobre os lábios e congelou em medo com o que poderia vir a seguir, mas ele se afastou, finalmente distante e o alivio que sentiu no maxilar que estava sendo segurado a fez chorar mais ainda.

Não disse mais uma palavra sequer. Saiu pela porta como se quisesse deixar que ela pensasse sobre o que acabou de acontecer, mas tudo o que a moça conseguiu fazer foi trancar a porta por precaução. As mãos tremiam em medo e fúria e não conseguia parar de chorar e sem nenhum pensamento exatamente claro pegou os lençóis e começou a descer para o jardim, em busca do único lugar em que se sentia bem ali dentro.

A estufa estava vazia. Só tinha a companhia do céu da madrugada e das violetas cheirosas, não se preocupou se o chão estava sujo ou se alguém a veria, precisava se acalmar e queria esquecer de tudo por um momento. Se sentou no chão mesmo, um canto isolado onde poderia chorar sem que ninguém a visse do lado de fora — Mesmo que já fosse bem tarde e ninguém estaria andando por ali. — E simplesmente chorou.

Até que só restasse o silêncio dos pensamentos que já se perderam naquela bagunça que mais parecia um pesadelo isolado do qual ela nunca tinha a oportunidade de acordar.

Sentia como se estivesse sempre debaixo da chuva, constantemente dizendo que tudo ia ficar bem e que uma hora ela iria passar, mas nunca para. Desde que tomou a decisão de ir embora com Minhyuk tudo se afundou em um nível que não sabia exatamente se estava nadando para a superfície ou indo mais para o fundo.

Tudo estava ruindo e ela não poderia fazer nada a não ser olhar e esperar pelo melhor.

Respirou fundo, escondendo o rosto com as mãos como se aquilo pudesse trazer algum conforto mínimo ou fazer as lágrimas pararem de querer sair de uma vez.

— Yeon — Se assustou quando sentiu uma mão em seu ombro, pulando para o lado como se tivesse visto um fantasma, mas encontrou o olhar preocupado de Seungkwan ao invés e o alívio que sentiu só a fez chorar mais ainda. — O que aconteceu?

Tocou o rosto dela como se ela fosse feita de porcelana, um cuidado absurdo ao reparar que ela se encolhe quando ele passa os dedos onde Minhyuk a segurou, mas era um contraste tão grande que ela nem mesmo hesitou em abraça-lo assim que ele se sentou ao seu lado.

— O que ele fez com você, Yeon? — Era um palpite, porque nunca havia a visto tão assustada antes e sabia que o único que tinha poder ali dentro para a despedaçar por inteiro era Minhyuk.

— Nada de tão grave — A voz dela soando falha quebrou algo dentro dele, a abraçou com mais força. —, mas eu não quero mais ficar aqui, eu não posso...

— Tudo bem — Acariciou os fios de cabelo dela, ainda sem a soltar — Eu estou aqui com você.

Seungkwan nunca se viu como uma pessoa muito empática, normalmente era ele por ele mesmo e não poderia contar muito com o que tinha ao redor. Pegar os problemas de outra pessoa era trazer mais problemas para si, mas ao vê-la tão vulnerável, quebrada ao ponto de fazer aquela súplica a ele, jurou a qualquer divindade que pudesse o ouvir que faria de tudo para a ajudar.

— Me tira daqui, por favor.

Ele assentiu sem pensar duas vezes, certo de que conseguiria cumprir sua promessa.

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Escrevi boa parte desse capítulo ouvindo Hug, não recomendo estou em prantos.

Eu amo tanto esses dois e a cumplicidade deles que chega a doer no coração ver eles sofrendo, mas fé que as coisas vão melhorar.

Confia.

Não sei se eu já comentei isso aqui, mas esse é um tema que acaba mexendo muito comigo, por isso, Fallin' flower não está planejada como uma longfic. Não sei se eu aguentaria alongar demais essa história, mas nunca se sabe. Eu espero que gostem e desfrutem de cada pedacinho, desde o mais sofrido ao mais adorável dessa história.

Obrigada pela leitura <3 fiquem bem e se cuidem.

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