𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝙸𝚇

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Confissões


Brandon

5 de Julho de 2006, SermonWest

Dou por mim no meio da floresta, com a necessidade de correr, mas não o faço. Não ainda. Não sei onde estou e não há nada há volta além do mato denso. Alguma coisa diz-me para não olhar para trás nem para o cimo das árvores, porém uma névoa cai sobre mim e ali estou eu, perdido, sem ver nada diante mim. Sinto um suor frio a escorrer-me pela espinha abaixo e os pêlos do corpo a eriçar, tanto ao ponto de deixar a pele a doer. Um estalar alto ecoa atrás de mim e eu corro para o nada, sem ver onde piso. As minhas pernas começam a contrair como numa cãibra dolorosa, diversas vezes, mas eu não paro. Outro som alto ecoa, mas este bate-me no peito, como um impacto de uma coisa a atravessar-me, e acordo quando o meu corpo embate no chão lamacento. 

Agarro o lençol de baixo com força e deixo as respirações pesadas pararem. O meu corpo está contraído e tenso, como quando faço exercícios pesados. Limpo o suor da cara rapidamente e olho em redor, pelo quarto. Devem ser umas seis da manhã. Penso isso porque o sol já começava a nascer, e iluminava tenuemente os cantos da divisão. Estou sozinho aqui, fora de perigo, mas por qualquer motivo, continuo a sentir que estou a ser seguido, caçado. É uma intuição que não posso simplesmente sacudir da minha cabeça, mesmo se quiser.

Passei cerca de um quarto de hora na cama a acalmar a respiração. Resolvo agarrar na roupa que estendia na cadeira ao lado da cama e visto. Desço para beber um copo de água gelada para relaxar o corpo, que continuava quente e tenso.

Saio lá para fora e respiro o ar fresco da madrugada. Vou buscar um maço novo ao porta-luvas do carro e sento-me nas escadas do alpendre a fumar. O céu tem um tom arroxeado e as nuvens um tom rosado. O trilho de terra batido e tudo á volta ainda está escuro. 

- Estúpido pesadelo. - Sussurro para mim mesmo, olhando para a frente. Ao fundo, na linha de árvores, um vulto pequeno esconde-se parcialmente atrás de um tronco de uma das árvores. Levanto-me para ver melhor o que era, e seja lá o que for, correu de imediato para a vegetação atrás. - Estúpidos animais e estúpido timing para aparecerem aqui.

Depois de apagar o cigarro na gravilha do chão, entro para a cabana e tranco a porta atrás de mim. Despejo o pó de café na água a ferver e reparo que preciso de comprar mais café - assim como mais comida e shampoo. Não aguento usar mais o da Amber para cabelos pintados. Deixa a minha barba mais seca que forragem.

Quando todos acordaram, fomos fazer uma visita rápida á loja de conveniência da aldeia. Lá, para minha infelicidade, o meu telemóvel apanhou um pouco de rede e a lista de chamadas não-atendidas da Amanda fazem o telemóvel apitar até ao ponto de quase bloquear. Toda a gente que passa ao meu lado no passeio, faz questão de olhar para mim com uma expressão apática. Descer as notificações de chamadas não-atendidas deixa-me tonto. Carrego na tecla para baixo e vejo que tem uma lista ainda maior de mensagens. Deixo-as de lado, para o bem da minha sanidade mental, e decido ouvir apenas a última mensagem de voice-mail.

- Brandon Hussaini, estou farta de te ligar e tu nunca tens rede. Tu és e sempre foste um grande egoísta, merda. Queres ir de férias com as tuas namoradinhas e com o falhado do teu amigo e deixares-me aqui em Boston? Tudo bem. Sabes como eu sei disso? Adivinha. Eu liguei á tua irmã e ela disse-me onde estás e com quem estás. A vadia chamou-me de lunática. Onde já se viu um namorado deixar a namorada para trás enquanto ele vai de férias com outras putas. Acabou tudo Brandon. Não aguento mais as tuas atitudes de playboy rico. - Fecho os olhos e não demoro a desligar o telemóvel. Não quero ouvir o resto. O recado está dado e ao que parece, estou solteiro. Sem uma pinga de entusiasmo, nem tristeza. Pelo contrário, sinto um peso a desprender-me do pescoço. 

A Cabana das Janelas VermelhasWhere stories live. Discover now