Capítulo XXVIII

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*Avisos*

Armas, morte, menção de suicídio e sangue.

Este capítulo tem descrições gráficas e pode perturbar alguns leitores mais sensíveis. Discrição é aconselhada.

Clara

- Já disse para me deixarem em paz! - Grito enervada contra Amber e Brandon, que tentavam acalmar-me e afastar-me dele. - Eu preciso... eu preciso ajudá-lo... Como? - Não me importo se estou a falar sozinha. Nada mais importa. - Eu vou... eu vou perdê-lo... Porra, como dói! Que merda! Porquê ele? Eu deveria acabar com a vida daquele...

- Ele já foi tratado, Clara. - Amb segura-me no braço, mas eu sacudo-o. Não quero mexer-me nem um milímetro para longe de Ryan. 

Por mais que lhe tente estancar a hemorragia, não parece resultar, mas ainda não estou pronta para o deixar partir. O que eu posso fazer? Vou ficar aqui simplesmente a vê-lo morrer? 

- Nós... nós íamos viver juntos quando isto tudo acabasse. Estávamos tão perto. - Murmuro para mim mesma e as lágrimas não tencionam parar de escapar dos meus olhos tão cedo. E Agnes... pobre Agnes. Ela apenas queria conhecer o mundo. Ela via beleza nas coisas mais pequenas. Por muito pouco que tenha sido o tempo que passámos com ela, eu a via como uma amiga. Viro-me abruptamente para Amber e Brandon e abro caminho entre eles. - Onde está? Onde está a porra do revolver? - Eles impedem-me de agarrar na arma e apenas puxam-me para eles, onde solto toda a minha angustia em forma de soluços violentos, gemidos e mais lágrimas. Eu só quero meter o fim a este sofrimento. Não consigo ficar a ver o amor da minha vida a morrer. Eu apenas... não consigo... só quero meter um fim a esta dor. 

Quero poder ter a capacidade de abraçar as últimas palavras de Ryan. Meu deus. Eu nem o disse. Ele nunca saberá. Eu preciso de lhe dizer que sinto o mesmo.

Ambos abraçam-me mais forte. 

Quando nós menos esperávamos, ouvimos um ranger alto e continuo sobre a gravilha e pudemos ver umas luzes coloridas dançarem por entre as árvores. A meio da escuridão, três carros da policia param á nossa frente, juntamente com duas ambulâncias e paramédicos. Primeiro só ficamos estáticos a olhar para os paramédicos a correrem até nós, juntamente com os policias e dois cães enormes. Ainda nem acredito que chegou ajuda e não estamos mais sozinhos.

Chegou ajuda...

Chegou ajuda!

- Aqui, ajudem! Por favor! - Saio dos braços deles e meto-me ao lado do Ryan. Rapidamente quatro paramédicos rodearam-nos e eu tive de conter o choro se o queria ajudar. - Perdeu a consciência há cerca de cinco minutos, possível rutura na artéria aorta, o tipo sanguíneo é A- e tem febre. - Disse com a minha melhor voz e os paramédicos lançam-se agilmente sobre ele, sem perder tempo. Eu levanto-me sem saber o que fazer, apenas observo-os, um tanto tonta, a desempacotar os instrumentos estéreis. Ao mesmo tempo que assistiam Ryan, outros paramédicos cobrem completamente o corpo de Agnes com um saco preto, após confirmarem a ausência de sinais vitais. - Por favor, ele já perdeu muito sangue...

A paramédica que ficou de tratar de sentir os seus sinais vitais assentiu com a cabeça e agradeceu-me, antes que um policia com barba preta levasse-me para junto de Amber e Brandon. Não consigo simplesmente ficar aqui sem fazer nada. O policia barbudo tenta impedir que eu volte, mas consegui ser mais rápida que ele. Aproximei-me de um paramédico loiro, que aparentava ser o chefe. Ele estava a anotar tudo na ficha de paciente quando eu o cutuco no ombro e ele vira-se para trás.

- Eu posso ajudá-los. Eu sou estudante de medicina, eu... 

- Então deve saber que não ajudará em nada chorar sobre o paciente. - O loiro falou friamente, mas logo pensou em palavras mais adequadas e corrigiu. - Ouça, dá para notar que o paciente é alguém próximo a si e você já fez o que podia. A forma como ligou a perna está impecável, mas o meu pessoal também é bom no que faz. Não se preocupe, ele está bem entregue. - Eu assinto com a cabeça, ainda um pouco chorona. 

A Cabana das Janelas VermelhasWhere stories live. Discover now