Clarke Luthor Zor-El | Point of View
Quando eu era criança, uma das poucas memórias que eu guardo na cabeça é as das noites em que minhas mães e eu contavámos as estrelas. Eu deveria ter no mínimo uns três anos de idade e nem sei ao certo se deveria lembrar sobre coisas desse tipo, mas por incrível que pareça, eu lembrava.
Mãe Kah me colocava em seus braços, depois de mãe Lee ter certeza de que eu estava devidamente protegida do frio, e juntas nós subiamos até o teto e elas me ensinavam à contar todas as estrelas que eu conseguisse, sempre que chegava em um determinado número, onde eu já não sabia a sequência, uma das duas me ajudavam e a brincadeira só era interrompida quando eu pegava no sono e na manhã seguinte acordava na minha cama. Eu não sabia explicar como essa mágica acontecia.
Depois que fui crescendo, eu tinha esses lapsos de memória e achava que tudo fazia parte de uma mente hiperativa e que por não ter muitos amiguinhos, sempre acabava inventando missões onde envolvesse saltos à mais de dez metros de altura, corridas que eu mal conseguia entender o que se passava em nossa volta e grandes lobos que corriam atrás de qualquer graveto que eu jogasse. Mal eu sabia, é que aquela imaginação de uma criança solitária não se passava da mais pura verdade.
Agora eu estava aqui, com quase dezessete anos de vida e mesmo com isso tudo acontecendo em minha volta, a única coisa que parecia me incomodar era a maneira que aqueles pares de olhos vermelhos me encaravam. Fazia um mês exatamente que Craig e Izabela haviam se tornado os “primos distantes”. Um mês desde que soubemos a verdade sobre nossa família. Um mês que Lexa havia se tornado de vez, parte da minha família. Um mês que eu não conseguia dormir direito à noite.
E tudo isso porque?
Havia alguma coisa em Craig e Izabela que me prendia à eles. Eu tentava evitar, me esquivar de qualquer coisa, mas sempre parecia que nossos destinos se esbarravam por aí e de alguma forma estranha, nós sempre acabavamos no mesmo lugar.
Eu só queria entender o que estava acontecendo comigo.
Craig era doce, delicado e brincalhão. Vivia fazendo piadas ao lado de Lexa e tia Alex, deixando tio Brainy entusiasmado com os treinos. A forma que ele cativava as pessoas deveria ser considerado proibido. Ele tornava tudo ainda mais encantador do que o normal. Já Izabela não, ela era misteriosa e cheia de raiva, sua aura parecia pesada demais para reles mortais como eu suportar. Tia Sam dizia que ela era perigosa para os humanos porque parecia não ter nenhum receio. Um completava o outro de forma distintas, não eram à toa que eram irmão gêmeos.
Eu soltei o ar dos meus pulmões e olhei mais uma vez para minha grande janela aberta. O clima lá fora estava fresco, eu sabia que minhas mães não estavam em casa porque antes de verificarem que eu estava bem, me avisaram que sairiam para caçar fora da cidade e que no amanhecer estariam de volta. Elas tinham ido junto à Alex, Nia e Samantha. E eu agradeci por ter que me deixar sozinha em casa e não na casa dos meus avós como de costume. Olhei para meu pijama e vi que ele era inapropriado demais para que algum desconhecido o visse, mas na medida certa para que ela reparasse em cada curva que havia no meu corpo. Me levantei da cama com tudo e fui até meu banheiro ver se estava tudo bem com a minha aparência. Notei que meus cabelos estavam no lugar e que eu estava bonita daquela forma, sem maquiagens e com o rosto limpo. Certo, não fique nervosa Clarke.
— É apenas uma pessoa normal! – Disse pra mim mesma enquanto voltava para o meu quarto.
— Não sabia que eu era uma pessoa normal pra você. – Ouvi aquela voz que me arrepiava toda e olhei alarmada para a poltrona que ficava ao lado da minha cama.
A pessoa que abalava minhas estruturas estava ali, sorrindo daquela forma perfeita como se não ligasse para os mortais e soubesse os impactos que me causaria.
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A Primeira Eterna - Livro 3 - Um Conto a Parte / Karlena
FanfictionDepois de muito tempo sozinhas, Kara e Lena decidem adotar uma nova criança, porém sabemos que não é fácil ter um humano entre vampiros e por isso resolvem se manter longe e tentam dar uma vida normal a humaninha chamada Clarke. Muitos anos depois...