Capítulo 4

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Catarine

Só o Rafa mesmo para me fazer rir em um momento desses. Ele é uma gracinha. Bonito, simpático, engraçado, gente boa demais. Nós somos amigos há muito tempo, mas nos afastamos nos últimos meses. Não sei exatamente o porquê, mas acredito que seja por causa do meu namoro com o Lucca. Não consigo acreditar em como fui idiota, gastando meu precioso tempo com aquele cretino. E o pior de tudo, é que todos, principalmente minhas amigas, tentaram me alertar quanto a ele, e a burra aqui estava tão iludida que não deu ouvidos a ninguém. Quem aquele garoto pensa que é para me trair? Eu não poderia me sentir mais humilhada. Ele ficou com outra garota no meio do festival do sorvete, onde tínhamos combinado de nos encontrar. Isso prova o quanto ele se importava comigo.

- Quero te ajudar. Por favor, me dê uma luz aqui. O que rolou? - diz Rafael.

- Fico surpresa por você não ter visto a cena.

- Meu Deus. Não vi nada.

- Lucca me traiu, e eu taquei sorvete nele e na vadia da Eliza.

- Puta Merda. Ele te traiu com a Eliza?

- Uhum.

- Sinto muito. Você não merecia nada disso.

- Não sinta. Foi bom que eu vi isso hoje, senão, é provável que estaria me iludindo para sempre. Aliás, obrigada por tentar me alertar quanto ao caráter dele.

- Sem problemas.

- Significa muito para mim. Que você tenha se preocupado comigo, quero dizer. Você estava certo, e eu não te escutei. E sinto muito por termos nos afastado nos últimos meses. Não foi minha intenção. Gosto muito de você.

- Cat, não foi culpa sua...

- Foi sim. E prometo compensar minha ausência. Obrigada por vir ao meu encontro hoje.

Me pegando de surpresa, ele me deu um abraço. O gesto foi muito carinhoso. Ao me ver em seus braços, com minhas lágrimas rolando sem parar, percebi o quanto eu sou grata por ter Rafael na minha vida.

O abraço durou mais tempo do que o esperado. Porém, de alguma forma foi rápido demais, e, tenho que admitir, desejei continuar em seus braços. O perfume de Rafa era leve, viciante até. Totalmente diferente do perfume do Lucca, que tinha um cheiro tão forte que chegava a ser insuportável. Obviamente, nunca comentei isso com ele, por medo de magoá-lo. Seu ego era um tanto sensível. Mas, agora, me arrependo de não ter dito todas as verdades na cara do Lucca. Cada vez que penso nele minha raiva aumenta mais. Como pude me contentar em receber tão pouco nesse relacionamento? Eu dava muito a ele e não recebia nada em troca. Preciso esquecê-lo, porém tudo ainda é muito recente, e eu não consigo tirar da minha cabeça a cena dele e da Eliza se beijando. Tudo isso é demais para mim, mas, graças a Deus, tenho minhas amigas para me apoiarem, e o Rafa está aqui comigo também. Ele é um ótimo amigo.

- Posso te fazer uma pergunta? - diz Rafa, me dando um susto de morrer e fazendo eu me sentir mal por me perder em meus pensamentos.

- Pode. - respondo.

- Você desconfiava dele? Não quero fazer você se sentir pior, só estou curioso. Afinal, se ele te traiu uma vez, é provável que tenha acontecido outras vezes...

- Ai, Jesus. Nem tinha pensado nisso - falo, as lágrimas se intensificando.

- Sinto muito. - ele diz. - Não devia ter dito isso. Sou um tonto. Estou só piorando as coisas. Acho melhor eu ir embora.

- Não vá. Fique.

- A-a. Tudo bem.

- Respondendo sua pergunta, eu não desconfiava dele. Acho que estava cega, encantada demais com o charme dele. Quando estávamos juntos parecia realmente que ele se importava comigo. Entretanto, ele sempre se mostrou bastante ciumento e, às vezes, agressivo.

- Canalha. Quer um conselho? - ele diz, e eu assinto com a cabeça. - Os homens que demonstram ciúme excessivo tem medo de que suas parceiras façam com eles o que eles fazem com elas.

- Fala isso por experiência própria? - falo, sei que Rafa nunca trairia uma garota, mas não sou capaz de segurar a provocação.

- Ha-ha-ha. Você sabe que não, mas conheço muitos homens com essa natureza.

O silêncio estava começando a ficar constrangedor, o que era estranho, considerando que nunca tivemos este problema antes. Afinal, somos amigos.

Foi no meio deste silêncio que minhas lágrimas voltaram com toda força. Fiquei surpresa, mas, com tudo o que estava acontecendo, acredito que chorar foi uma reação aceitável. Pouco tempo depois, Rafa me envolve em outro abraço. Ele está claramente desconfortável com a situação, e, devido a todos nossos anos de amizade, percebo que está se esforçando para tentar me confortar. Apesar das minhas lágrimas não cessarem, me sinto honrada por ele se importar tanto comigo. Não que eu não me importe com ele. É claro que me importo, mas andamos afastados esses dias, e não imaginava esse carinho dele.

Após alguns minutos, nos separamos, e decido que é melhor eu ir encontrar minhas amigas e avisar que estou bem. Agradeço ao Rafa e caminho de volta ao salão da festa, com a coluna ereta e muita confiança. Não quero que ninguém pense que fiquei abalada com a situação, apesar de ter sido exatamente o que aconteceu. Mas, a partir de agora, sou uma nova pessoa. Sou a nova e aprimorada Catarine, que não deixa homens a abalarem, muito menos bundões como o Lucca.

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