Capítulo 5

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Rafael

-Rafa. - escuto um som abafado, mas nem ligo. - Rafael!! - dessa vez, já não é mais apenas um sussurro em minha cabeça. Alguém está gritando.

Acordo com um pulo, assustado demais. Começo a olhar ao redor para conferir que tipo de perigo faria alguém gritar daquele jeito.

Quando dirijo meu olhar para a esquerda, vejo minha mãe com uma expressão que me congela no lugar. Merda. Ela está com aquela cara de que fiz algo muito errado.

-O que foi, mãe?

-"O que foi"? A festa foi boa ontem, né, senhor Rafael? Já são 11 horas!

-Meu Deus! É domingo! Eu posso dormir até um pouco mais tarde?

-Você perdeu o treino de natação com seu pai. - Minha mãe diz. Meu pai é treinador de natação da minha escola e se preocupa muito com minha dedicação no esporte.

-Merda. Onde papai está?

-Lá embaixo. Sorte sua que eu intercedi por você. Ele está furioso. Sabe como seu pai é com você e a natação...

-Sim. - digo, sentindo minha cabeça afundar.

Droga. Eu nunca perco as sessões extras, mas estava cansado demais e nem escutei o despertador tocar.

Ontem, depois de chegar da festa - que por sinal nem foi tarde -, fui direto para cama, apesar de não ter conseguido pregar o olho até pelo menos 5 da manhã. Minha cabeça estava a mil, não parava um minuto sequer.

Depois do que rolou com Cat, não parei de martelar os acontecimentos em minha cabeça.

Está mais do que claro que estou apaixonado por ela e não conseguirei superar tão cedo. Mas o que será que Cat sente? Sempre pensei que ela me visse apenas como um amigo, porém, depois do que aconteceu, não posso deixar de ter esperanças... Aquele abraço de ontem foi a melhor coisa do mundo. Senti sua pele macia - como de bebê - e seu cheiro único, profundo, agridoce e refrescante. Foi demais para mim. Sei que esse abraço não significou muito para Cat, mas ele ficará para sempre em minha memória.

-Rafael?! Está prestando atenção?

-Claro! Você dizia...

-Isso não pode mais acontecer. Seu pai já está bravo o suficiente agora, e, se eu fosse você, não demoraria a descer. Ele está te esperando na piscina do meu prédio.

-Ok. Vou me trocar, comer e descer.

Assim que falo, me levanto da cama para afastar a tentação de me cobrir e fingir que não existo.

Me troco rapidamente e passo na cozinha para comer algo.

Me dirijo à piscina quando fico pronto. Lá vamos nós.

-Olha só quem resolveu aparecer. Dormiu bem, princesa?

-Me desculpe.

-Sem desculpas. Você sabe que precisamos trabalhar duro. Está distraído, perdendo o foco. Vou precisar aplicar métodos mais rígidos, Rafael?

-Não. - falo, sem hesitar. Não preciso de menos liberdade, obrigado. - Foi um erro isolado. Não se repetirá.

-Certo. Agora, vamos começar a trabalhar. Para compensar sua falta hoje de manhã, ficará até mais tarde hoje.  Se prepare. - Eu resmungo e imediatamente me repreendo. - Eu ouvi reclamações?

-Não, pai. Parece justo, por mim. - minto.

-Ok, sem enrolação. Vamos. Comece.

Horas se passam, e ainda estou aqui. Nadando. Me aperfeiçoando.

Havia marcado com meus amigos - Enzo, Gab e Nicolas - de ir ao cinema, mas com a extensão do treino, falei que não ia mais. Enzo, no entanto, quase deu um ataque me obrigando a ir. Claro que o fato de ele ter mencionado que Cat está lá e perguntando por mim não influenciou nada.

Estou morto, contudo, a vontade de vê-la supera o cansaço. Supera tudo.

Já estou pedindo um Uber, que não demora a chegar. Entramos no shopping e pouco tempo depois  já vou comprar o bilhete para o filme.

Entro na sala e pego uma cena de ação. O longa já está na metade. Avisto meus amigos que estão guardando uma cadeira para mim. É quando a vejo. Está tão concentrada na luta que nem mexe. Totalmente perfeita.  Com um sorriso, me aproximo e tomo o lugar vago ao seu lado.

-Rafa. Você veio. - ela sussurra, sua face se iluminando com o sorriso mais bonito.

Eu estou perdido.

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