doce lar

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Mesmo sentindo o corpo de Jason contra si, Piper ainda não consegue dormir. Ter Jason ali ainda lhe parece surreal. Ela mal consegue acreditar que ele realmente tinha entrado em um avião e cruzado um oceano só para ir atrás dela. Para dizer que a ama e implorar que ela acredite nele. Aquilo era tão bom. Ter ele de novo, ter seus beijos, seus toques. Deixá-lo tomar seu corpo todo para ele enquanto explorava sua pele. Ela faria isso para o resto da vida, mas não podia deixar de pensar que eles, mais uma vez, estavam lutando contra o relógio e milhares de quilômetros de distância. E isso, agora, parecia mais real. Ele está aqui, agora, mas até quando ficaria? Ela... ela teria coragem mesmo de se mudar pra lá? Eles estão só roubando mais um pouquinho de tempo juntos? Ela tinha baixado a guarda mais uma vez só para se despedaçar de novo daqui uns dias? Ele seria sua maior saudade para o resto da vida?

Sai da cama vagarosamente e anda em silêncio até a sala enquanto se enrola no roupão que encontra no caminho. Liga a TV em um volume bem baixinho e ocupa o espaço do canto direito do sofá, onde sempre gostava de sentar, puxa as pernas para cima do móvel e, só então, deixa o choro que estava engasgo sair. Não queria estar pensando aquilo especialmente nessa noite mágica, mas não tem como ignorar os pensamentos. Não quando tinha passado os últimos dias prometendo para si mesma que nunca mais se imaginaria em um conto de fadas, porque sabia que ia se machucar de novo.

Jason acorda quando procura por ela, mas logo se dá conta de que estava sozinho na cama. O relógio na mesinha de cabeceira marca que não passa das quatro e meia da manhã, então, querendo saber se ela está bem e se precisa de alguma coisa, se levanta para procurar por Piper. Consegue ver sua silhueta pequena sentada no canto do sofá e não demora a perceber que, pelo balançar se seus ombros, ela está chorando.

Bella, o que foi? — Pergunta quando a abraça por trás. Pula o encosto do sofá com um leve impulso e logo está sentado ao lado dela, puxando-a para um abraço quente e cheio de carinho. — Diz pra mim o que está te deixando triste.

— Era mais fácil quando eu estava com raiva de você — Diz, se escorando contra o peito dele e deixando que ele a abrace mais forte ainda. — Eu estava com raiva de você, eu não queria te ver nunca mais porque você me machucou e...

— Eu sinto muito, Piper — Dói um pouco saber que ela estava pensando nisso ainda, então tenta tirar esse sentimento de dentro dela. Acha que merece ouvir que a havia machucado, porque sabe que é a mais pura verdade e podia muito bem lidar com sua própria amargura depois, mas vê-la dessa forma o destrói aos poucos e saber a dor que tinha causado em quem só tinha lhe dado amor e alegria é o pior dos pesadelos. — Eu sei que errei e que nada que eu diga agora vai apagar as palavras de antes, as palavras que te machucaram, mas...

— Não é isso, Jay. Eu estava com raiva e isso não me impedia de amar você, mas a raiva me deixava mais conformada em te perder — Ela funga, limpando o próprio rosto na manga do roupão. — Mas agora, a sensação que tenho é que tem alguma coisa apertando meu peito há horas e eu mal consigo respirar e só percebi que... não estou mais com raiva. Eu estou triste porque eu te amo e vai doer tanto, vai doer mais ainda, quando ficar sem você de novo, quando perder você de novo.

— Piper, o que...

— Nós temos que ser realistas, Jay. Sua vida é em Verona, a minha é aqui. Nós estamos roubando mais uns dias, mais umas semanas, mais um tempo juntos, mas no fim a gente sabe o que vai acontecer. — Ele tinha o estúdio, amigos, uma vida em Verona, sem contar que adorava a Itália. Piper, por outro lado, tinha a família ali, em Los Angeles, além de precisar estar próxima de Hollywood se quisesse realmente voltar para o jogo em algum momento. Será que eles conseguiriam manter um relacionamento à distância? Será que as coisas esfriariam quando parecessem milhas demais de distância para que se esforçassem, quando passassem semanas sem se ver? Quando um já não fizesse falta para o outro? — Eu só não quero me jogar em algo de novo e depois ver o castelo de cartas ruir mais uma vez. Você está aqui, agora, mas... até quando?

someone to save me - fanfic jasiper Where stories live. Discover now