Capítulo Trinta e Sete

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— Harry, esses cubos de açúcar estiveram na minha boca. — Sussurrou quando o grifinório os colocou no seu chá.

— Minha boca também. — Comentou como se dissesse que o chá estava muito doce. Draco teve que morder o lábio inferior. Ele fazia isso de propósito?

O chá que devia ser relaxante e acalmar o corpo depois da enorme quantidade de açúcar ingerida parecia fazer justamente o oposto. Depois do comentário de Harry, parece que ele tava bebendo adrenalina, ele certamente pagaria por isso.

Não literalmente, porque Madame Puddifoot não cobrou dele, por ser Harry Potter, mas tomou os sicles de Draco sem nem hesitar.

O que importa é que apesar do começo horrível e da péssima ambientação, eles finalmente estavam em um encontro bom. Draco esquecia dessa nova habilidade deles. Esquecia que eles faziam o outro rir com pouca coisa. Sempre se lembrava de como sabiam se irritar facilmente e sempre se esquecia de como sabem se divertir facilmente.

Bem que a doutora Morillo falou sobre a gente sempre priorizar o negativo, ver sempre o pior, o mais difícil e a expressão trouxa que ela usou "ver o copo meio vazio ao invés de ver meio cheio". Draco fazia muito isso.

Mas não queria pensar nisso agora, não quando tinha Potter e um beco. O empurrou contra parede e disse: — Eu sei que os beijos devem acontecer no final dos encontros, mas você me provocou. — Sussurrou em sua boca, a olhando fixamente.

— Esse encontro não segue regras, é um constante improviso.

— Ótimo, porque tenho algumas cartas na manga. — Mordeu o lábio inferior de Harry, puxando a carne macia e o beijando com vontade.

O desejo que sentia por Harry nunca sentiu por ninguém antes, era maior que ele, o levava a loucura com uma facilidade impressionante, o deixava irracional, inconsequente; mas não de um jeito ruim ou irresponsável, só o deixava despido de suas inibições, do seu pior lado, dos seus pensamentos negativos que julgavam se ele era merecedor de qualquer coisa boa, era como uma cura temporária, um pequeno vislumbre de como poderia se sentir sempre. Ah e também era o desejo de toda uma vida, acumulado desde os seus onze anos, obviamente não com a conotação sexual que tem agora, mas aquele desejo de estar perto e conversar e se divertir.

Harry se afastou quando o ar faltou. — Vamos, ainda temos a melhor parte desse encontro para ir. — Suspirou tentando regular sua respiração.

— É? Aonde vamos? Trapobelo Moda Mágica ou Loja de Penas Escribas? — Ele precisava de roupas novas e de penas.

— Credo, não. — Ergueu a sobrancelha para o rolar de olhos de Potter.

— Dervixes e Bangue então? — Tinha coisas tão legais lá.

— De jeito nenhum. Vamos a Dedosdemel e depois ao Três Vassouras. — Era como se Harry quisesse se certificar que eles fossem para os lugares mais populosos e frequentados pelos alunos de Hogwarts.

Ao mesmo tempo que uma parte de Draco ficava lisonjeada por ele não querer esconder, a parte racional dele ficava se perguntando se era uma boa ideia expor seu recém-não-rotulado-relacionamento com o Herói do Mundo Bruxo à opinião pública. E isso se ele fosse qualquer pessoa, sendo ele o ex-Comensal que é...

— Você tem certe-

O olhar assassino de Potter fez sua pergunta morrer. Se era isso que ele queria, então que assim seja.

Saíram do beco, seus ombros se tocando, sua mão coçando para segurar a dele, mas tudo era tão incerto...

Quando entraram na Dedosdemel, ele ficou feliz por resistir a tentação. Todos os olhos estavam neles. Colocou a touca para não ser reconhecido facilmente, mas estar com O Garoto de Ouro anulava isso. Ele só torcia para que todos prestassem atenção em Potter e não em quem estava com ele.

Falando em Potter, ele estava vermelho como um tomate. Afinal, todos pararam o que estavam fazendo e o lugar caiu em silêncio apenas para o olhar.

Draco lançou um discreto Filipendo em uma prateleira de doces, a fazendo cair e aproveitando a distração para puxar Harry para um corredor mais tranquilo.

Ele se apoiou em Draco, suspirando pesadamente. Era claro como um Expecto Patronum o quanto Potter detestava ser o centro das atenções. Ele ficava extremamente constrangido e vermelho.

Draco não entendia muito bem. Atualmente, ele não gostava de ser o centro das atenções, porque era o centro de atenções odiosas, mas se fosse amado e idolatrado como Harry... Merlin! Sairia na rua só para dar autógrafos.

Mas Harry odiava. Nitidamente. Ele estava praticamente hiperventilando e foi só por um minuto. — Ei, você que ir embora? — O olhou profundamente com a mão em sua bochecha. A mão gelada e estranhamente carinhosa o fez respirar mais devagar.

— Não quero estragar nosso encontro, ainda podemos ir no Três Vassouras. — Ele parecia desanimado, o verde completamente sem brilho e ainda, sim, se preocupava com o encontro deles.

— Onde tem mais gente, mais alunos de Hogwarts e mais bêbados? — Olhou para suas esmeraldas favoritas. — Harry, esse encontro foi incrível. Não me importo se acabar agora. — Acariciou sua bochecha, carinho transbordando do cinza geralmente gélido, seus lábios finos moldados em um sorriso pequeno e fofo. Estava tudo bem.

— Vamos então. O próximo será melhor. — Draco tentou manter todos os seus órgãos dentro do corpo, era quase a mesma sensação de receber um Expulso, mas de um jeito bom. Ele estava fazendo planos para os dois. Para o futuro! Ele pretendia continuar com aquilo! — Estou te devendo o encontro bom e o romântico.

— Vou cobrar. — Piscou, seu sorrisinho bobo e fofo se mantendo e fazendo o de Harry se espalhar. — Vamos. — Verificou se alguém estava prestando atenção, mas não estavam. Provavelmente acreditaram que Harry tinha ido embora.

A barra estava limpa, Draco agarrou o pulso dele e saíram rapidamente, correndo de volta para Hogwarts. Quando já estavam longe do vilarejo, pararam e começaram a rir. Draco se sentia como um garoto que acabou de fazer uma travessura e que não seria punido por isso.

Se apoiaram um no outro tentando recuperar a respiração e falhando miseravelmente, porque estavam rindo demais para isso. — Somos tão idiotas.

— Sim. — Harry olhou para o rosto completamente vermelho e o sorrisinho pequeno de Draco. É meio inacreditável como ele salvou o encontro e o tornou engraçado, divertido e bom, ainda era meio inacreditável a mudança nele. Mesmo quando ele parecia ser a pessoa que era antes, ele era diferente e melhor, muito melhor. — Obrigado, Draco. Adorei nosso encontro.

— Obrigado você por deixar eu me redimir, se alguém é responsável pelo sucesso desse encontro é você.

— Nós dois somos.

Chama Inefável {Drarry}Onde histórias criam vida. Descubra agora