Anahi abriu os olhos com muito esforço. Seu quarto não estava totalmente iluminado, mas mesmo assim ela piscou, a visão se habituando. Se sentiu perdida, sem saber realmente onde estava. Demorou apenas um instante a se habituar. Com a visão periférica, viu alguns fios presos nos dedos dela. A máquina ao lado indicava um batimento cardíaco relativamente tranquilo. As paredes brancas e a cama estranha a incomodaram um pouco, mas nada comparado a sensação de peso na cabeça.
Aos poucos, fragmentos do que havia acontecido se passavam como memórias curtas e rápidas na frente dos seus olhos. Ela ofegou, o coração se agitando um pouco. Obviamente ela não lembrava de tudo, mas lembrava que havia dor. Muita dor. Anahi sentiu um frio na espinha, franzindo o cenho. De repente, se sentiu extremamente incomodada com medo por estar ali sozinha. Ela tentou virar a cabeça para procurar o botão para chamar alguém, mas desistiu com a dor que a assolou. Sua única alternativa foi tatear ao redor, procurando com a mão livre. Por fim, encontrou o que procurava e aguardou até que alguém viesse.
— Olá, como se sente? — Uma moça loira, certamente mais nova do que ela, entrou no quarto. Ela parecia simpática e prestativa, apesar do horário.
— Me sinto estranha, com dor de cabeça e um incômodo na barriga. — Choramingou, um tanto quanto irritada por não conseguir se mexer direito.
— É normal o que você está sentindo, mas vamos entrar com uma medicação para dor. Você está no hospital, passou por uma cirurgia, mas está se recuperando bem.
— Minha família…— Murmurou, os olhos atentos à enfermeira.
— Não te deixaram nenhum minuto. Estão aqui desde o dia que você deu entrada no hospital. — Sorriu para ela, checando-a de perto. — Sei que você deve estar ansiosa para vê-los, mas precisamos primeiro conversar com o médico.
— Há quanto tempo estou aqui?
— Três dias. Não se preocupe, descanse. Vou verificar sua medicação.
A notícia de que Anahi havia despertado de madrugada deixou todos muito contentes. Eles se revezaram ali durante três dias, com exceção de Maite e Erika, que não saíram, e de Dulce, que precisou viajar a Chicago para ver sua família.
Já era manhã quando o médico foi conversar com eles. Com a notícia de que ela havia acordado, todos os amigos de Anahi estavam no hospital.
— Anahi está se recuperando bem. Eu vou liberar as visitas, mas aos poucos. Recomendo que só uma pessoa vá agora e que não faça perguntas e nem diga nada que a deixe agitada. A paciente ainda precisa conversar com um especialista quando estiver melhor, para então nos reunirmos em uma junta e decidir qual a melhor conduta para o caso. — Explicou o médico.
— Eu vou. — Maite se prontificou, dando um passo a frente para acompanhar o médico. Estava de moletom, rabo de cavalo e o rosto limpo, mas extremamente satisfeita pela amiga ter acordado.
Ninguém questionou. Alfonso ou Erika poderiam deixar Anahi agitada, Christian e Brad eram muito emotivos. A morena era realmente a mais indicada. Ela acompanhou o médico pelos corredores sem nem olhar direito para os lados. Só seguia o médico, as mãos enfiadas nos bolsos, com o único objetivo em mente de ver a amiga. Quando o homem parou em frente a uma das portas, Maite quase quicou de ansiedade.
— Ela está acordada. Você pode ficar 20 minutos e, por favor, lembre-se das recomendações. — Maite assentiu e o médico abriu a porta, dando passagem a ela.
A morena entrou devagar, fechando a porta atrás de si e respirando fundo ao pousar seus olhos em Anahi.
— Ei. — Murmurou, lutando para não deixar a emoção transbordar em sua voz.