menino (FIM DO ATO 3)

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Ao entrar na sala, Alastair já percebe o clima daquele lugar, mesmo sem ter uma única janela, o aposento era frio, o vidro na parede naquela sala não é mais do que um espelho gigante. Alastair acena para Geoff, mesmo sem conseguir vê-lo.

Eu detesto esse garoto, pensava Geoff, olhando para aquele aceno debochado, mal sabia ele que Alastair estava pensando a mesma coisa.

A cadeira em que o menino estava sentado se encontrava bem no meio da sala, ele estava amarrado com as mãos para trás, de cabeça baixa, como se estivesse prestes a dormir, efeito do sedativo fortíssimo que haviam injetado nele alguns minutos antes.

Alastair andou em volta da cadeira, o observando atentamente, seus cabelos eram lisos e pretos, sua camisa azul estava velha e rasgada, assim como sua calça marrom, ambos com aparência de segunda mão, eram roupas simples de uma criança que nasceu em meio a miséria e que não teve muita coisa na vida.

- Pretende começar hoje? - diz Geoff, através do vidro, com um tom impaciente.

- A pressa é inimiga da perfeição, meu caro - Alastair responde, de forma animada - Bea, você está aí?

- Sim, Mestre - responde Beatrice.

- Trouxe o que eu pedi?

- Trouxe sim, a ficha da nova cobaia.

- Nova cobaia? O que isso significa? - Geoff pergunta, confuso.

Alastair se afasta da cadeira e anda em direção a porta, do seu paletó, tira uma chave semelhante a de Geoff e tranca a porta.

- O que você está fazendo, Alastair? - Geoff bate no vidro com raiva.

- Bea, entregue a ficha para o nosso amigo e saia daqui - Alastair se afasta da porta e volta a se aproximar do menino.

Beatrice entrega a ficha nas mãos de Geoff.

- Quem é Alice, Alastair?! O que isso significa?! O Conselho deu ordens de começar especificamente com esse menino! Alastair! - Geoff fica furioso - Arrombem logo aquela porta!

Os homens de Geoff chutavam e empurravam a porta de aço com toda a força, mas não conseguiam abrí-la.

- Não adianta, Geoff, essa porta é de aço, nem uma granada vai conseguir arrombá-la.

Ele se ajoelha em frente ao garoto e coloca a mão no seu rosto.

- David? - o menino abre os olhos devagar, como se estivesse acordando de um sono profundo - Seu nome é David, não é?

O menino acena com a cabeça de forma fraca, o sedativo tinha um efeito forte e duradouro, então provavelmente ia demorar horas antes de recobrar a consciência normalmente.

- Alastair!!! - Geoff ainda gritava, mas era ignorado.

- Eu sei que você é um bom garoto e não merecia estar aqui - ele começou a acariciar o cabelo do menino - Mas você não tem a menor utilidade para mim.

Rapidamente, Alastair segurou os cabelos de David e empurrou sua cabeça para trás, com a outra mão sacou um pequeno punhal e a cravou no pescoço do menino com força.

- ALASTAIR, SEU FILHO DA PUTA!!! VOCÊ VAI PAGAR POR ISSO!!! - Geoff esbravejou com toda a força.

O menino se contorcia e engasgava com o próprio sangue, cuspindo um pouco no rosto de Alastair, que só tirou o punhal de seu pescoço quando ele parou de se debater.

David caiu morto da cadeira, o sangue começou a cobrir todo o chão, Alastair, com a sua mão limpa, tirou um lenço do bolso e limpou o seu rosto. Ele se vira em direção ao vidro.

- Ops, escorreguei - ele diz, de forma sarcástica.

- Garoto, você faz ideia do que acabou de fazer? Você acabou de desobedecer uma ordem direta dos Monarcas, você acabou de cavar a própria cova.

- Não, acabei de mostrar que eu não vou deixar nenhum velho degenerado e pedófilo decidir como eu vou conduzir o meu trabalho - ele encarava o espelho, seu olhar estava mais determinado do que nunca - O que eu vou fazer, será do meu jeito.

- Você não vai viver o suficiente para isso, vou me certificar de que todos saibam a sua transgressão.

O rapaz anda em direção ao vidro, ficando bem em frente ao rosto de Geoff, mesmo sem poder ver, sua intuição sabia que ele estava exatamente naquele local.

- Eu acho que não, sei que você fez o dever de casa sobre mim e o meu passado, não posso negar que fiz o mesmo - Alastair tira um pequeno papel do bolso, estava sujo de sangue, mas o conteúdo ainda poderia ser lido perfeitamente - Você foi um menino muito mal, Geoff.

- O que é isso?

Alastair coloca o papel no vidro.

- Isso? Nada demais, apenas uma pequena pesquisa que a Bea fez sobre o bom e velho Monarca Geoff, juiz aposentado, que desviou uma enorme quantia de dinheiro dos cofres do Conselho nos últimos meses.

- Não me calunie, menino! Meça suas palavras antes de atacar minha honra!

- Sabe, a Bea consegue ser mais esperta do que eu às vezes, até tenho medo do que ela pode fazer, e que tipo de informações ela pode conseguir - Alastair pega o papel e coloca novamente no seu bolso.

- Eu juro que vou matar você, garoto!

- Não vai não, se eu morrer, ou a Bea, ou meu pai, ou qualquer um do meu círculo social, essa belezinha aqui vai parar direto na mesa do nosso amado Sr. Helms, e nós sabemos como ele é rigoroso com os traidores, já estou querendo saber se ele vai começar arrancando os dedos da sua mão ou do seu pé.

Geoff já estava vermelho de raiva, mas, apesar de ser um homem impetuoso, ele não era insensato, a jogada de Alastair tinha sido arriscada demais para ser um blefe, sabia que não tinha outra saída a não ser fazer o que ele quer.

- Bom - continuou Alastair - Como você está calado, deve ter percebido que não tem outra alternativa além de me escutar, a não ser que você queira morrer, claro. Minha tática não vai adiantar em nada se você for um suicida.

- O que você quer que eu faça?

Ao ouvir essa frase, Alastair sorriu de forma diabólica, de orelha a orelha, seu plano havia funcionado perfeitamente.

- Como estou feliz em ouvir isso, nós estamos nos entendemos.

- É, só um segundo... - responde Geoff, alguns minutos depois, sons de tiro puderam ser ouvidos através do vidro - Pode falar, agora somos só nós dois aqui.

- Perfeito, já estava aqui pensando em como eu iria matar seus homens só usando uma faquinha, ainda bem que você já fez isso por mim.

- Fala logo, garoto - o desprezo nas palavras de Geoff era evidente.

- A garota na ficha, ela será minha cobaia e você irá convencer o Conselho disso.

- Feito! Só isso?

- Não, convença o Conselho de que você deve ser o meu supervisor nesse projeto em tempo integral, eu preciso de alguém que eu possa chantagear e vai ser muito trabalhoso a Bea conseguir os podres de outra pessoa que eles mandarem.

- Você é um bostinha escroto, não é? E eu achando que você era só um filhinho de papai mimado e arrogante.

- Obrigado.

Fim do terceiro ato.

A história continua em Ato 4: Beatrice.




salute! (Eu Voltei!!!)Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang