Capítulo 2: O que fazer quando o amanhã chegar?

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Hoje chegaram muitas cartas, na verdade já tinham algumas aqui. Eu não estava com disposição para nada, então não respondi e nem abri as cartas.
As que acabei de responder, foram dos meus amigos do Brasil. Sinto que um dia irei lá visitá-los.
Mas no meio de tantas cartas, recebi as de meus pais. Eles me mandaram uma carta novamente, pela primeira vez em alguns meses.
Minhas mãos gelaram ao tocar a carta, derrubei um pouco de café dentro do meu cinzeiro com alguns cigarros mortos de dias atrás.
Acredito que Anna escreveu um pouco da carta, essa folha é de um dos cadernos dela. A carta diz:

"Querido Per, sentimos sua falta.

Faz muito tempo desde que escrevemos a última carta, sabemos que você deve estar bravo, mas queremos que você volte pra casa. Todos sentimos sua falta, até mesmo Anna. Ela sempre pergunta onde está você..."

Eu não quis ler o resto, rasguei e joguei a carta fora. Eles não me querem naquele lugar hostil, só falam isso porque precisam de alguém pra descontar suas raivas.
Sinto falta dos meus irmãos, mas eu não posso trazer eles para esse inferno e muito menos voltar pra lá.

-Aí Pelle, aceita?- Necrobutcher abre a porta do meu quarto com um cigarro de maconha na mão, seus olhos estão mais vermelhos do que sangue e não são nem nove horas da manhã.
-Humm.-Exitei por alguns segundos franzindo meus lábios, mas logo acabei cedendo.-Me dá isso logo.- Dei duas tragadas e senti meus músculos relaxarem quase que imediatamente.
-Essa tá pura hehe!- Necrobutcher ri enquanto tira o cigarro da minha mão, então a porta se fecha e volto a pensar.

Sinto falta da morte, ela não veio me ver já fazem alguns dias, mas tenho algo que me faz lembrar dela.
Embaixo da minha cama, tem algo com seu cheiro. É único, ela me deu quando estávamos perto do riacho atrás da casa dos meus pais, posso até me lembrar do dia...

"-Per!!!- Minha mãe gritava meu nome ecoando por toda a vila.- Onde você está?- Eu a ignoro, penso em me afogar no lago, eu não sei nadar oque ajuda bastante.
-Olá meu pequeno, não escuta sua mãe o chamar?- Ela aparece sentada em uma das pedras, meus olhos cheios de lágrimas se encantam quando a vê.
-Me tire daqui, eu preciso...eu preciso disso.-Meus olhos deságuam enquanto caio sobre meus joelhos na beira do riacho.
-Não é sua hora pequeno Per, você sabe que não é. Mas tome um presente, você sempre vai lembrar de mim quando eu não estiver por perto.-Ela me estende um pequeno animal, minhas mãos o seguram com todo o carinho.
-Muito obrigada mor...onde está você?-Ela desapareceu em questão de segundos, então, minha mãe apareceu.
-Com quem você estava falando? Está tendo de novo aquelas visões? Sua maluquice está afetando seus irmãos, os vizinhos não querem ir à nossa casa por sua culpa...-Eu escondi o presente no bolso, ignorando tudo oque minha mãe falava, apenas me levantei e fui até meu quarto guardar em um lugar seguro aquela pequena criaturinha."

As vezes sinto que estou sozinho, sei que a morte tem ocupações e que infelizmente tenho que agir como um ser humano normal tendo amigos e pessoas à minha volta, porém isso tudo é cansativo e o ciclo sempre acaba com as pessoas indo embora.
Esse lugar não é meu, isso tudo é um sonho e sinto que meus dias finais estão chegando.
Antes que isso aconteça, vou juntar algumas moedas e segunda vou tomar café no restaurante do Mhanuel. Ele é talvez o meu melhor amigo, depois da morte. Ele sempre traz pizza escondido para nós nos shows, o pai dele não gosta de mim e nem do resto da banda. Talvez ele tenha razão, principalmente depois do Euronymous e Hellhammer quebrarem a mesa do restaurante dele dançando em cima dela. Saímos de lá com a polícia.



-Aqui minha filha, estou aqui!- Vovó Margit acena para mim com suas mãos enrugadas e unhas amendoadas com esmalte rosa pérola. Ela sempre amou pintar as unhas nessa cor.
-Olá vovó!- Lágrimas escorreram do meu rosto enquanto nos abraçamos.- Eu senti tanto a sua falta!
-Eu também minha querida!- Ela beija minha bochecha e responde com sua voz cansada entretanto doce.

Vamos até o carro dela conversando sobre a viagem. Meus pés estão dormentes e meu corpo cansado. Ainda assim estou triste, vovó percebeu.
Ao chegarmos lá, seu motorista nos esperava um pouco impaciente batendo um de seus pés no chão e olhando em seu pequeno relógio de pulso.

-Boa tarde senhora e senhorita Holt.- O homem loiro acastanhado nos olha com seus olhos cor de âmbar e dá um sorriso convidativo ao abrir a porta do carro e fala inglês com seu sotaque norueguês. Ele parece gentil, mesmo estando um pouco apressado.
-Obrigada Dušan.- Ela o responde e logo entramos no carro com as malas.- Nós precisamos conversar Sigrid.- Vovó fecha o vidro que dá acesso a vista de Dušan e me olha seriamente.
-O que houve vovó?- A olho preocupada.
-Não achei certo o que o seu pai fez, Joakim me deixou um tanto quanto...irritada. Nunca imaginei que meu filho fosse capaz de controlar as pessoas dessa forma, ainda mais se tratando de você, minha neta.- Ela olha impaciente para todos os lados, suas sobrancelhas estão franzidas, oque queria dizer que vovó Margit estava muito irritada.
-Eu...eu também tentei explicar isso a ele, mas sinceramente, eu estou aceitando essa viagem. Talvez seja algo bom, mas eu ainda não tenho certeza, vovó.- Minhas mãos tremem enquanto olho para meus sapatos de boneca, infelizmente não posso me vestir como uma jovem normal.
-Não se preocupe minha filha, vamos mudar isso aos poucos. E seu pai não precisa saber.- Ela me abraça e acaricia meus cabelos, oque me deixa levemente confortável.

Atravessamos a cidade toda até chegar na casa da minha avó. A cidade é muito bonita, faziam pelo menos 6 anos que eu não vinha aqui, muita coisa mudou.
Acho que segunda eu vou mandar uma carta para a Nikki e Kat, espero que elas me respondam, mas acho que apesar de ter odiado as escolhas de meu pai, sinto que algo me fará muito bem nessa cidade.












Amo-te morteOù les histoires vivent. Découvrez maintenant