All Magic...

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 Hoje acordei com sentimento diferente, seria o desejo de uma nova aventura? De uma nova, história? Um livro novo? De um novo alguém? Não, não pode ser.. Não preciso de alguém, eu já tenho alguém!

A saudade as vezes machucar de mais, mas em nome de tudo o que vivemos, sei que nunca vamos ser substituídos.

Ao deitar em minha cama, ouço barulhos na janela, já sei do que se trata, Robin, meu melhor amigo pedindo para entrar.. Quer saber o motivo de ele não entrar pela porta? A resposta é simples, as melhores aventuras sempre começam com um pouco de ação.

Ao adentrar meu quarto, o moreno de olhos coloridos se joga em minha cama, bem ao meu lado. -Olhos coloridos? Sim, Robin tem tem heterocromia, tendo assim, um olho azul e o outro grafite.- Somos amigos a muitos anos, tudo começou com a amizade de nossas mães.

Temos quase a mesma idade, ele é apenas 4 dias mais velho do que eu, mas se acha muito por isso, o garotinho chato!!

-Vamos viajar? -ouço sua voz e sorrio.

-De novo? -Pergunto ainda deitada, estava morta de preguiça.

-A última vez que viajamos foi nas férias, nossos pais estavam juntos, mas agora quero viajar pra outro lugar, vamos?

-Robin, eu não quero me meter em mais confusões, os meus pais já estão super bravos comigo por culpa da Zel.

-Deixa de ser medrosa Regina, vai ser só uma viagem!! -enquanto o mesmo se levanta de minha cama, a porta de meu quarto é aberta logo revelando a presença de meu pai.

-Da próxima vez use a porta olhos loucos..

-Ah tio, sabe como é né? As melhores aventuras começam com um pouco de ação! -sorrio e vejo o Robin dando uma piscadinha para o meu pai que também sorri. -Minha mãe já está indo tio Henry?

-Já sim, ela pediu pra eu vir te chamar.

-Tá bom, eu já vou descer.

-Pela porta moleque, chega de pular as minhas janelas!

Observamos o meu pai saindo e então meu amigo volta a falar.

-Amanhã as 10hrs eu chego.

-Muito cedo!!

-Deixe de ser preguiça garota! -e lá se foi ele. Como já estava tarde, resolvo dormir de uma vez, amanhã teria uma grande aventura.

......

Na manhã seguinte acordei determinada, pronta para a aventura que fosse, assim que cheguei na cozinha, preparei um lanche e voltei voltei meu quarto, poucos minutos depois o Robin já estava lá e então demos início a nossa aventura.

-Acha que vamos demorar muito?

-É um caminho longo, mas já enfrentamos coisas bem piores.. Relaxa Regina, tem muitas emoções pela frente, temos uma vida inteira para explorar esse mundão e encontrar a felicidade, mas enquanto isso, temos nossas aventuras.

-Nossa, eu só estava preocupada com a hora do almoço, mas obrigada por suas palavras motivacionais, me tornar uma pessoa com um pouco menos de fome.

-Garota!! Não vou nem falar nada!!

Saímos da cidade pequena e entramos em uma menor ainda, confesso que estava tremendo de medo, mas o meu amigo sempre me passava confiança.

Entramos em um estabelecimento para comprar algumas coisas para comermos e advinha? O dono resolveu implicar, chamou até a polícia e falou que estávamos roubando. Como iríamos explicar que éramos dois adolescentes viajando sozinhos, que só estavam ali comprando algo para comermos? Meio complicado né? Vendo que não teríamos outra escolha, assim que saímos de dentro do estabelecimento acompanhados pelo policial, olhamos um para o outro e nos preparamos, saímos correndo em direção a grande floresta, o medo me cercava, mas não o medo de está entrando em uma floresta, mas o medo de que o policial nos encontrasse, imagina, filha de papai indo pra delegacia depois de ter sido acusada de furto em uma mercearia! O cúmulo!

-Corre Regina, corre ou vamos nos encrencar!!

-Para de falar meu nome seu imbecil, já imaginou se ele ouve isso e nos identifica?

Com as respirações falhas, continuamos a correr até perceber que não estávamos sendo seguidos. Será que o policial se quer veio atrás de nós?

Não sabemos, mas corremos feito loucos, ai senhor, que isso nunca mais se repita! Andamos por longas horas até encontramos uma estrada que nos levou a outra estrada, pegamos carona com um casal de idosos que nos assustavam muito, mas seguimos calados, melhor os velhinhos assustadores do que a prisão!

As horas iam se passando e finalmente nos deixaram em uma cidade grande, ficamos maravilhados, a primeira coisa que fizemos foi comer algo, aqui sim era um bom lugar, não fomos seguidos ou acusados de algo que não fizemos. Aproveitamos ao máximo que poderíamos mas eu sentia que algo estava diferente, mas ainda não sabia o que era.

-Hood..

-Pra esta me chamando assim, a coisa tá feia...

-É só que.. Sei lá, tem algo errado, alguma coisa não está certa. Estou começando a ficar com medo, medo de verdade.

-Vamos aproveitar o tempo que ainda temos Regina, vamos aproveitar a vida!! -suas palavras eram entusiasmadas me fazendo assim sorrir.

Seguimos com tudo o que tínhamos direito, salto de paraquedas, passeio de barco, comidas típicas, corrida, pulamos em uma cachoeira, jogamos moedas na fonte, visitamos museus, teatro e antigas construções, nos realizamos e sorrimos alegremente.

Nosso dia estava chegando ao fim, com ele a certeza de que novas aventuras nos aguardavam, era sempre assim. Nossa volta pra casa foi menos turbulenta dessa vez, bastou fechar o livro e voltarmos a realidade, havíamos acabado de sair de um mundo literário para o mundo real.

Sabe o que mais me dói? Perceber que eu estava certa o tempo todo, algo me incomodava em descobrir o que era, os meus medos eram reais, os meus medos se tornaram a minha maior dor.

Abro meus olhos e sorrio, não um sorriso de felicidade, um sorriso de tristeza e saudade. Saudade do Robin que se foi, saudades das nossas aventuras, dos nossos mundos imaginários, dos nossos risos, saudades de suas pedras em minha janela. Saber que não o verei entrando por ali me causam uma dor constante.

Robin, ou Hood, como eu o chamava quando estava com medo, foi o meu melhor amigo durante 18 anos, ele me apresentou os livros, me presenteou com vários, e quando se foi, me deixou com todos. Em sua carta de despedida a família ele me citava diversas vezes. Todos os seus livros me foram entregues, além do livro, recebi uma chave e um bilhete que dizia "Não demore, ela não merece morrer de fome, ame-a como me amou, e ela será sua companheira assim como eu fui. Nada é por acaso, me perdoe por não ter lhe contado, as vezes em que sumi, estava buscando ajuda, mas foi graças a você, que entendi que tudo é um ciclo, te amo eternamente.

           Com amor: Robin Hood, aquele que por você, faria tudo de novo"


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