Anti-ansiedade

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Depois do péssimo ocorrido Anastacia vai para seu quarto ainda em choque e com crise que abrangia cada parte de seu corpo, branca como as quatro paredes de seu quarto, pega um caderno em sua estante pequena de livros e vai para seu lugar favorito, o telhado que dava de frente ao seu quarto, puxa as cortinas de tule rosa que balançava por causa do vento e senta -se ao telhado, dentro do caderno tinha uma caneta, e começa a escrever: 

"Não entendo porque ele faz isso com ela, e não sei porque ela aceita, algo que tenho em mente é nunca admitir que alguém me trate assim como meu pai trata a minha mãe, eu não aguento isso, isso dói em mim e no Liam, nem se fale, por mais mimado que seja, não merecia também esse tratamento e muito menos ter como exemplo masculino essas atitudes do meu pai. 

Sabe as vezes só gostaria de sumir, só queria um lugar de paz, sem essas brigas, mas como deixar minha mãe e meu irmão aqui , eu os amo demais para simplesmente desaparecer e não fazer nada se quer em relação as atitudes do meu pai. Ele é um bom homem, só não sabe agir, e quando estressa se torna outra pessoa, seu olhar não é o mesmo, se torna obscuro, alguém violento toma conta do seu corpo, não é o mesmo Sr. Albert Montgomery que todos conhecem: sorridente, amigável, carinhoso, amoroso, entre outros adjetivos, com certeza não era a mesma pessoa e isso me assustava porque eu o amava, mas não quando tornava-se esta pessoa."

Escrever a acalmava, já que não tinha amigos para que pudesse desabafar, a única forma era aquele seu caderninho de 100 folhas brancas, com capa branca e cerejeiras espalhadas pela capa, o vento batia em seus cabelos longos e pretos e atingia seu rosto, gostava de sentir aquela brisa noturna, aquele lugar era o melhor, podia ver as luzes da cidade e ainda enxergava algumas estrelas espalhadas separadamente pelo céu.

....

Acordou confusa, o caderno estava na sua mão esquerda e a caneta em sua mão direita ambos apoiados na sua barriga, tinha dormido de barriga para cima, eleva a cabeça assustada e tinha dormido no telhado, no mesmo momento passa pensamentos em sua mente: 

- Putz, não posso estar atrasada. 

Seus pensamentos ganham voz, passa pela mesma janela que entrou adentrando o quarto, olha para o relógio ao lado do criado mudo de sua cama que encostava a parede da direita em frente a porta: 06:00 horas, um alívio abrange seu peito, não estava atrasada, daria para tomar café da manhã ainda, bem que não tinha muita vontade de descer pelo clima que tinha ficado pela noite anterior. 

Apenas toma banho em seu banheiro, uma das coisas que mais gostava, pois não compartilhava o banheiro com ninguém, pois seu quarto era suíte e tinha a oportunidade  de sair de casa sem ver ninguém e realmente hoje não estava com a mínima vontade de vez alguém ali. 

Prossegue a mesma rotina de todos os dias, mas hoje a saída foi diferente, pulou pelo mesmo telhado que adormeceu, assim não precisava descer as escadas e dar de cara com alguém, visto que próximo ao telhado tinha uma árvore, dando acesso facilmente ao gramado no fundo da casa, sai e corre para o ponto de ônibus. 

Chega ao ponto e se senta naquela banqueta de espera que já estava bem enferrujada por sinal, coloca sua mochila preta e simples no colo, pega seu fone em um dos bolsos da lateral da mochila e os coloca, dentro da parte principal, pega o mesmo caderno da noite anterior e começa a escrever já com a caneta nas mãos, que deixa sempre por dentro do caderno, já se tornando o kit completo de anti-ansiedade: 

"Acho essa minha vida tão monótona, meu Deus, só queria algo de diferente acontecesse sabe, essas crises de ansiedade que não para, o meu pai e o jeito dele agir, não pode ser que minha vida seja só isso, quero conhecer o mundo, quero ter muito sucesso financeiramente, quero me casar , quero ter amigos pela vida toda, quero levar os meus amigos na minha mansão com piscina e cinema, onde eu e meu marido conquistamos e moramos, quero ter dois filhos, quero entrar a igreja com aqueles vestidos de princesa cinderela e lá no altar estar o homem da minha vida me esperando, quero ser uma mulher forte que por onde passa  todos  admirem e falem - quero ser como ela - são sonhos que acho tão distantes de conquistar pelo que estou vivendo, nem tenho uma amiga se quer como vou ter vários amigos, mal sei flertar e não me acho nem um pouco atraente, como vou conquistar um Chris Evans da vida, esse sim seria o homem da minha vida, pena que as vezes nem tenho vontade de levantar da cama, sério eu me odeio por isso, posso ter todo potencial do mundo para conquistar esses sonhos, mas é muito distante da realidade que vivo, as vezes acho que vou formar e abrir um escritório em casa mesmo e advogar causas cíveis por lá..." 

Fecha rapidamente o caderno quando percebe um homem sentando ao seu lado o seu perfume era familiar, mas não olha para o lado para ver se o reconhecia, já avista o ônibus que para no ponto abrindo a porta, se levanta rapidamente e já adentrando o ônibus com o pé direito e com ajuda do corrimão que utiliza para dar um empurrão para frente para entrar, passa pela catraca e senta na janela da segunda fileira da direita, olhando para o lado da rua, não viu o homem que sentou do seu lado entrando, logo o ônibus prossegue a sua rota. 

Chegando na faculdade senta na área externa  do campus em mesas com bancadas compostas por seis lugares e uma tenda verde, alternava as cores de mesa por mesa, verde ou branca que era as cores da Universidade, coloca a mochila na mesa e à abre, procurando por seu caderno, que não o localiza e isso já a deixa congelada por dentro.

- Não pode ser que eu o perdi. - seus pensamentos ganham voz alta. 

Começa a revirar toda a mochila, e tirar tudo que há dentro, mas sem sucesso não acha e mais uma vez fala com voz de choro:

- Não pode ser que o perdi, minha vida... 

Uma voz masculina por trás a interrompe, o perfume era familiar.

- Perdeu isso moça?! 

Com um leve toque Anastacia se vira e lá estava ele, segurando seu caderno e sua caneta. 


Espero que gostem 

Críticas e elogios são sempre bem-vindos, isso motiva a continuar escrevendo. 

Anastacia: Em busca do seu larOnde histórias criam vida. Descubra agora