Capítulo 12

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Jab, jab, cruzado. Jab, jab, cruzado. Cruzado, cruzado, cruzado.

O suor escorria para os olhos de Christian, fazendo-os arder. Ele passou o antebraço no rosto antes de cerrar o punho e atingir de novo o saco de pancadas. Quando algum pensamento se infiltrava em sua mente, batia mais forte. Pensamentos demais, sentimentos demais.

Jab, esquiva, gancho. Jab, cruzado.

Seus braços queimavam. Era uma dor bem-vinda, que incinerava tudo dentro de sua cabeça. Não havia nada além da resistência pesada da areia dentro do saco e do grave impacto que provocava ondas de choque pelos braços e pernas.

Jab, jab, jab, cruzado, cruzado, cruzado. Mais forte. Será que conseguiria derrubar o saco de pancadas preso por correntes? Talvez. Cruzado, cruzado, cruzado, cruzado...

Batidas escandalosas na porta o interromperam no meio de um soco, e ele olhou feio naquela direção. Sua irritação logo se transformou em receio. Poderia ser o senhorio querendo falar sobre o aluguel?

Jogando uma toalha sobre o pescoço, Christian abriu a porta.

__E aí? - Steve passou por ele, colocou um pacote com seis long necks na mesinha de centro e atirou a jaqueta de motoqueiro sobre o sofá. Sem se dar ao trabalho de olhar para Christian, foi até a cozinha e abriu a geladeira. __Tem alguma coisa para comer?

__Quem trabalha num restaurante é você, - Christian respondeu, voltando aos socos.

O saco de pancadas ainda balançava por causa da sequência de golpes que tinha desferido. Christian o endireitou antes de cravar o punho outra vez no couro gasto. Enquanto atingia o equipamento, ouviu uma série de bipes de micro-ondas.

__Vou comer as sobras que encontrei aqui, - Steve avisou. Christian o ignorou e continuou batendo.

O micro-ondas apitou. Pouco depois, Steve apareceu com uma tigela fumegante, sentou no sofá e começou a devorar o jantar de Christian. Fazendo bastante barulho.

Quando cansou de aturar aquilo, Christian parou de bater e falou:

__A maioria das pessoas come na mesa da cozinha.

Steve deu de ombros.

__Prefiro o sofá. - Ele enfiou uma garfada de
macarrão na boca e chupou os fios pendurados. Em seguida lançou um olhar para o primo como quem pergunta "que foi?".

Christian cerrou os dentes e tentou retomar o ritmo.

__Você anda puxando ferro? Seus braços estão maiores. Parece até que você tem uns pãezinhos escondidos aí, cara.

Endireitando o saco de pancadas, Christian perguntou:

__O que está fazendo aqui?

__Você vai se desculpar comigo ou não? Porque está sendo um primo de merda. De verdade.

Ele fechou os olhos e soltou o ar com força.

__Desculpa.

__Vou ter que pedir para você tentar de novo.

Ele se afastou do saco de pancadas e se jogou no sofá ao lado do primo.

__Desculpa mesmo. As coisas estão complicadas para mim e... - Christian apoiou os cotovelos nos joelhos e cobriu o rosto com as mãos enfaixadas. __Desculpa.

__Não entendo por que mentiu sobre ter namorada. 'Ninguém especial' o cacete. Está com medo de que ela não goste da família ou coisa do tipo? - Steve  perguntou com um risinho de deboche.

Christian teve que se segurar para não arrancar os cabelos.

__Não quero falar sobre isso.

__Porra, Christian. - Steve pôs a tigela na mesinha ao lado das cervejas e pegou
a jaqueta. __Tô caindo fora então. - Ele foi até a porta e virou a maçaneta.

Acompanhante de Luxo Where stories live. Discover now