Capítulo 17

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Ela deveria estar trabalhando. O projeto de lingerie on-line era interessante. Normalmente, já teria terminado. Mas não conseguia olhar para roupas íntimas ou mesmo ler a respeito sem pensar em Christian.

A gaveta onde guardava o celular parecia chamá-la. Queria escrever para ele. Aquilo era permitido? Afora a noite no escritório, eles só trocavam mensagens com fins logísticos.

Ela batucou com os dedos na superfície da mesa, então cerrou o punho. Como conseguiria seduzi-lo se não tinha coragem nem de mandar uma simples mensagem? Pegou o telefone.

Oi.

Mas apagou a mensagem antes de mandar.

Estou com saudade.

Só de ver aquelas palavras na tela suas mãos ficaram suadas. Eram diretas demais. Precisava apagar.

Queria confirmar os planos para hoje.

Ela apertou o botão de enviar, colocou o celular sobre a mesa e ficou olhando
para os monitores do computador sem conseguir se concentrar em nada. A tela do celular apagou depois de um tempo. Christian devia estar ocupado.

O telefone vibrou, mas não do jeito breve que indicava mensagem de texto. Ele continuou zumbindo e tremendo. Era alguém ligando.

Quando olhou para a tela, viu o nome de Christian e seu coração disparou. Ela agarrou o celular junto ao peito antes de atender.

__Alô?

__Oi. - Ao fundo, Ana ouviu a mãe dele tagarelando em vietnamita sobre o ruído da máquina de costura.

__Preciso usar as duas mãos no momento, então resolvi ligar em vez de escrever. Hoje à noite ainda está de pé. Naquele restaurante tailandês em Mountain View.

__Encontro você lá.

__Perfeito.

A máquina de costura parou, e o silêncio se estabeleceu no espaço virtual entre eles. Ana queria que Christian falasse. Queria ouvir sua voz de novo.

__Não esquece as roupas para ficar na minha casa. A não ser que não queira.
Não é obrigatório, - ela falou, apressada.

__Não, por mim tudo bem. Mas já esqueci.- Christian deu uma risadinha,e Ana apertou o celular com força. Estava com saudade dele de verdade, apesar de só fazer um dia que tinham se visto.

Grace falou alguma coisa, e Christian soltou um suspiro.

__Preciso desligar. Tomara que a noite chegue logo. Estou com saudade. Tchau.

Ela ficou sem fôlego antes de conseguir murmurar: "Eu também". Mas o telefonema já tinha sido encerrado, e suas palavras foram ditas apenas para si mesma.

Como as outras pessoas conseguiam cumprir suas obrigações diárias com uma saudade daquele tamanho? Ela precisava vê-lo.

Ana abriu a galeria de fotos do celular, que estava vazia. Agindo por impulso, mandou outra mensagem para Christian.

Quero uma foto sua no meu telefone.
Por favor.

Quando tinha perdido a esperança de receber uma resposta e já ia guardar o celular na bolsa, o aparelho vibrou.

Era uma selfie tirada na hora, um close do rosto dele com as sobrancelhas levantadas. Uma foto meio desajeitada, mas ainda assim fofa. Ana suspirou e esfregou o polegar no rosto dele.

O celular vibrou de novo.

Cadê a minha?
De cabelo solto.

Ela soltou uma risadinha de incredulidade. É sério?

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