Capítulo Doze: Parte três.

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- Uma bruxa? - Não consigo esconder minha incredulidade a respeito do assunto.

Nicolae me encara com um olhar habilidosamente calmo, e concorda:
- Uma bruxa.

- Uma bruxa. - Repito. Soa mais idiota quando eu digo. Mas Nicolae parece se sentir bem confortável em concordar.

- Uma bruxa, Any.

- Uma bruxa. - Repito novamente, como se dissesse ironicamente e cinicamente: "Uma bruxa, nada demais".

Agora posso ver um sorrisinho cúmplice esticando a linha fina nos lábios do meu chefe. Ele está sorrindo como quem pensa que é preciso desenhar para que eu entenda.
- Any, você é uma bru...

Interfiro.
- Não. - Me levanto. - Não tente dizer isso de novo. Eu sei bem o que eu sou e tenho absoluta certeza de que essa coisa não se chama... Bruxa. - Eu contorno a poltrona que estava sentada e caminho em direção ao hall da mansão, sobre o olhar cuidadoso do impenetrável Nicolae.

- Aonde vai? - Ouço sua voz calma, calma até demais, soando um pouco mais distante de quando estava sentada logo a sua frente.

- Eu vou ao meu quarto para...
Surtar? Provavelmente. Rir? Com toda certeza. Pensar tanto no assunto que vou me convencer de que sou uma...? Pode ser que sim.

Mas não consigo sair da sala de estar. Nicolae, com sua rapidez desumana, me ultrapassa em um piscar de olhos, e quando me dou conta ele está bem a minha frente impedindo minha passagem. Maldita habilidade de vampiro.

- Any, por favor. Sente-se novamente e vamos conversar melhor sobre o assunto. - sugere enquanto aponta para as poltronas de forma educada e receptível. Qualquer um concordaria que um pedido calmo e confiante como este é difícil de negar. Por tanto, não nego. Sento-me novamente na cadeira.

Eu poderia recapitular sua frase pelo resto da vida, e mesmo assim nem oitenta por cento conseguiria acreditar. Uma bruxa? Não é tão ruim assim. Ainda é inacreditável, e acho que continuará assim pelos próximos dias (ou anos), até eu ver com meus próprios olhos. De novo, aparentemente. Porque se eu sou mesmo uma bruxa, explodir duas janelas soa bem menos bizarro do que antes, pois agora existe uma explicação: Josh estava gritando comigo, isso me deixou impotente e frágil; Ele revelou que tudo o que cheguei a "sentir", era falso, pois ele me usou esse tempo todo; A angústia, dor e raiva fez com que algo dentro de mim desejasse explodir, e foi o que aconteceu.

Uma bruxa. Nossa.

- Se eu sou mesmo uma... Bruxa. Por que eu não sabia? Afinal, é meu corpo. Minha natureza, não? - Isso não faz o menor sentido. Dois meses atrás eu era uma jovem normal, com uma vida normal, pais normais e uma casa normal. Hoje eu sou uma bruxa que mora com vampiros. Amanhã será o que? Terei um lobisomem de estimação?

- Bom, não sabemos muito sobre bruxas, mas o suficiente para entender que nem todas nascem com esse conhecimento. Muitas desenvolvem na infância. No entanto, você vivia uma vida normal, Any, com uma família normal. Acredito que te ensinar magia para que você pudesse se desenvolver, não estava na lista dos seus pais. - O sorriso do Nicolae se torna mais cúmplice e em certa parte até mesmo brincalhão.

Eu continuo sem entender.
Se eu sou uma bruxa com pais humanos, o que fez com que eu me tornasse bruxa? Isso se meus pais realmente fossem humanos. Há tantas coisas que eu ainda não sei. Em pensar que antes minha única preocupação era saber o que aconteceu com a Mia.

Desejo: Um amor perverso (Beauany Fanfic)Where stories live. Discover now