Capítulo Quatorze.

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AINDA É TARDE quando meus olhos se abrem tão lentamente quanto se fecharam há uma ou talvez duas horas atrás. A lua continua iluminando meu quarto da forma mais invasiva o possível, deixando o contraste apenas da sombra formada pela árvore em frente a única janela do meu quarto. Eu não sei quanto tempo dormi exatamente, mas posso ter uma ideia. Meu corpo não parece restaurado da forma que deveria estar, o que me diz que eu não dormi tempo o suficiente para me sentir menos cansada. Ainda sim, é como se eu tivesse dormido no meu limite.

Como sei que ficar na cama já não adiantará grande coisa, desisto de permanecer deitada e me sento, inalando um ar profundo e fresco vindo do lado de fora da mansão. O lado positivo de se viver em uma cidade pequena, mais especificamente em uma mansão cercada por uma floresta: Você tem ar fresco e um silêncio sereno todos os dias e noites.
Retiro-me da cama, mas antes, dou uma conferida no relógio. Cinco da manhã. Não está tão longe do horário em que estou acostumada a acordar. Por isso, caminho para o banheiro, à fim de tomar um banho relaxante, já que fiquei tão entretida nos livros sobre bruxaria que me esqueci de fazer a higiene noturna. Embora eu esteja quase entrando no cômodo, um barulho suspeito faz com que eu pare tudo o que estou fazendo.

De instante não consigo identificar qual barulho foi. Mas assim que ouvi passos pesados e desesperados, senti que coisa boa não era. Há algo muito errado acontecendo e eu preciso ver o que é.
Sem nem pensar duas vezes, corro para fora do quarto, vestindo meu moletom apenas para garantir que eu não congele no caminho.
Quando meus pés pousam no tapete vermelho e enorme estendido pelo chão do corredor, fico atenta a qualquer barulho ou indício de situação suspeita. Não há nada iluminando o corredor, tanto que preciso ligar a lanterna do meu IPhone para poder ter a mínima noção do que estou vendo.

- Tem alguém aí? - cochido razoavelmente baixo. Está tudo tão silencioso, e morando em uma casa cheia de vampiros eu não preciso me preocupar em falar alto. Ponto para a audição sobrenatural dos Beauchamp. - Nicolae? - chamo, mas não há resposta.

Talvez tenha sido coisa da minha cabeça. Eu posso ter acordado tão rápido que meu cérebro imaginou coisas por alguns segundos.
Ou a Lizzie decidiu pregar peças em mim e quer me assustar. Agora que eu sei sobre suas verdadeiras espécies ela adora fazer comentários insinuando que eu serei sua próxima refeição ou brinquedinho. Eu não sei se me assusto por ouvir isso de uma garota de cem anos no corpo de uma criança, ou se me preocupo que ela possa estar falando realmente sério. Lizzie é assim, ela adora agir como se eu fosse o ser mais inferior já existido na face da terra.

- Ha, ha. Muito engraçado, Liz... - Sou brutalmente interrompida por um grito cortante. Um grito ensurdecedor. Desesperador. Agonizante.
Por alguns míseros segundos, meus instintos obrigam que eu fique parada com minha pulsação perigosamente elevada. E apenas quando sinto minhas pernas voltarem a funcionar é que corro em direção ao grito. Era um grito agudo demais para ser de um dos meninos, mas muito maduro para ser da Lizzie. Esse grito não é dos Beauchamp. Há alguém nessa casa.

Uma vítima deles, talvez? Eles são vampiros, e vampiros se alimentam de sangue humano. Certo que alguns se alimentam da energia ou da alma (como Joshua), mas os vampiros tradicionais se alimentam do sangue humano.
Céus, se eles estiverem atacando uma garota, eu não vou saber lidar com a situação.

Paro em frente o quarto da Lizzie, que fica ao lado da última porta no fim do corredor. A tão misteriosa e proibida porta.
Penso em abrir e porta do quarto da pequena Liz, mas o mesmo grito desesperado é ecoado logo ao meu lado, ecoando por todo meu corpo e gerando calafrios em minha espinha, passando pela costela e descendo até meus pés. Chacoalho meus ombros, de forma que o calafrio desapareça. Ainda sim, meu medo apenas se expande mais quando percebo que o grito não está vindo do quarto da pequena diabinha, e sim...

Desejo: Um amor perverso (Beauany Fanfic)Where stories live. Discover now