01. Sozinha

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No começo, ela estava simplesmente obstinada, arrastando os pés de forma que eles fossem forçados a puxá-la para qualquer lugar longe dali

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No começo, ela estava simplesmente obstinada, arrastando os pés de forma que eles fossem forçados a puxá-la para qualquer lugar longe dali. Com a faca em punho, Clarke se defendia como podia, sempre os atingindo a cabeça, como seu pai lhe ensinou pouco antes de ser mordido por um deles. Depois de um certo tempo fugindo e sem nenhuma parada, ela já estava desesperada, cansada, machucada e sem rumo. À sua frente, ela só conseguia enxergar os cenários mais repulsivos e aquele cheiro de morte que lhe deixava cada vez mais enjoada.

Há horas que ela não parava em algum lugar, estava anoitecendo e precisava de abrigo, cuidar dos seus ferimentos, precisava de água, precisava comer alguma coisa.

Chorar.

Sobretudo chorar muito, pois não teve tempo de fazer isso pela recente morte de seus pais.

O mundo à sua volta estava coberto de sangue e entranhas, para onde ela olhava era caos, ruas tomadas por mortos-vivos e nenhum ser vivo de verdade ela conseguia encontrar. Parecia estar sozinha no fim do mundo.

Se Deus realmente existia, por que ele havia a deixado? Que mal ela havia feito para ser castigada daquela forma?

Seus pés a levaram para o hospital onde sua mãe trabalhou por anos. Clarke verificou em volta e viu o pátio com corpos espalhados. Ela respirou fundo, era uma imagem desoladora.

Certamente, o hospital estava repleto daqueles seres vagantes, mas ela sabia que lá dentro, tinha o que ela precisava, água, comida e algum medicamento para os seus ferimentos.

Caminhou até à porta de vidro que dava acesso à entrada, e olhou para dentro da recepção. Ela contou cerca de seis deles, alguns vestidos de médicos, enfermeiras e pacientes, mas tinham algo em comum, todos haviam voltado do mundo dos mortos.

Ou será que aquele era o mundo dos mortos agora, e ela quem estava no mundo errado?

Clarke precisava de uma estratégia. Pensou nas possibilidades que tinha, em vez de sair por aí sem rumo, ela tinha que ter um objetivo ou acabaria morrendo ali mesmo no meio da rua. Olhou ao redor e procurou por algo mais eficiente do que uma faca. Mas não conseguiu ver nada, sabia que não daria conta sozinha dos muitos que haviam lá dentro. Então precisava pensar em algo inteligente.

"Eles se movem na direção de tudo o que for vivo".

Lembrou das palavras de sua mãe.

Clarke então, foi na direção do estacionamento, decidida a procurar por algo que a ajudasse. Se aproximou dos carros e logo um dos errantes começou a andar na direção dela. Clarke o atingiu com a faca na cabeça e se livrou dele.

Abriu um dos carros e procurou qualquer coisa que ajudasse a fazer fogo. E ela encontrou. No porta-luvas de outro veículo, encontrou cigarros e um isqueiro. Agora ela precisava de combustível, isso era mais fácil, visto que a rua estava repleta de carros batidos e virados e alguns estavam vazando combustível.

HERDEIROS DA TERRA| Bellarke [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora