01. estou voltando para casa

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Foi apenas um sonho ruim.

Jeongyeon acordou ofegante e assustada, porém grata por tudo não ter passado de um sonho ruim. Não apenas um sonho ruim, na verdade, um pesadelo. Foi isso que ela pensou porque era assim que Jeongyeon definiria uma vida sem ela.

Ela suspirou profundamente e se sentou para regular a respiração quando algo no canto dos seus olhos lhe chamou a atenção. Se virou e olhou para a garota adormecida deitada ao seu lado. Ah, oi. Estava escuro mas ela estava ali, então estava tudo bem, Jeongyeon pensou.

A cabeça dela estava girando um pouco e a sua mente ainda estava enevoada. A luz da televisão silenciosa era a única coisa que provia alguma claridade naquele quarto escuro que Jeongyeon residia há pouco mais de um ano. Ela sentiu uma brisa fria vindo da janela aberta e notou que a cortina balançava com o vento. Aquilo provavelmente foi o que a despertou, uma vez que Jeongyeon sentia frio facilmente.

Ao invés de se levantar para fechar a janela, Jeongyeon puxou as cobertas e abraçou a mulher que estava deitada ao seu lado. Respirou fundo na esperança de sentir conforto no cheiro familiar que ela tanto amava, mas em vez disso encontrou um perfume totalmente diferente. Foi apenas então que Jeongyeon finalmente percebeu que algo estava errado.

Tudo. Tudo estava errado, na verdade. Ela notou tarde demais.

Jeongyeon se afastou abruptamente, mas a outra garota pareceu não se perceber. Ela apenas puxou a coberta na altura do peito e se mexeu um pouco para ficar mais confortável na cama após a ligeira interrupção do seu sono.

Foi naquele momento também que a realidade atingiu Jeongyeon como um relâmpago: não era ela. Não podia ser. Não mais. Há muito tempo.

Não era apenas um pesadelo como ela havia pensando antes, era a sua realidade, era a vida dela agora. Realidade a qual ela já tinha se acostumado mas por alguma razão - e essa razão tinha um nome marcante, um rosto lindo, porém um endereço atualmente desconhecido - ela tinha se permitido esquecer na noite anterior.

A realidade também lhe trouxe de presente uma tremenda dor de cabeça. A realidade ou a ressaca, seja o que for, Jeongyeon não estava em condições de discutir aquilo naquele momento.

Ela não encontrou o telefone na mesa de cabeceira, por isso apertou os olhos para que pudesse ver o horário no canto esquerdo da televisão, onde o jornal matinal estava no ar. Eram 6:25 da manhã e ela fez uma careta. Cedo demais para estar acordada em um final de semana.

Jeongyeon tentou se lembrar do nome da garota ao seu lado, mas nada a respeito da noite anterior estava muito claro para ela. Myung, talvez? Minji? Era algo com um M... ou talvez um N...?

Porra, Jeongyeon, você é melhor do que isto. Ela se repreendeu pensando em como aquele tipo de coisa não tinha nada a ver com ela.

Mas não tinha como ela mudar o passado, então resolveu focar nas coisas mais importantes que ela tinha para pensar naquele momento.

Começou considerando as suas opções: ela devia acordar a... Maria? Não, provavelmente não era isso... Ou ela deveria esperar um pouco mais? Era domingo, afinal, então não era como se ela tivesse aula ou alguma outra coisa para fazer. Além disso, Jeongyeon não queria ser rude e expulsar a Maria da casa dela tão cedo. Mas será que elas sequer teriam alguma coisa para conversar sobre quando ela acordasse? Será que ela deveria fazer um café da manhã pra Maria ou algo assim? Merda, Jeongyeon definitivamente não sabia lidar com aquele tipo de coisa. Por que diabos ela se colocou em situação como esta, em primeiro lugar?

Mas ei, pelo menos ela é bonita, talvez tenha valido a pena, Jeongyeon pensou e logo em seguida revirou os olhos para si mesma.

Isso não é hora pra pensar nesse tipo de coisa, você nem sequer se lembra do que aconteceu!, a versão responsável e madura de Jeongyeon repreendeu o sua versão idiota de um adolescente hormonal de 16 anos.

dejavuWhere stories live. Discover now