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"pode ser tão doce, pode ser tão amargo, vou te amar de qualquer maneira" - it'll be okay, shawn mendes. 


JEONGGUK 

Enquanto vejo o rosto adormecido de Taehyung na poltrona ao lado da cama, repasso na mente o que aconteceu no dia anterior. E não estou falando do fato de que eu quase morri, e sim do que aconteceu enquanto isso.

Eu me lembro perfeitamente de me sentir mais fraco que nunca, senti meu corpo ficar completamente mole e sem controle. Minha respiração começando a ficar lenta e suave, do cheiro de Taehyung ficar cada vez mais longe, da minha voz falhar enquanto eu dizia que o amava.

Então, no outro instante, eu não estava mais abraçando ele, estava ao lado da cama. Vi Taehyung se assustar com o barulho estridente da máquina de monitoramento, vi os enfermeiros chegando aos montes no quarto. Vi Taehyung começar a chorar compulsivamente... Eu consegui ver tudo, até eu mesmo.

Desacordado, mole e quase morto.

Naquele momento, ignorei completamente a algazarra que acontecia diante de mim, e passei a me observar. Meu rosto estava calmo, sem nenhuma ruga de preocupação na testa, dormia serenamente. Aquilo me deu uma sensação estranha de paz. Senti tudo ficar em silêncio de repente. Ouvia apenas meu coração.

Então, um cheiro invadiu meus sentidos e uma figura parou ao meu lado. Seu cheiro doce e suave me deixava atordoado, e com medo de me virar para ver quem era. Mas, quando me virei, tudo ficou mais quieto ainda. Como se fosse possível.

Era minha mãe. Olhava para o meu corpo desacordado, sendo alvo de várias mãos que queriam me puxar dali. Seus fios escuros caíam ao lado do rosto bonito e maduro, tendo um pequeno sorriso no rosto. Não entendi o sorriso, já que ela olhava seu filho sendo ressuscitado diante dos olhos.

— Consegue sentir, JJ? — ela perguntou com a voz doce, causando-me grande surpresa, pois ela me fez desbloquear uma memória que nem me lembrava que existia: ela me chamando de JJ. — Consegue sentir o esforço deles de te trazer de volta à vida?

Depois dela dizer isso, prestei atenção no que sentia. Olhei para eles, vendo que Dr. Choi havia se juntado a eles, e segurava aqueles dois negócios que nunca soube o nome, descarregando grandes choques no meu peito. Eu senti um desconforto, senti meu coração pular, mas não voltar a bater. 

— Consigo.

— Venha, vamos para o jardim. — ela disse, estendendo a mão para mim. Olhei para ela com espanto, e logo ela solta uma risada — Não, estou dizendo o jardim do hospital. Não se preocupe, não vou te levar se não quiser.

Ainda receoso, peguei na sua mão pequena e macia, e me deixei ser levado por ela pelos corredores do hospital. As paredes estavam mais brancas, mais brilhantes, me deixavam com dor de cabeça. Quando saímos no jardim, a luz do sol me cegou por um instante, e logo estávamos sentados num banco diante de uma grande árvore verdinha.

Ela ficou em silêncio, sentindo a brisa suave que batia, ainda com um sorriso no rosto. Olhar para ela me deixava... Fazia meu coração bater calmamente, me fazia sentir anestesiado. Me deixava feliz.

— Está aqui pra me levar, mãe? — perguntei a ela, vendo seus olhos se abrirem lentamente e pousar em mim. Me olhava com tanto carinho...

— Não sei. Talvez.

— Talvez?

— Sim, talvez. — me encarou por um tempo — O que quer fazer, JJ?

Sua pergunta me pegou de jeito. Vendo que não conseguia responder algo assim, ela reformulou sua pergunta:

até o último suspiroOnde histórias criam vida. Descubra agora