Thirty three

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Lauren POV

Já faz quase uma semana que não vejo, nem tenho nenhum contato com Camila. Depois de Normani ter atendido ao meu telefone e de ter sido flagrada na cafeteria com outra mulher, eu sabia que Camila teria alguma reação defensiva, mas para ser sincera eu esperava uma explosão da sua parte, não quietude.

Até quando vou pegar ou levar o Benjamin não a encontro. Acredito que esteja me evitando, mas cansei de correr atrás dela. Já fiz de tudo para recuperar sua confiança, sei que algumas coisas não foram legais de se fazer, mas isso mostra o tamanho do meu desespero para reconquistar minha família. Não quero dizer que não a amo, que não quero voltar a compor a nossa linda família. Só cansei de correr atrás do vento.

Ao finalizar meu trabalho hoje irei buscar o meu filho na escola e passaremos o fim de semana juntos. Decidi que vou aproveitar cada segundo da sua companhia, afinal o tempo está passando, meu filho está crescendo e em breve não terá mais tanto prazer em ficar na minha companhia, certamente preferirá a de seus amigos.

***
Compramos uma pizza no caminho para casa e a comemos durante algumas partidas de vídeo game. Eu costumava ser boa em jogos eletrônicos, mas essa nova geração de jogos é muito difícil para mim, perdi todas as partidas.

Desisti de jogar e decidi apenas assistir ao jogo do Ben, ele era mesmo muito bom. De repente meu celular notificou uma postagem no Instagram, era uma foto que Camila havia postado numa balada com algumas amigas. Elas seguravam drinks no alto, como num brinde, e sorriam para a foto. Na legenda dizia: "Quem tem amigas nunca chora sozinha, sem vocês seria meu fim."

Fiquei ali olhando para a foto e pensando no que a legenda dizia. Me perguntei por que Camila escreveria essas palavras. Estaria ela chorando? Eu gostaria de ser a pessoa com quem ela dividiria seus problemas, a pessoa para quem ela dirigiria aquelas palavras, mas, pelo visto, não havia mais espaço para mim em sua vida. Resolvi largar o celular e me concentrar na presença do meu filho.

***

O final de semana passou rápido, sinto que não aproveitei tanto a companhia do meu filho quanto eu gostaria, mas não posso reclamar, antes era muito mais escasso nosso tempo juntos.

Segui a programação de toda segunda-feira: levei o Ben para a escola e fui trabalhar. Depois do almoço, estava em atendimento a um cliente quando meu celular tocou.

- Oi, Camila, desculpa mas não posso falar agora, estou com um cli... - nem deu tempo de concluir a frase, Camila me interrompeu.

- Lauren, é o Benjamin, ele está no hospital.

No mesmo instante desliguei a chamada e expliquei ao cliente que precisaria remarcar nossa visitação à propriedade, pois havia ocorrido algum problema com meu filho. O cliente foi compreensivo e eu pude seguir em direção ao hospital. No meio do caminho me lembrei que não sabia em qual hospital eles estavam, então decidi parar o carro e ligar para Camila e obter essa informação.

Camila atendeu aos prantos, tentei ser o mais rápida possível, mas dirigi com cautela para não ser mais uma pessoa hospitalizada.

Cheguei ao hospital e encontrei a Camila na sala de espera, ela estava em agonia, andava de um lado para o outro. Me aproximei dela e a abracei, essa foi a minha primeira reação.

Depois de um longo abraço, Camila me explicou que o Ben sentiu um forte dor na barriga durante a aula de educação física e a diretora da escola o trouxe imediatamente para o hospital.

Assim que soube do ocorrido ela me ligara, mas ainda não tinha notícias do estado do nosso filho.
Esperamos por ali por cerca de duas horas, sem nenhuma notícia. Quando o médico veio nos informou que o Ben teve uma crise ocasionada por pedra na vesícula e que o estágio de agravamento estava bastante avançado e, por isso, tiveram que fazer uma cirurgia de emergência para a retirada da vesícula biliar.

Os médico nos explicou que essa remoção não influenciará na digestão do meu filho, pois
a bile flui diretamente para o intestino delgado em vez de se concentrar na vesícula. Contudo, a partir desse momento teríamos que zelar pela boa alimentação do nosso pequeno. Uma dieta balanceada, rica em nutrientes e vitaminas, em lugar de alimentos ricos em gorduras e colesterol. Além disso, fazer exercícios regulares, dando adeus à vida sedentária.

O pós operatório requereria 2 ou 3 dias de repouso absoluto, mais duas semanas para uma recuperação total.

Eu e Camila ouvimos atentamente cada recomendação do médico, mas estávamos ansiosas para poder ver o nosso filho. Quando, enfim, o médico nos liberou para podermos vê-lo, ele estava dormindo em seu leito. Parecia que o pesadelo havia acabado.

Eu e Camila ficamos ali, velando o sono do nosso pequeno, até que ouvi a voz de Camila sussurrar perto de mim.

- Vamos ter que pensar numa estratégia de revezamento para cuidarmos dele durante esses dias. - ela proferiu.

- Sim, precisamos, mas poderia fazer isso mais tarde? Agora só quero ficar perto do meu filho.

- Tudo bem, conversamos depois.

E assim, passamos o restante do tempo em silêncio, apenas esperando o Benjamín acordar. Camila também acabou adormecendo em um dado momento e eu era a única naquele quarto que estava desperta.

Senti vontade de tomar um café e os deixei descansando enquanto fui buscar o pretinho. Peguei um para Camila também, pois imaginei que iria desejar um depois do susto que nosso filho lhe deu. Quando retornei ao quarto ambos já estavam acordados, Camila chorando de emoção, de ver nosso filho bem, e o Ben ainda um pouco sonolento, acredito que por causa da anestesia que recebeu para a cirurgia. Entreguei o café a Camila, que me agradeceu com um sorriso grato nos lábios. Vê-la tão fragilizada me dava vontade de lhe abraçar e proteger, mas infelizmente não posso fazer isso, então estar presente é a forma que tenho para mostrar meu apoio.

Camila e eu ficamos ao lado do nosso filho, lhe dando carinho e mostrando que podia contar conosco sempre.

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