11 - Ruas desertas e meninos teimosos

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   Eles brincaram de pega-pega por um bom tempo, a única coisa que impediu a brincadeira de durar horas foi o próprio sedentarismo da maioria dos adolescentes. A exceção de João, Késsia e Eric (que pareciam estar em uma competição interna), todos estavam mortos nos primeiros trinta minutos.

— Vocês são muito moles mesmo, ave maria. — zombou João.

— É, a gente nem correu tanto assim.  — falou Eric.

— Não deu nem pra cansar direito. — completou Késsia.

Eles disseram levemente ofegantes, um ao lado do outro, ao passo que o restante da galera arquejava sem forças no chão.

— Fácil... pra vocês... dizerem — arfou Luigi.

— Quando disse que queria poder correr, não era isso que eu imaginava — disse Bento — Minhas pernas estão tremendo até agora!

— Culpa da ideia de gerico da Poliana! — reclamou Filipa — Argh, tô toda suada! 

— Nem vem Filipa, você bem que gostou. Foi muito divertido! 

— A Poliana tá certa, foi legal mesmo. — defendeu Eric.

— Mas me diz, como é que vocês aguentam correr tanto?

— Depois de ter aulas intensivas de balé na companhia de dança, nada mais me abala, amiga — riu Késsia.

— Eu não tive as mesmas aulas que a Késsia, mas a professora Débora pode ser infernal. — disse Eric.

Ninguém discordou.

— E você João?

— Eu mantenho esse corpinho aqui com muito surfe! E batendo uma bolinha de vez em quando, claro. — gabou-se o nordestino.

— Depois que esse aí descobriu o surfe ninguém mais arranca da praia — delatou Bento.

— Foi o Guilherme e o tio Marcelo que arrastaram ele pra isso. Aff, não sabem falar de outra coisa! Quando não estão falando de surfe, tão discutindo futebol.

Poliana achou muito legal ter um amigo surfista, e os amigos não deixaram o comentário passar batido, zoando até o infinito e além. Depois de muitas resenhas, o sol se pôs.

— É galera, tá escurecendo e nós temos que ir. — levantou-se Bento. — Tia Ruth foi categórica sobre nosso horário de voltar.

João revirou os olhos, mas levantou também, amaldiçoando o jeito certinho do primo.

Késsia e Luigi também avisaram que estavam indo embora.

— Somos vizinhos agora. — explicou o loiro.

— É, minha mãe encasquetou que o Luigi tem que me acompanhar até em casa. — reclamou Késsia, então rolou os olhos falando: — Como se o Luigi fosse me proteger de qualquer coisa. Mais fácil ele sair correndo e me deixar pra enfrentar o perigo.

— Ô Késsia! — protestou o rapaz, fazendo-os rir.

Os dois abraçaram Poliana, se despediram de todos, e seguiram caminho.

— Bom, já que tá todo mundo indo, eu vou também. Poli, não se importa de voltar sozinha né? Minha mãe avisou que está vindo me buscar, vamos ao shopping.

— Claro que não, minha casa é aqui pertinho, posso ir só.

Filipa mandou um beijinho para a prima e foi embora. Eric, que não é bobo nem nada, aproveitou a oportunidade.

— Se quiser, eu posso te levar em casa Poli.

— Não tem necessidade, obrigado. — interrompeu João. — Eu levo ela.

Poliana - Sobre crescimento e escolhasWhere stories live. Discover now