18- Primeiro dia de aula

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Mais uma vez Poliana foi jogada pra fora da cama por sua própria animação, chegando até a acordar mais cedo que o necessário de tão agitada. Na noite anterior havia organizado cada um dos seus materiais milimetricamente, obstinada a não esquecer nada, não hoje. 

Ignorando todos os protestos do seu corpo, Poliana pulou direto para um banho de água fria, lavou os cabelos de forma diligente, e escovou os dentes por mais de sete minutos. Vestiu o uniforme novo que consistia em um vestido e uma jaqueta, os quais foram muito bem passados na noite anterior também. Tudo pra estar o mais arrumada possível pro primeiro dia de aula.

As coisas estavam caminhando exatamente como planejado, então seu cabelo quis fazer as coisas desandarem. Tanta diligência pra lavar, tratar e ele simplesmente decidiu que não estava afim de se comportar no penteado super fofo que ela havia aprendido num tutorial da vida! Puxou, retorceu, desembaraçou, prendeu, puxou, mas não teve jeito. No fim se contentou em passar uma escova e deixar solto mesmo.

— Traíra. — resmungou escovando as pontas pela última vez, sentada na penteadeira.

— Poliana, está pronta?

Otto apareceu na porta, fazendo-a esquecer toda a zanga em dois minutos para abraçá-lo.

— Pai, você voltou!

— É claro que sim. — deu tapinhas carinhosos na cabeça dela. — Achou que eu não viria acompanhar a minha filha em seu primeiro dia de aula?

— Apesar de que estou um pouco grandinha demais pra ter meu pai me levando. — disse olhando para o pai sem sair do abraço.

— Grande ou não, suponho que tenho algum tempo perdido pra repor, não?

— É, suponho que sim. — ela sorriu, apertando os olhos. — Vamos?

Otto deu passagem pra que ela saísse.

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A Ruth Goulart é um escola prestigiada, requisitada e acima de tudo muito disputada. O primeiro dia de aula era a confirmação de uma vitória para muitos  e Poliana se relembrou do sentimento de entrar aqui pra estudar pela primeira vez: a animação, o nervosismo, o medo do desconhecido... Tantas histórias começaram aqui, e se findaram também... Foi uma sensação boa contemplar o lugar em que ela desenvolveu a capacidade de se defender, onde formou suas primeiras opiniões e fez muitas das suas melhores amizades. Saber que cresceu, e o quanto evoluiu desde então.

Saiu do carro e se despediu de Otto, entrando de uma vez.

Viu alguns rostos familiares, cumprimentou alguns funcionários com quem fez amizade (como Lindomar, por exemplo), mas demorou a achar seus amigos. Foi só depois de pedir informação que ela soube que todos já estavam no auditório para o discurso de boas vindas da diretora. Revirou os olhos pra si mesma, ela já deveria saber disso.

O auditório estava abarrotado de adolescentes, porém Poliana pôde distinguir as cabeleiras cacheadas dos seus amigos.

— Licença, opa, com licença... Opa, cheguei. — disse passando pelas fileiras de assentos. — Bom diaaa...! Tem lugar pra mim aí? Tem? Obrigada.

— Bom dia Poli. — respondeu Késsia, sendo acompanhada em coro por Luigi e Bento.

— Demorou hein, bichinha? Quase que não chega à tempo do discurso começar. 

— Foi mal João, é que o meu pai me trouxe e ficamos batendo altos papos. Isso e o fato de eu ter esquecido completamente da cerimônia de boas vindas, mas isso é só detalhe.

Poliana - Sobre crescimento e escolhasOnde histórias criam vida. Descubra agora