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𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 𝐓𝐫𝐞𝐬: 𝐄𝐧𝐭𝐫𝐞 𝐀 𝐌𝐨𝐫𝐭𝐞 𝐄 𝐀 𝐕𝐢𝐝𝐚

𝑺𝒐𝒐𝒌𝒊𝒆

𝑨 𝑺𝒆𝒓𝒗𝒂 𝒅𝒐 𝑫𝒆𝒔𝒕𝒊𝒏𝒐 𝒒𝒖𝒆 𝒓𝒆𝒄𝒆𝒃𝒆𝒖 um dedo da própria Morte e ceifava vidas com ele estava parada atrás de Sookie. A garota arregalou os olhos. Esperava não encontrar com aquela mulher nunca mais, entretanto lá estava ela, real e estática em suas costas.

— Zoth! Quanto tempo! — Exclamou a garota, sem disfarçar a surpresa nas palavras.

— Só se for para você, pois para mim foi um piscar de olhos. Continua a mesma insolente de sempre, mas aparentemente menos insossa. O que faz aqui, garota? — A Serva mantinha a usual expressão inabalável, os olhos inexpressivos, os lábios formando uma linha fina com um leve traço de desdém.

O que faz aqui? Por que está aqui? Como chegou aqui? Você é daqui? Perguntas que Sookie estava acostumada a ouvir. Nunca um elogio, sempre questionamentos sobre ela.

— Também não sei — disse Sookie sendo sincera, entretanto teve a certeza de que a Serva tomou a resposta como uma afronta.

Zoth analisou o lugar, então voltou a encarar Sookie.

A Serva mudou de expressão, franzindo o cenho e apertando os lábios.

— Como está fazendo isso? — Indagou Zoth, com o olhar focado nas mãos da jovem emanando um brilho cintilante.

— Fazendo o que?

Um lampejo de raiva brilhou nos olhos pretos de Zoth.

— Está drenando a vida da floresta, menina. Claro! Foi por isso que fui atraída para este lugar — ponderou a Serva.

Sookie olhou ao redor, percebendo como a noite havia ficado mais densa e escura, como a energia do lugar parecia abalada. Os cogumelos murchos, a grama seca, quebradiça.

— Não, não. Não é possível. Sabe disso, sabe que não passei no teste para me tornar uma acólita do Templo das Servas. Estava lá, viu que eu não sou capaz de conjurar magia porque não tenho magia. — As palavras surgiram instantâneas na boca da menina, não foram pensadas, só saíram. Era fácil demais negar que possuía magia, pois a magia sempre fora negada a ela. Mesmo que sentisse algo diferente ali e naquele momento acontecendo com seu corpo, mesmo que visse com os próprios olhos o brilho vibrante em suas mãos, negaria até a morte porque era isso que sempre foi feito. Negar.

Zoth estalou a língua com indiferença.

— A destruição que está causando a está floresta foi o que me invocou. Não seja tola menina, a magia pode ser manifestada até o último dia de sua vida.

Não. Sookie não acreditava nisso.

Nos momentos mais importantes de sua vida a magia não estava lá para ajudá-la. Nem mesmo quando se sentia morta, apodrecendo por dentro.

— Estou em Senmid. Era para eu estar morta.

A Serva enrijeceu.

— Solte o que quer que esteja prendendo dentro de você. Esta magia não lhe pertence, menina.

Sookie recuou. Não sabia no que acreditar.

Se era mágica como a Serva alegava, deveria saber. Deveria ao menos saber controlar a magia. Mas, não podia ser mágica. Nasceu vazia e morreria vazia. Era isso o que diziam, era nisso que acreditava.

Zoth agarrou seu pulso, despertando uma dor incandescente irradiar por todo seu corpo. Era como nanquim tingindo tudo dentro da garota, quimando a cada pincelada. Era como uma erva daninha se alastrando.

A Serva a encarou nos olhos. Ah, aqueles terríveis olhos da Serva varrendo qualquer alegria do rosto da menina, apavorando-a.

Sookie sentiu a vida a deixando. Cada fio tecido agora saía dela.

As mãos da Serval eram como frias teias de aranha envolvendo sua pele, mas sua magia queimava mais que o fogo.

Quando terminou Sookie caiu de joelhos, arfando com dificuldade na grama que voltava a brilhar aos poucos

Uma mancha preta da coroa de Zoth surgiu onde antes havia estado a mão da Serva.

— Que fique marcado para sempre na sua memória esse dia — declarou, assistindo a garota caída. — Volte para casa, menina. Terá sorte se sobreviver — concluiu, sumindo em meio a suas sombras e deixando Sookie sozinha novamente.

O lugar parecia desdenhar de Sookie. Os cogumelos não estavam mais murchos, nem a grama estava quebradiça. Havia somente a menina sem forças para se levantar, soluçando e desorientada.

Após algum tempo, ela se lembra vagamente de se levantar e cambalear até a Membrana Divisora.

Lembra-se de se jogar naquele véu rosado, esperando encontrar um mundo dourado feito de areia, com nuvens branquinhas e fofinhas, com o céu estrelado e o vento caloroso balançando seu cabelo.

Uma vez tendo piscado para a vasta Cidadela erguida diante de si, tendo inalado aquele ar adocicado, Sookie estremeceu e perdeu a consciência, caindo novamente, porém dessa vez em casa.

𝐀 𝐄𝐬𝐩𝐢ã 𝐃𝐨 𝐒𝐨𝐧𝐡𝐚𝐝𝐨𝐫Where stories live. Discover now