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𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 𝐐𝐮𝐚𝐭𝐫𝐨: 𝐀 𝐏𝐚𝐫𝐭𝐢𝐝𝐚

𝑺𝒐𝒐𝒌𝒊𝒆

𝑺𝒐𝒐𝒌𝒊𝒆 𝒏𝒂𝒐 𝒔𝒆 𝒍𝒆𝒎𝒃𝒓𝒂 𝒅𝒆 𝒔𝒆𝒓 𝒆𝒏𝒄𝒐𝒏𝒕𝒓𝒂𝒅𝒂 𝒊𝒏𝒄𝒐𝒏𝒔𝒄𝒊𝒆𝒏𝒕𝒆, de ser carregada até a Casa Branca, o lugar onde os Curandeiros atendiam os doentes.

Acordara em casa, ouvindo parcialmente os pais e a irmã discutindo sobre a situação.

— O que aconteceu? — Indagou Sookie, recostando sobre a cabeceira da cama.

A mãe abriu um sorriso enorme quando viu que a filha havia finalmente acordado.

— Sookie! — Exclamou abraçando a garota. — Temi tanto que não melhorasse, querida.

Dusan, seu pai, transbordava ternura ao afagar carinhosamente o cabelo da garota.

— Você é o mais novo recorde oficial da vizinhança! Dormiu por dois dias inteiros — disse ele, sentando em uma cadeira perto à cama.

— Ei isso não vale, ela estava inconsciente. Você está melhor, maninha? — Foi a vez de Niara expressar-se.

Sookie piscou lentamente algumas vezes antes das memórias preencherem as lacunas.

Invadir o Barco Voador.

Suspeito na cabine.

Escalar o casco.

Atravessar a Membrana.

Zoth.

Sair.

As memórias estavam picotadas, como cenas de um passado distante.

Mas, ela se lembrou de viver, brilhar e consumir uma energia diferente. Então, de devolver e perder toda força que lhe pertencia. Lembrou-se de Zoth a obrigando a renunciar a magia.

Ela checou o pulso. A marca de Zoth ainda pairava sobre sua pele. Então era permanente.

— Acho que preciso ar — admitiu Sookie.

Ar.

O ar ali parecia mais pesado, difícil de respirar. Sentia que poderia sufocar se não abrisse as janelas.

Ela deu um salto da cama.

Seus pais protestaram mas ela não deu ouvidos.

Tropeçou algumas vezes até alcançar a janela e puxar as abas bruscamente.

Pôs a cabeça para fora e inspirou.

Respirou, pausadamente, inspirando e expirando, forçando o corpo a encher os pulmões até o limite.

Ainda faltava ar.

Sookie se imaginou como um peixe fora d'água, lutando inutilmente para sobreviver.

— Sookie, está tudo bem? — Perguntou a mãe, tocando os ombros a garota.

O toque dela estava enviando uma luz quente e acolhedora para seu interior.

A mãe estava usando seu dom, sua magia de fada curandeira, Sookie percebeu.

— Vou ficar bem — sussurrou a Sookie,  aceitando a magia da mãe entrando em seu corpo.

Três batidas fortes na porta de madeira reverberam pela casa, ameaçando a paz do círculo familiar ao redor da garota.

Dusan caminha intrigado até a porta e abre-na.

Ele arregala os olhos, assustado e surpreso com os convidados peculiares.

— O que querem aqui? — Indaga ele para seu antigo colega de patrulha, quando não passavam de meros subordinados à verdadeira Vanguarda de Caça.

— Sua filha. Sua majestade, o rei, exige que ela seja levada para aguardar seu julgamento nas Catacumbas.

Dusan ajeitou a postura de militar, ficando em posição de alerta.

— Qual delas?

— Vamos lá, Dusan, não temos todo tempo do mundo. Sabe de quem estamos falando, do "lobo em pele de cordeiro" — prossegue Mathias, agora chefe da patrulha meridional.

— Sookie não cometeu crime algum, portanto não deve ser levada.

Mathias aperta o punho de sua espada no coldre, resignado.

— O que está acontecendo, querido? —
Guineva perguntou ao aproximar-se cautelosa, com Niara a seguindo.

— Não é nada, meu bem. Volte lá para dentro e me espere, já estou indo.

— Ah! Qual é, Dusan? Vai mesmo obrigar sua mulher e sua filha a assistirem eu te dar uma surra?

— Mathias? — Questionou retórica Guineva.

— É bom te ver novamente também, Guineva — replicou ele, puxando a espada.

— Ela não é uma criminosa, Mathias. Avise ao rei que não passa de uma criança teimosa — insistiu Dusan, sem mover um centímetro, determinado a defender sua casa da invasão dos patrulheiros.

— Sinto muito, amigo, mas ordens são ordens — disse Mathias por fim, antes de partir para cima do velho companheiro.

Dusan desvia do primeiro golpe com um passo para trás.

Guineva solta um grito estremecido e arrasta a filha para perto de si.

Mathias e o outro guarda cercam Dusan, desarmado, convicto de que apenas suas habilidades corporais serão o suficiente para defender seu lar e sua família.

A escada estala com os passos incertos de Sookie descendo. Ela arregala os olhos circulados por olheiras acidentadas ao se deparar com a cena catastrófica instaurada em sua casa.

Dusan tenta resistir ao golpe certeiro dado por Mathias em seu abdômen. Sangue escorre pelo chão e pinga lentamente da espada do guarda.

Naiara se debruça sobre o pai e lança raios luminosos em sua ferida, ao passo que Guineva é tapeada ao tentar impedir o outro guarda de avançar em direção à menina na escada.

O guarda alcança Sookie, que está fraca demais para resistir e acaba por desabar nos ombros do homem, facilitando seu trabalho.

— Por favor Mathias, por favor ela é só uma menina! — implora Guineva de joelhos, se arrastando no encalço do homem.

— Vá cuidar de seu marido. Ao contrário dessa garota ele realmente precisa de sua ajuda — retruca o chefe, atravessando o portal da casa.

Guineva desaba em lágrimas e se junta à sua filha para curar o marido.

Eu... sinto... muito — murmura Dusan para a esposa, que acaricia sua bochecha o reconfortando.

Niara lança um último olhar taciturno para a porta escancarada, observando a figura dos três homens com um deles carregando sua irmã sobre os ombros ficarem desfocadas.

𝐀 𝐄𝐬𝐩𝐢ã 𝐃𝐨 𝐒𝐨𝐧𝐡𝐚𝐝𝐨𝐫Where stories live. Discover now