Inflamar

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I believe that there is courage

But it's burning like ash in the wind

And I'm broken to pieces

Begging to be whole again

(Eu acredito que há coragem

Mas está queimando como cinzas ao vento

E eu estou aos pedaços

Implorando para ficar inteiro novamente)

The EverLove - Make Me Beleive

Em uma abrangência tão escassa, eu sinto as dúvidas se entrelaçando em meus pulsos como cordas que puxam e puxam até um grito mudo me escapar

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Em uma abrangência tão escassa, eu sinto as dúvidas se entrelaçando em meus pulsos como cordas que puxam e puxam até um grito mudo me escapar. Entre não querer ser arrastada e me perder, pego-me questionando o que aconteceria se eu ficasse.

O fogo, o perigo do qual meus instintos tanto pedem para eu correr, se aproxima, ondulante, consumidor e perceptivo de meu medo. Acima do medo surge a raiva, que urra pelas minhas veias e exige saber as circunstâncias da situação.

Por entre dentes cerrados, grito onde, quando, por quê? Com uma certa desatenção pelas cordas insistentes, escuto o eco responder com os resquícios da última questão, retumbando um o quê?

Talvez fosse uma indicação de que estava fazendo as perguntas erradas, deixando que as tentativas falhas ecoassem longe demais no vazio ao qual havia me acostumado. Acostumei-me a não sentir nada além da ausência e toda e qualquer mudança no horizonte se igualava a um perigo iminente.

Minha zona de conforto de sabe-se lá quanto tempo, percebi estarrecida, foi construída às pressas por um torpor que não queria soltar suas garras de minha essência.

O fogo que achava estar ali para me consumir não queria minha destruição. As cordas em meus pulsos não passavam de mãos gentis tentando guiar o caminho para fora da armadilha.

A raiva se transformou em lágrimas, mas nem mesmo o sal encharcado foi capaz de apagar as pequenas chamas circundantes, iluminando a cegueira de uma alma perdida no relento. Deixei que inflamassem cada poro da minha existência, que transformassem cada ponto que acreditei conhecer bem demais.

Segurei melhor as mãos que me guiavam e aceitei a ajuda para me colocar de pé. Fitei a mudança nos olhos e concluí que ficar no lugar não era uma opção.

Comecei a caminhar. Olhei para trás uma última vez e sussurrei Até mais. O eco, sempre pelas metades, retrucou um mais.

Mais.

Mais.

Mais.

Gostei de carregar aquilo como um lembrete, uma permissão interna de me permitir ser mais. Depois que as chamas fizessem seu trabalho, eu iria buscar alcançar as pontas que o vazio mandara para fora, alcançar além..

Afinal, o que sobra depois de o fogo consumir os arredores? "Nada" não seria a resposta. Eu prefiro pensar que se trata de um recomeço.

E foi esse o texto de hoje! O que acharam?

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E foi esse o texto de hoje! O que acharam?

Esse foi um dos primeiros da coletânea, e retornou como o último da primeira parte. Aqui se finda a parte um, "raiva". Palpites para a próxima parte?

"Inflamar" para mim acabou conversando muito com "Incêndio", mas eles ainda são um tanto diferentes. Aqui, é como se o fogo fosse finalmente aceito e compreendido. Ainda assim, fica aberto para diferentes interpretações. 

E mantenho a pergunta das antigas notas desse texto: o que gostariam de queimar para começar do zero novamente? (Ou seria recomeçar?)

Bom, espero que tenham gostado! Até o próximo, já iniciando a parte dois! ❤️

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