Fôlego

41 4 33
                                    

I see the candle burning down

Before my eyes, before my wild eyes

(Eu vejo a vela queimando

Diante dos meus olhos, diante dos meus olhos selvagens)

Fleurie - Breathe

Uma massa de medos me envolve dos pés à cabeça, como um cobertor

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

Uma massa de medos me envolve dos pés à cabeça, como um cobertor. No entanto, ele não me aquece, mas me deixa fria e sentindo as dores de todas minhas suposições diretamente nos ossos.

Eu vivo com essa névoa densa de pensamentos ali, presente e constante. É curioso quando penso que é possível atingir um certo grau de normalidade mesmo com essas distrações implantadas fazendo de tudo para eu tropeçar.

Eu construo um cotidiano ao redor dessa névoa, às vezes nunca me atrevendo a aproximar demais, e por um tempo é plausível, até mesmo possível, viver ao redor dela. Eu não a olho nos olhos e vice versa.

Até ela começar a tomar meus sentimentos. Manchar minhas memórias.

Um a um, os momentos perdem a sensação vibrante que tinham antes e se tornam mais tensos, mais endurecidos nas bordas. Como a cera de uma vela, vejo meus últimos resquícios de essência se consumirem, a chama que os mantêm vivos não aguentando por muito mais tempo.

Afinal, nem o fogo sobrevive sem oxigênio.

E é assim que essa névoa me domina, entrando em meus pulmões aos poucos, tampando meu nariz e boca para não ter por onde respirar.

No meio daquela normalidade fingida e ensaiada, pergunto-me o que estou me tornando. No que estou deixando que me moldem para ser.

Um desespero toma conta, e eu percebo que não quero ser apagada sem mais nem menos. Não quero deixar aquelas suposições agitadas fazerem morada, devorando meu sono e minha sanidade.

Eu engasgo. Busco o pouco de ar que ainda circula ao meu redor e me agarro a ele, como se fosse matéria.

Ainda quero lutar por aquilo que mereço ser.

É uma declaração silenciosa, que faz as suposições serpetearem, sentindo-se ameaçadas. Forço meus pulmões a se encherem.

Em um último fôlego, solto o ar que capturei, libertando-o em cima de tudo aquilo que me dissocia da realidade. A névoa se dispersa e uma tosse me acomete.

Caio de joelhos, o escuro embalando-me em seus braços. Ele não me assusta, na verdade, traz uma paz ao meu interior que transborda, acalmando minha respiração e meus batimentos cardíacos.

Então, percebo.

Estou respirando.

Com um riso regado de alívio, cedo ao cansaço. O escuro me aninha e, depois de mais uma camada de névoa vencida, descanso na tranquilidade da noite límpida.

Mas ainda há mais o que vencer.

E esse foi o texto de hoje! O que acharam?

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

E esse foi o texto de hoje! O que acharam?

Foi em "Fôlego" que eu percebi que minha escrita nessa coletânea estava diferente, mais "pesada", se impondo mais nas palavras. E a partir daqui que notei que esse projeto precisaria de mais tempo para ser pensado e estruturado.

Pois bem, hoje "Fôlego" foi repostado como o primeiro texto da parte dois da coletânea. Espero que estejam gostando!

E o que interpretaram dele?

Esse posso afirmar que foi feito numa madrugada de leve insônia 😅 Retratei aqui a ansiedade que alguns pensamentos estavam me trazendo naquele instante, numa forma de me aliviar, porque a escrita acaba sendo um ótimo remédio.

Bom, por hoje é isso! Até o próximo 💙

Faíscas AnímicasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora