Bandeira Branca

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I wouldn't say the things I do to anybody else

So why's it okay to say to myself?

(Eu não diria as coisas que digo para ninguém

Então, por que está tudo bem em dizê-las para mim mesma?)

Victoria Justice - Treat Myself

Palavras doces são como um vício

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Palavras doces são como um vício. Eu gostaria de ouvi-las sempre que estivesse me quebrando, aos poucos ser recolocada no lugar e indicada na direção correta. Gentilmente.

Então, não são um vício. São um curativo.

Alguém uma vez disse que nasci uma guerreira, talvez eu tenha nascido para lutar, e agradeço a força que essa pessoa vê em mim. Porém, não consigo acreditar que direciono essa energia de batalha ao alvo correto.

Eu estive em guerra comigo mesma por tanto, tanto, tanto tempo. Eu não me lembro de ter muito mais que alguns dias de paz com o que eu sou ao todo, consequência de ter acreditado que sou minha maior inimiga, que eu tinha um lado feio que precisava ser domado.

Pois eu não tenho.

Com uma certa dificuldade, finco minha bandeira branca no chão e grito pro vale à frente:

— Eu não quero guerra! Eu não desejo guerra!

Não comigo mesma. Não quando minha força para lutar tem de ser em ocasiões certas, contra desafios, não contra mim.

— Por favor. Aceite meu pedido pra que essa guerra se encerre.

Eu sussurro para o vale inexplorado da minha consciência. Dele, saem todos os meus medos que julguei tão indiscretamente, e eu fungo, tentando conter lágrimas enquanto derrubo minha espada e meu escudo.

As lágrimas já limpam a sujeira do meu rosto, e eu solto minha armadura, deixando com que caia no chão. Eu sou a próxima.

Me encontro ajoelhada, chorando e pedindo perdão para a única pessoa que eu preciso fornecer e pedir: a mim mesma.

— Me desculpe por não ter te ajudado antes, por ter te apontado como a vilã de uma história em que você nunca foi nada além de mim. Uma parte de mim que merece amor como todas as outras.

Para a minha surpresa, a outra parte de mim também chora.

— Você não fez nada mais do que eu faria em seu lugar. — diz a parte que eu tanto rejeitei, ajoelhando-se perante mim, nossos olhares se cruzando. Meu olhar cruzando o meu.

Por um instante, ela estende as mãos, e eu a vejo como imaginei muitos monstros: com garras longas no lugar dos dedos, como se carregasse maldade. Mas hoje eu sei que nem sempre os monstros são os que sustentam garras. Por vezes, eles são os que sustentam sorrisos brilhantes, por outras, nenhum dos dois.

Monstros vêm em todos os jeitos. E, no fim de tudo, o que raios é um monstro?

O que me importa é saber que não sou um. E, depois que o leve segundo contemplativo se passou, eu a puxei, abraçando-me como se fosse possível me perder de alcance mais uma vez.

Em momentos, estava com a testa apoiada em minha outra parte, como se estivesse tocando um espelho. E talvez estivesse.

— Me desculpe. — nós dizíamos uma a outra — Por uma guerra que você não mereceu, e por feridas que poderiam ter sido evitadas.

— Mas eu te perdoo...

— ... porque como eu...

— ... procurava fazer o melhor...

— ... para o que representamos...

– ... e não há uma parte de você...

— ... de mim...

— De nós — nossas vozes ecoaram juntas mais uma vez — Que não seja merecedora de amor e compaixão. E, por isso, eu te amo. Não com uma raiva indomável ou exigência imediata. Ainda temos pontos a resolver, mas eu te amo.

No fim, eu não sabia dizer que parte havia sido o monstro e qual a heroína, eu fui os dois em momentos diferentes com cada uma dessas partes. Mas nunca precisou haver distinção, porque eu sou uma coisa só.

Um inteiro.

Um inteiro buscando estar em paz consigo mesmo, e não em guerra.

Sabem quando escritores comentam que certos textos nunca veriam a luz do dia? Pois bem, esse seria um desses, por eu o ter escrito em um momento de alta identificação com a música, e demorar a encontrar uma ordem certa nas palavras

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Sabem quando escritores comentam que certos textos nunca veriam a luz do dia? Pois bem, esse seria um desses, por eu o ter escrito em um momento de alta identificação com a música, e demorar a encontrar uma ordem certa nas palavras. 

Bandeira Branca foi um fluxo de pensamentos que acabou sendo moldado nesse texto, em uma tentativa de me fazer compreender melhor o que sentia. 

Estamos quase chegando ao fim da segunda parte, falta só mais um texto. Espero que estejam gostando até aqui 💙

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Mar 18, 2023 ⏰

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