10.

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Todos os planos após o fatídico encontro com Cassian acabaram se desmanchando feito água. Nem mesmo o trabalho ocorreu como Nestha esperava. Os sintomas de gripe pegaram ela no dia de seu primeiro expediente. Isso foi bom por um lado, não ter que encarar Cassian, que havia mandado algumas mensagens pedindo para se encontrarem, as quais ela ignorou.

Três dias depois, o exame positivo de COVID fez Nestha revirar os olhos. Não só revirar os olhos, me se ajeitar como uma bola lacrimejante na cama, cheia de dores e catarros. Por sorte, Emerie e Gwyn faziam suas compras e deixavam as sacolas do lado de fora do apartamento de Nestha.

Além disso, fazia vídeos chamadas regulares com elas, e também com as irmãs, para não estar tão sozinha. Tinha descoberto que suas duas melhores amigas aparentemente iam a um encontra duplo, Gwyn com um homem alto e Emerie com uma loura que, segundo ela, tinha pernas incríveis. Aparentemente eles eram algo como amigos ou primos.

Elain estava fazendo planos com Lucien, Feyre organizando algumas reuniões em uma galeria importante da cidade. Tudo parecia andar bem, todos pareciam estar bem, mas ela se concentrava em pensar e pensar sobre Cassian. Não queria admitir que sentia saudade dele ou de suas conversas, mesmo que sentisse cada vez mais.

É estranho como as pessoas passam a fazer falta, o modo como os detalhes sobre elas se tornam tão preciosos quando as perdemos. Ela nunca imaginou como desejaria ver os olhos dele, brincalhões e luminosos, se fechando e criando ruguinhas nas pontas ao sorrir por conta de alguma frase sua.

Também não acreditaria se dissessem que sentiria saudades dos toques intrometidos de Cassian, sempre a cutucando, ou então enrolando as pontas de seu cabelo nos dedos, fazendo pequenos cachinhos. Às vezes também tinhas os beijos roubados que o homem parecia ter prazer em tirar.

Algumas vezes era sua bochecha o alvo, quando ele chegava e enchia toda região de beijinhos. Outros dias, Cassian parecia muito concentrado em outras partes, como a ponta do nariz, a testa, queixo ou os ombros. Ele ainda continuava sua saga de ficar contando as sardinhas de Nestha com beijos.

Em alguns dias ela acordava e era exatamente isso o que ele estaria fazendo, usando os dedos para contar as manchinhas ou então traçando desenhos entre elas. Na verdade, era bem costumeiro e recorrente essa mania de Cassian. Ele parecia tão fascinado por essas marcas naturais quanto Nestha era pela tinta preta talhada em sua pele.

Quando finalmente saiu da quarentena, Nestha se sentia um monstrinho miserável. Cabelo desgrenhado, rosto avermelhado e o corpo ainda levemente dolorido. Ela estava se recuperando do vírus infeliz quando batidas suaves ressoaram de sua porta até o interior do apartamento.

Ela não sabia quem a chamava, porque não estava esperando ninguém, mas foi rápida em abrir a porta. Quando viu o rosto da irmã mais nova ali, belo como sempre, mas um tanto tenso, Nestha relaxou e se preocupou ao mesmo tempo.

— Oi, Nestha. — Feyre disse, dando um abraço na irmã.

Felizmente já não era mais possível infectar alguém e ela conseguiu retribuir o carinho da irmã.

— Oi, Fey — falou em uma voz ainda machucada pelas tosses e espirros. — Não sabia que ia passar por aqui.

— Eu queria falar com você. — Ela deu um sorriso estranho.

Nestha respirou fundo, imaginando o tipo de bomba que viria. Conhecia bem sua irmã, até demais, para entender que uma Feyre aparecendo do nada em sua casa, com um rosto franzido, sempre significava alguma coisa.

Levou Feyre para a cozinha, onde ofereceu biscoitinhos de limão e chá. A própria Nestha resolveu abrir a geladeira e retirar um grande pedaço de bolo de chocolate, seu sabor preferido. Quando colocou todo o bolo na mesa, deu uma grande garfada que fez os olhos de Feyre se arregalarem.

Call me by NesOnde histórias criam vida. Descubra agora