Vulnerável

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Myoui Mina

Quando foi que eu comecei a me importar com as pessoas?

E que aperto no peito é esse, o qual eu sentia toda vez que eu via a Son chorando?

Nada disso fazia sentido na minha cabeça. Também não fazia a mínima ideia de onde surgiu esse instinto protetor que me fez agir por impulso quando o assunto era cuidar de Chaeyoung.

Hora estávamos brigando porque uma toalha molhada apareceu misteriosamente em cima da minha cama, outra eu me sinto na obrigação de cuidar desse serzinho frágil e delicado emboladinho no meu colo.

Ali estava eu, acariciando as costas dela esperando que seus soluços passassem.

Eu podia sentir o ritmo que seu coração fazia calmamente enquanto dormia.

— Minari...

Ela acordou.

Meu coração errou uma batida.

— Sim? — Respirei fundo, acho que ela notou a tensão no meu aperto ao redor de seu corpo.

— Eu quero água. — Sua voz parecia mais aguda que o normal. Talvez fosse pelo fato de ela ter passado exatos 30 minutos chorando, mas é claro que iria sentir sede.

— Fique aqui, está bem? Esqueci de repor a água do bebedouro.

Ela me agarrou.

Tão forte que eu quase fiquei sem ar.

— Não me deixa sozinha... Posso ir com você?

Seus olhos encontraram os meus entre o emaranhado de lençóis que eu enrolei em seu corpinho, adorável.

— Está bem. Só... Não saia de perto de mim. — Me levantei com ela em meu colo e suas pernas finalmente largaram minha cintura, se esticando para que ela ficasse de pés no chão.

Me separei da menor apenas para pegar nossos casacos e a chave da minha mais nova aquisição. A motoquinha.

— Precisamos mesmo sair do campus só pra comprar água? — Ela perguntou, seus olhos nos meus novamente.

— Não, mas eu não aguento ficar mais um segundo aqui dentro ou eu vou enlouquecer.

Chaeng assentiu em compreensão e vestiu seu casaco, que parecia ser três vezes maior que seu tamanho. Por que tudo nela parece ser enorme?

Saímos do quarto e eu tranquei a porta, apenas para garantir que nenhum idiota faça gracinhas com as nossas coisas.

Chaeyoung entrelaçou nossos dedos num aperto desesperado. Pude sentir sua mão tremendo a cada olhar lançado a nós. Qualquer um que olhasse, pensaria que tínhamos algum vínculo amoroso, mas não.

Ainda não.

[📖]

Son Chaeyoung

Eu não entendo.

De tantas pessoas no mundo, por que eu? Por que logo eu?

A minha arte é uma das coisas que eu mais prezo na minha vida. Tudo o que eu pinto ou desenho é um retrato real dos meus sentimentos, da minha individualidade! Que outra pessoa no mundo entenderia o real motivo pelo qual eu faço esse tipo de arte se não eu mesma?

Seria tão menos complicado se a misoginia e os pensamentos antiquados não existissem, mas não é simples assim. Eu sei que preciso aprender a lidar com os meus próprios problemas, mas dessa vez eu me vejo num beco sem saída.

Daqueles bem escuros e medonhos, sabe?

É assim que eu me sinto.

Tudo está em jogo agora. Minha intimidade, minha dignidade, minha vontade de viver e as minhas expectativas de que tudo vai ficar bem. Acho que nem os cristais energizados da Hyo vão me ajudar nessa situação, mas o que eu posso fazer? Chorar o dia inteiro e gastar a boa vontade que a Minari tem em cuidar de mim e me ouvir?

Espera..

Até que não é uma má ideia! Eu só preciso liberar tudo pra fora e contar com a Mimi pra me socorrer, é isso.

— Eu quero morrer.

— Não, Son Anão de Jardim Chaeyoung, você não quer morrer.

Neste momento, eu estava enroladinha entre os meus lençóis de princesa e com muita, MUITA fome.

— Minariiiiii... — Fiz beicinho.

— O que foi, pequena?

— Eu tô com fome. — Enfiei o rosto no travesseiro e grunhi chorosa por ter sido chamada daquela forma.

— Tem comida no frigobar, levante sua bundinha minúscula daí e vem comer.

— A minha bunda é maior que a sua, ok?

— Chaeng, isso é sério, você precisa fazer um b.o urgentemente!

— Mas por quê? — Finalmente voltei minha atenção para a mais velha e me sentei na cama.

— Porque roubaram a sua bunda! Eu juro por Deus que vi alguém correndo por aí com ela.

Joguei um travesseiro na cara dela.

— Putinha desgraçada.

— Me ama que eu sei. Vem comer, bora.

— Só como se você der na minha boca. Aaaah — Abri a boca e esperei com os olhos fechados a comida chegar, mas recebi uma mordida meio forte no lábio inferior.

Corei.

— Mas- Por que você...?! — Arregalei os olhos desacreditada, mudando para uma expressão brava logo em seguida.

— Só se você deixar eu apertar a sua bundinha.

Só pode ser brincadeira.

— M-Myoui Sheron Mina! Como você ousa propor uma coisa dessas? Argh! Eu só queria comer. — Me joguei de bruços no colchão e comecei comecei dar vários soquinhos no travesseiro enquanto esperneava feito uma adolescente idiota.

— Você tem duas opções, baixinha. Ficar com fome ou comer com uma pequena condiçãozinha de nada. — Mas de onde foi que essa garota tirou essa atitude toda? Entrei em pânico ali mesmo.

— Tá bom. Mas só porque eu tô com preguiça de levantar daqui. — Imediatamente, senti algo quente deslizando pelas minhas costas, entrando por debaixo da camiseta.

Eram as mãos dela.

Eu nunca havia reparado no quão quentes elas eram, muito menos no poder que os toques de seus dedos tinham sobre mim.

Talvez, em algum momento eu tenha tido curiosidade sobre como era sentir o amor de alguém só por um simples gesto ou toque. Mas eu nunca achei que pudesse estar sentindo isso vindo de Mina ultimamente.

Suas mãos desciam cada vez mais. Leves, pacientes e extremamente delicadas. Meu corpo começou a sinalizar para que eu impedisse o que viria a seguir antes que ele reagisse àquele toque imediatamente.

Mas eu não movi um músculo sequer.

Eu queria aquilo, bastante até. Mesmo admitindo que o meu corpo não era um dos mais agradáveis comparado ao de Myoui, que tinha curvas milimetricamente acentuadas e uma elegância natural depositada em cada cantinho delas.

Me peguei pensando no que teria feito ela querer me tocar assim, justo nesse local. Mas parei imediatamente quando suas mãos adentraram por debaixo da saia que eu usava, apertando a carne escassa do meu bumbum no lado direito, depois no lado esquerdo.

— Mina, eu...

Congelei assim que ela apertou novamente.

— Ainda tá com fome, Son?

Fio Verde | MichaengOnde histórias criam vida. Descubra agora