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Andrew James

Edward e eu fomos os primeiros a ficarmos prontos para o baile, então conversamos na sala de estar, onde conseguíamos observar as escadas, enquanto esperávamos para sair. Do lado de fora, a carruagem já estava a nossa espera.

O som de sapatos batendo na madeira e o farfalhar de tecido foi o que nos fez levantar e esperar pelas damas da casa no pé da escada. Edward estendeu a mão para a esposa quando chegou no fim da descida e, depois, Alice passou o braço ao redor do dele.

— Scarlet já está vindo? — Edward perguntou mas não ouvi nada depois disso. Não sei se Alice respondeu e eu apenas não prestei atenção ou se nem foi preciso ela dizer nada a Edward, já que foi nesse momento que Scarlet despontou no topo da escada. Aqueles instantes em que ela desceu até onde estávamos esperando foram segundos demorados e, aos mesmo tempo, não foram o suficiente para que eu absorvesse tudo o que via.

Scarlet parecia uma rosa. Os fios avermelhados do cabelo pareciam pétalas esperando para desabrochar.
Imaginei como seriam aquelas madeixas soltas, se elas também teriam o perfume intenso de Scarlet ou se seriam notas doces como a das flores. O vestido era verde, como folhas e espinhos. Ao abaixar a cabeça para ver o próximo degrau, vi que também era no formato de rosa o acessório em seu cabelo, ainda pensando em como seria tirá-lo dali e ver todos aqueles fios emoldurando seu rosto e caindo por seu pescoço e
ombros.

Uma rosa era uma boa metáfora para Scarlet, por mais que ela não gostasse muito de recebê-las. Esse era mais um motivo para fazer tal comparação. A certeza de que ela se irritaria ao ouvir isso. Para se aproximar minimamente dela, todas aquelas provocações e implicâncias que vinham dela eram como as folhas e espinhos da flor. Mas havia o outro lado, o que eu estava conhecendo e gostando, as pétalas coloridas e o perfume. Estes faziam valer todos os espinhos e espetadas que havia levado, mesmo o balde de água e a queda na cachoeira, que agora já passados eram até engraçados.

Ela levantou o olhar e só então percebi que ela já estava no fim da escada. O educado seria estender a mão para ela, assim como Edward havia feito com Alice. Foi então o que fiz, ainda olhando diretamente em seus olhos; pensando no brilho refletido das velas que havia ali, observando as luzes que faziam parecer que até o cabelo dela era uma chama, brilhando em diversos tons de vermelho e laranja. Uma rosa vermelha e flamejante. Essa era Scarlet naquela noite.

Mesmo que eu fosse queimado ou espetado mais uma vez, era perto dela que eu queria permanecer aquela noite.

— Está bonita como uma rosa, Scarlet. Por favor, me diga que elogia-la com flores é tão inconveniente quando entregar-lhe um buquê.

— Depende da natureza desse elogio — ela passou o braço pelo meu, e seguimos até o lado de fora, pelo caminho que Edward e Alice haviam feito primeiro.

— Bem, esse foi só o primeiro do meu arsenal para a noite. Sabe, preciso retornar o quanto antes aos meus habituais elogios e comentários, bela dama — Lembrei do que ela me disse de manhã, sobre desejar que eu ficasse desde que com meus comentários, como esse, e meus atos nem um pouco convenientes. —  É quase como se minha permanência aqui dependesse disso.

— Então pretende ficar aqui?

Eu não sabia, achava que sim. Queria ir para casa, ver minha família e concluir os negócios que vim aqui para fazer. Mas também queria ficar e provocá-la, irritá-la e dizer coisas para vê-la sorrir. Queria fazer um elogio sincero e vê-la gargalhar.

— Alguém precisa te dizer coisas como "me sinto sortudo esta noite por acompanhar a rosa mais bela do jardim a tão agradável baile" — ela gargalhou.

Negócios com uma Dama Where stories live. Discover now