Andrew James
— Está bem — A senhorita Quinn soltou de repente. — Iremos a um dos meus locais favoritos na cidade.
— Ótimo.
Os minutos foram se passando e, a medida que caminhávamos, o comércio ia ficando para trás junto com o som de carruagens, passos e conversas.
Ainda assim, havia movimento onde estávamos. Um casal desembarcava de uma carruagem a poucos metros de nós; duas senhoras caminhavam juntas com suas sombrinhas; um pequeno grupo de rapazes andavam pela calçada; e, é claro, havia a senhorita Quinn e eu.
Durante o trajeto até a cidade, questionei-me se isso era uma ideia sensata. A mulher, afinal, havia me jogado água da janela. Ela não poderia estar feliz com a minha presença e sabe-se Deus por qual motivo.
A verdade era que, desde ontem, com o convite dela, eu pensei em recusar. Um resfriado era a melhor desculpa, considerando a recepção que tive. Porém, não era do meu feitio fugir assim. E sim, conhecer o território inimigo, com sorte, além de descobrir os motivos para ela ter me tratado assim, colocar em prática algo que aprendi quando estava em Eton. Na época, não era o melhor aluno em física e nem sequer gostava da matéria, entretanto, aprendi uma ou outra coisa com Newton, e uma delas é que para cada ação há uma reação.
— Senhor Downing, seja bem vindo ao Dunorlan Park* — A ruiva ao meu lado disse quando paramos na entrada de um parque.
— Deixe-me advinhar, é o Hyde Park* de Kent?
— Diga-me o senhor — Ela vira em minha direção. — Esse passeio parece com algum que já fez em Londres?
— Depende — Disparo em resposta. — O local do passeio ou a companhia? — Ela abriu e fechou a boca, semicerrou os olhos, respirou fundo e voltou a abrir a boca.
— O local. Porém não o impedirei de falar sobre a companhia.
— Não achei que impediria. Se me permite, a senhorita não é do tipo que se abala com a opinião alheia.
— Achei que fosse falar do passeio em si, senhor Downing.
— E a companhia não é parte do passeio? Essencial, eu diria — Ela respirou fundo mais uma vez. Scarlet Quinn não gostava de ser contrariada. — eu disse que falaria do local e da senhorita.
Ela não gostava de dar o braço a torcer também, não admitiria que eu estava certo. Porque, bem, realmente estava.
— Posso fazer uma pergunta, senhor Downing? Ou melhor, duas.
— Isso me parece um interrogatório eminente. Mas sim, pode. A não ser que seja algo contra minha moral, assim teria que chamar meu advogado. — Pauso a fala. — E talvez a senhorita também.
— Mas eu não fiz nada errado.
— Nem eu — Dou de ombros. — Mas é o que todos dizem. Até os culpados.
— E do que me acusaria?
— De roubar meu coração — Levei a mão ao coração, porém senti que ela havia ficado tensa ao meu lado, depois me lançou um olhar fulminante enquanto eu ria. — De atentado a vida, talvez. Por afogamento.
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