034. if i knew that loving u hurts

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É difícil pra caralho trabalhar em Hell's Kitchen e morar em Manhattan

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É difícil pra caralho trabalhar em Hell's Kitchen e morar em Manhattan. Quando penso em desistir do meu emprego, Saoirse não deixa, o que sempre se torna um alívio pois lembro que o final do mês já está chegando. É muito difícil manter essa casa enorme e sozinha, com o salário mínimo que ganho. É muito difícil só trabalhar e arrumar a casa. É muito difícil não ter ajuda. É muito difícil não ter o Timothée comigo.

Deus, eu pareço uma criança, 2 semanas, apenas. E eu ainda choro a noite.

— Oi, com licença — volto ao mundo real, quando escuto alguém me chamar do outro lado do balcão. — Boa tarde — a moça sorri.

— Boa tarde, gostaria de ajuda?

— Estou procurando a coleção do Harry Potter, é para meu filho — eu concordo indo até a estante de fantasia. — Ele sempre quis... Mas nunca tivemos muito dinheiro.

— A senhora gostaria de levar o box, ou os livros separadamente? — me viro pra ela.

— Não sei a diferença, querida — ela ri, adorável. — Pegue o que você pegaria.

— O box, ainda vem com um pôster — eu sorrio pegando e mostrando para ela. — Pode dar até inveja para os amiguinhos — rimos. Ando até o balcão ao lado dela.

— Ah, não. Ele já está adulto, mas está deprimido.

— Bom, isso certamente irá animá-lo — digo colocando o box em cima do balcão. — É uma boa saga.

— Creio que sim, na verdade, eu não sei ao certo como ele está, mas um amigo dele me ligou dizendo que só o que ele faz é beber — reviro os olhos. Sinto pena dela.

— Talvez um puxão de orelha ajudaria — ela ri.

— Acha que eu não vou tentar? — ela cruza os braços. — Espere só para ver.

— Bem, cartão ou dinheiro? — ela mostra seu cartão para mim e eu lhe entrego a maquinista. — Talvez ele precisa de uma namorada pra animar a vida.

— Se bem me lembro esse é o motivo do choro todo... Uma pena, eu adorava ela — olho para seus olhos verdes sorrindo, nunca conheci a mãe dele. Será que ela me adoraria?

— Bem, se for amor, eles irão se acertar, não acha? — entrego o sacola pra ela. Ela parece pensar um pouco em minhas palavras.

— Certertamente, querida — ela sorri. — Bom, deixe-me ir, tenha um ótimo final de tarde, Melanie — ela dai da livraria e eu olho para minha roupa sem o uniforme do trabalho, sem meu crachá. Suspiro e me sento na minha cadeira analisando a parede.

Como ele pode dizer que me ama e termina comigo? Peyton diz que tudo vai bem quando termina bem, mas estou em um novo inferno cada vez. Minha mente se está em outro lugar novamente e o tempo nunca passa, droga, eu odeio ele.

Me despeço do senhor Alberto e caminho até meu carro desanimada, ultimamente tudo que eu faço é assim, acendo um cigarro e dirigo para casa. Olho para a Praça aonde corremos na chuva, e eu sorrio ao lembrar disso. Paro meu carro no sinal vermelho em frente ao supermercado e o vejo ali. Ele está aqui, depois de duas semanas, estamos tão perto, não tão assim, ele está na calçada sentado em um banco com uma garrafa de wishy na mão, realmente acabado. Sinto uma lágrima escorrendo, é uma merda vê-lo assim, queria ajudar. Eu devo ajudar? Escuto buzinas atrás de mim e volto a minha realidade, olho novamente para Timothée que está deitado no banco como mendigo. Reviro os olhos e respiro fundo, estaciono o carro na frente do banco.

— Entra na porra do meu carro — falo tirando meu cinto saindo do automóvel, ele me olha e começa a chorar, Deus amado que merda é essa?

Eu sinto muito, Mel — eu seguro seu braço com uma careta, ele fede a álcool. Coloco Timothée no banco de trás do meu carro deitado. — Eu te amo, eu te amo, eu te amo.

Suspiro pesado, não o respondo, dirijo até sua casa. Ele sussurra isso, diversas vezes no caminho.

— Vai, toma um banho e tenta dormir — olho pra trás, mas ele já está dormindo. — Só pode estar brincando comigo!

Saio do carro irritada, e abro a porta de casa, que não estava trancada. O carrego com dificuldade até o sofá.

— Se eu soubesse que doía tanto te amar, eu nunca teria permitido que você entrasse na minha vida — ele diz embaçado e eu olho pra ele triste. Sinto faltar ar em meus pulmões. — Agora só o que eu faço é sofrer por você, a minha vida é você, Melanie Crawford.

— Babaca — passo a mão em seus cachos, como estava com saudades disso. Pego a garrafa de sua mão e vou até a cozinha, faço um strogonoff rápido e deixo um refrigerante na geladeira para ele. Saio da cozinha e escuto o chuveiro sendo ligado, olho para a casa acabada e suja. Ando até aonde era meu quarto e está vazio. Fecho a porta e saio da casa apressada. Entro no carro ainda atordoada com o que aconteceu e pego meu celular.

Eu: Saoirse, verifique que o Timothée está bem, não era para ele estar no trabalho?

Sasa: ele foi demitido a três dias atrás, depois te conto o que aconteceu. é a primeira vez que você fala dele, uau, tudo bem?

Desligo o celular e o coloco no banco passageiro, coço a cabeça e dirigo até a minha casa.

Assim que termino o banho, de toalha ainda, analiso a blusa que do Timothée que está no meu guarda roupa, a mesma que eu usei no primeiro dia que eu dormi lá, eu dormi com ela. Coloco a blusa preta com mais uma calça e desfaço meu coque.

As vezes eu acho que coração não está quebrando, porque eu não estou sentindo nada mesmo e Timothée é selvagem e louco, isso é tão frustrante. Intoxicante, complicado.
Fugi de um erro.

É o que eu acho, até me olhar chorando no espelho... Porra. O celular não para de tocar.

— Mas que merda? — vou até minha cama aonde ele está com uma certa raiva. Quem me liga tão desperadamente as 10 horas da noite?

Timothée♡

É o que diz, é ele. Eu adendo? Devia atender. Não, ele realmente me deu um pé na bunda. Deve estar querendo voltar. Mas eu não sou como um cachorro. E se ele estiver precisando de ajuda?

Me deito na cama frustrada, sentindo finalmente meu coração se apertar de tanta dor emocional. O celular toca, toca sem parar, sinto ele tocar em minha alma com todas as palavras cruéis dele "Se eu soubesse que doía tanto te amar, eu nunca teria permitido que você entrasse na minha vida"

— O que você quer de mim? Eu te dei tudo, tudo! — grito olhando para de celular, na esperança de ser respondida. Minha ilusão, é um telefone tocando. Sinto que a cada batida do meu celular é uma facada em meu peito.

E ele me liga de novo, como se fosse pra me quebrar como uma promessa, tão casualmente cruel em nome de ser honesto. Eu sou um pedaço de papel amassado e jogado aqui.

Aos prantos, eu me lembrarei de tudo isso muito bem.

one more night, 𝘁𝗶𝗺𝗼𝘁𝗵𝗲𝗲 𝗰𝗵𝗮𝗹𝗮𝗺𝗲𝘁Where stories live. Discover now