PRÓLOGO

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Dois anos antes

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Dois anos antes...

São Paulo. SP

— Você vai embora de novo? — Gabriel perguntou em um tom meio alto, fazendo com que algumas pessoas dentro do restaurante virassem as cabeças em sua direção. Mas não dava a mínima para isso, Luísa sustentou o olhar dele, mais calma que achou que ficaria. — Por quê?

Era estranho, nunca, desde que conheceu Gabriel Garcia, ela conseguiu ficar calma diante daqueles olhos castanhos claros com tons esverdeados. Gabriel era lindo, sempre fora e nunca seria dela. Agora, ela também tinha compreendido isso.

— Porque eu preciso encontrar o meu lugar, preciso me encontrar — respondeu com um suspiro. Precisa ser sincera. Por ele, por si mesma. — Estou perdida, Gabriel. Descobri que não te amava como pensei que amava, que não era um sentimento tão profundo como eu tinha imaginado.

E como isso a tinha assustado! Lembrou-se da noite da sua exposição, quando Gabriel foi acompanhado com a dona da Vênus. Uma mulher linda, de pele escura, longos dreads e olhos atentos; e não sentiu o ciúmes que esperava sentir. Não sentiu nada. Mas ela demorou para ser dar conta disso, foi logo depois que percebeu que Gabriel estava apaixonado por Beatriz Guimarães.

Mesmo que ele ainda não tenha se dado conta disso.

— E isso não é bom?

— Não. — Deu um sorriso triste. — Eu só tive certeza de duas coisas durante a minha vida: a primeira, era que eu amava pintar, que precisava das minhas telas brancas, das minhas tintas; é a forma que encontro para poder pensar, refletir. A segunda, era que eu te amava mais do que qualquer coisa. Meus quadros mais famosos, eu fiz pensando em você. O que é irônico de pensar.

— Como assim?

— O quadro que Beatriz Guimarães comprou, você lembra dele?

O quadro que fez pensando nele; o pôr do sol com as cores de uma promessa que ela sempre sonhou sair dos lábios dele. Uma promessa, um desejo de que iriam ficar juntos.

— A promessa — sussurrou ele, olhando-a espantado por ter demorado tanto tempo para reconhecer o verdadeiro significado da pintura. — Você ainda lembra.

Ela quase riu. Como poderia esquecer?

— Claro que eu lembro. — Revirou os olhos. — Naquele campo, sob o pôr do sol, você me rejeitou pela primeira vez. Coisas assim não são fáceis de esquecer.

Gabriel franziu o cenho, e o conhecia o bastante para saber que aquele era um assunto delicado para ele também. Gabriel não a amava como ela o amava; mas sem dúvida, se importava com ela, a considerava como uma irmã e por isso mesmo, saber que nunca poderia amá-la como merecia ser amada, que a estava magoando, o machucava também.

E era por isso que precisava se afastar. Por ele e por si mesma.

— Eu fiquei assustado, nunca te vi dessa maneira, não sabia como agir, não queria te magoar. Então, eu fiz a promessa de que... — Ele lutava com as palavras, com o passado.

Aquarela de Sabores (Série Bodini) | DEGUSTAÇÃO Donde viven las historias. Descúbrelo ahora