Em Busca de um lar - (Livro um)

Capítulo 18 - Eu quero saber?

- Está conseguindo entender, Senhorita?

Helena estava confusa com a explicação da governanta sobre administração e estratégia militar. Além de ser um conteúdo novo e adiantado para sua idade (já que ela tem uma inteligência acima da média infantil), Alice estava explicando de forma confusa hoje. Ela explicava tudo muito rápido, e a sua expressão séria e calma durante as aulas parecia...diferente. Era bem sutil, mas quem conhecia bem a mulher saberia dizer que ela parecia estar ansiosa.

- Ah, poderia repetir de novo? É que você está falando muito rápido... - a garotinha deu um sorriso sem graça, enquanto Alice arregalou levemente seus olhos.

- Oh...perdão, senhorita. Estava distraída, preciso me concentrar mais. - curvando sua cabeça levemente em sinal de pedido de desculpas, a governanta afastou seus pensamentos inconvenientes; a garota balançou as mãos, tentando dizer que não era necessária a preocupação.

- Não precisa se desculpar, Alice! Isso acontece comigo toda hora quando fico preocupada...

Helena pensou em perguntar qual seria o problema, mas sabia que Alice só mudaria o tópico e fingiria que estava tudo bem. Era estranho pensar em Alice estressada: alguém tão forte e competente como ela tendo problemas parecia uma ideia surreal.

- Fico feliz que a senhorita compreenda. Bem...uhum - ela limpou a garganta e voltou ao tópico da aula no livro, mas antes de retomar a explicação, encarou a menina por alguns segundos e abriu a boca:

- Jovem senhorita...

- Sim Alice? - Helena sorriu abertamente, sorriso esse que derreteria qualquer um, e arrancou um leve sorriso da mulher.

- Eu vi que conversou com o Conselheiro Ramon mais cedo.

- Ah, o velho de cabelo azul! - Alice fez uma leve careta de repreensão, e Helena cobriu sua boca, levemente assustada e envergonhada - Ops... desculpe por ter falado assim.

-Tudo bem, falamos sobre isso mais tarde. Enfim, eu gostaria de saber: o que a senhorita acha do senhor Ramon?

- Oh... parecia legal, eu acho. - porquê a pergunta repentina? Alice nunca perguntava o que Helena achava das outras pessoas: a mulher sabia apenas pela linguagem corporal e olhar dela, e amenina sabia disso. Então, para quê se dar ao trabalho de perguntar? - ele me emprestou esse livro, vou ler quando ficar sem fazer nada.

Ela empurrou o livro pesado pela mesa para que Alice pudesse ver, e por um momento, a criança pensou ter visto os olhos dela brilharem. A governanta encarou o título por alguns segundos.

- Um livro muito bom, já li uma vez. Acredito que a senhorita irá gostar. - Helena deu um meio sorriso, incomodada com as coisas que os adultos queriam dizer a ela, mas não falavam em voz alta o que era. O que ela não estava entendendo?

- Obrigada Alice. Então... - apontou para um parágrafo do livro de estudos - podia me explicar de novo como eu calculo o preço de um exército durante um cerco?

- Bem, dependendo da situação, é preciso... - agora concentrada na sua aula, Alice explicou melhor e fez Helena entender o tópico e se distrair do seu incômodo um pouco.

Depois, levou Helena para seu quarto e lhe ajudou a tomar banho e se trocar. Ainda não era hora de dormir, mas a menina disse que queria descansar em seu quarto e pediu para Alice relaxar um pouco até a noite chegar.

- Tem certeza de que vai ficar bem, senhorita?

- Sim Alice, é só trancar a porta para ninguém entrar. Eu leio o livro que peguei do senhor Ramon enquanto você não volta!