Prólogo

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A terra cegava, como um manto seco ao redor do garotinho perdido. No caos ele perdeu-se dos pais, que foram levados por uma multidão de refugiados. Com apenas oito anos, ele só conseguia chorar e secar as lágrimas com a mão que há minutos segurava a de seu pai. Lembrar do aperto seguro e protetor da figura paterna e como fora puxado dele, apenas aumentou a intensidade do choro.

Ouvia-se o barulho dos tanques, das metralhadoras, das bombas que destruíam construções. Pessoas corriam desgovernadamente e sem rumo, esbarrando na criança sem nem mesmo enxergá-la ali, quem dirá ajudá-la. Ele então, mesmo com os olhos ardendo e nariz congestionado de tanto chorar, aderiu ao ritmo frenético e correu. Correu com as mãos balançando à frente para espantar a poeira, e deixou que os pés dessem o máximo com as sandálias desgastadas.

— Por que vocês foram brigar? Por quê? — choramingou o garotinho, com a imagem da declaração mundial de guerra invadindo-lhe a mente.

— Porque não puderam controlar o que sentem. Porque deixaram o ódio gratuito falar — respondeu uma mulher, parando-o ao segurar-lhe os ombros. Ele ergueu o olhar, mas não conseguiu ver nada além de dreads brancos escapando do capuz preto. — Venha comigo, vou te ajudar a construir um novo mundo.

A era de NeonWhere stories live. Discover now