11|Não tenho certeza...

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Tᴀɪɴᴀ́ Bɪᴀɴᴄʜɪ

Que reação péssima, Tainá!
Eu deveria ter ido até eles, e não deveria ter agido dessa maneira.
Tá, certo, talvez, só talvez eu tenha me sentido incomodada porquê iríamos tomar café juntos e ele aparentemente esqueceu, não sei.

Só não deveria ter fingido não escutar ele me chamando.

Me sento na cadeira giratória e começo a mexer no notebook, mas não consigo entender o porquê do meu incomodo ao vê-lo com aquela mulher.

Não faz o menor sentido.

{...}

Se passou quase duas horas desde o ocorrido, Nicolas ainda não veio no escritório, está em algum tipo de reunião e eu acabei de sair da sala das estilistas, estava em reunião com elas também.

Em partes, agradeço por não ter me batido com ele pelos corredores, isso é vergonhoso de mais. E mesmo tendo passado algumas horas, eu ainda penso no ocorrido de mais cedo, e me condeno por ter agido daquela forma.

Suspiro passando a mão nas têmporas, quando de repente me vêm a mente ligar para Clarabella.

Pego meu celular e procuro seu número na lista de contatos, mas acabo sendo interrompida assim que sinto o cheiro amadeirado do perfume forte adentrar em minhas narinas e dos passos largos de Nicolas ecoarem no escritório.

Ele adentra na sala, mas não o olho, apenas o ignoro, como não estivesse visto sua chegada.

— Como foi a reunião?

— Hum... é... Bastante produtiva.
— Digo sem olhar diretamente para ele.

— Na cantina eu te chamei a algumas horas atrás para te apresentar uma amiga, mas você parece não ter escutado. Eu não pude vim falar com você, só consegui ter tempo agora, me desculpe — Ele se senta na cadeira giratória, do outro lado da sala.

— Tudo bem, eu... hum.... eu não escutei, desculpe-me!

— Tudo bem, eu te apresento a ela quando houver oportunidade— Ele diz, abrindo o notebook.

— Está bem...

Sou salva pelo gongo quando meu celular vibra na minha mão, um número desconhecido. Me levanto, dizendo a Nicolas que precisava me retirar por um momento e atendo a ligação.

" Olá, boa noite, quem gostaria? "
— Ponho a mão livre no bolso da calça social.

" Tainá? Aqui é Gus, do hotel."

" Gustavo! Este é seu número? Irei salvá-lo em minha agenda. "
— Agradeço mentalmente pela ligação, pelo menos pude sair da sala.

" Sim, este é meu número. Tudo bem? "

" Tudo sim e com você? Oque devo a ligação? " — Pergunto, me escorando na parede.

"Estou bem... é... você está livre hoje a noite?"

Arqueio a sombrancelha.

" Não tenho certeza... "

" É que... eu gostaria de saber se quer dar uma volta comigo. Eu pensei em te apresentar um pouco mais das ruas de São Paulo, acredito eu que ainda não teve a oportunidade de conhecer os pontos turísticos ainda. "

" Eu agradeço muito ao convite mas eu estou muito cansada, o dia foi muito agitado. Me desculpe..." — Me sinto péssima por fazer isso com ele, mas já são quase oito horas da noite, quando chegarmos provavelmente vai estar tarde e eu durmo às nove, não posso mudar minha rotina bruscamente.

" Tudo bem, eu entendo."

" Boa noite, Gus"
Desligo a ligação, passo as mãos na cabeça e suspiro, como se eu me condenasse mentalmente.

Logo depois, eu recebo uma outra ligação, dessa vez, de minha tia Clarabella.

" Oi, tia. "

" Tainá? Oque ouve? Que voz é essa?

" Não é nada. "
Passo pela porta que dá direto nas escadas de emergência e me sento em um dos degraus.

" Quem nada é peixe, oque aconteceu? "

"  Nada de mais, eu apenas acabei de recusar um convite do Gustavo para sair. " — Digo.

" Quê? Porquê? "

" Já está tarde, tem minha rotina e tenho coisas a fazer amanhã, não posso me distrair... afinal, estou aqui para trabalhar e estudar, não para me relacionar "
— Digo o óbvio.

" E porquê não saem como amigos? E ter ido para trabalhar não significa que não possa se divertir de vez em quando. Não se torture dessa maneira, Tainá! Ligue novamente para o rapaz e saia com ele. "

" Ele deve estar com ódio de mim a esse ponto. "

" Não custa nada tentar, não é mesmo? "

— Você irá se distrair de novo.
— Diz meu subconsciente, me repreendendo.

Mas...

— Você quer fracassar novamente? É isso que você quer? — Meu eu interior pergunta, e eu suspiro fundo lutando com a minha própria mente. Isso é tão patético.

" Não. Eu tenho sonhos a serem realizados e não pessoas a impressionar. Certamente ele esquecerá isso. "

" Tá, ok, meu conselho eu já dei. "

" Eu tenho que ir, boa noite tia. "
— Me levanto.

" Boa noite, Tainá. "

Volto para o escritório em passos lentos, Nicolas já não está mais e suas coisas também não estão na mesa.

Ele já foi para casa.
E falando em casa, eu não aguento mais morar num quarto de hotel, preciso achar uma casa ou apartamento o mais rápido possível.

Recolho minhas coisas e caminho até a saída do edifício.

Decido ir andando, o hotel não é muito longe daqui, uma caminhada de uns vinte minutos no máximo.

Durante o caminho, planejo mentalmente minha rotina para o dia de amanhã, para que nada dê errado ou saia do meu controle, eu sempre faço uma nota mental do que fazer.

O brilho do portão do hotel já dava para ser avistado, indicando que eu estava perto.
Mas paro de caminhar quando minha atenção é levada a vitrine de uma padaria que possuí diversos bolos, doces, tortas, rosquinhas.

— Devo experimentar?  — pergunto para mim mesma, me aproximando da vitrine. Uma torta de cereja cheia de calda e geleia me chama a atenção e me faz suspirar só de imaginar o gosto delicioso que essa torta deve ter. Eu não sei o sabor ao certo, mas é evidente que ele está saboroso. As cerejas que estão em cima da torta estão com uma aparência tão apetitosa... Mas
— Não, isso não está incluso na minha dieta. — Maneio a cabeça afastando esses pensamentos, não devo cair na tentação.

Volto a caminhar em direção ao hotel, e aceno para Sr. Adolf, o porteiro.

— Tenha uma boa noite, senhorita!

— Desejo o mesmo para você, Sr. Adolf! — Sorri para ele.

•••••

( Imagem meramente ilustrativa da torta de cereja na multimídia ) 🍒

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⏰ Última atualização: Mar 12, 2022 ⏰

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